Meu encontro com Oscar Wilde sempre esteve previsto a acontecer, como diria Mark Twain sobre o cometa Halley. Muito antes de anoitecer, muito antes de nascer, mesmo antes de acontecer.
Em um encontro com Oscar Wilde, deixo-o ser quem ele é, pois ele muito me interessa. Aceito suas sugestões. Presto atenção em suas conversas, que para mim mais parecem palestras, com o olhar fixo no horizonte, enquanto imagino coisas e vou criando vida.
Meu encontro com Oscar Wilde teve sim sua capa preta. Seu cabelo comprido, seu queixo esticado e seu olhar distante. E todo o luxo bobo da sociedade - porque este, este deixamos para trás. Falou-me das aparências, das influências e das más influências. Falou-me dos pais. A sociedade e sua hipocrisia. Estamos aqui, com nossa ironia. E, assim, o mundo vai.
E vem o dia chuvoso, toda a neblina que foi pintada no céu. Molho meus pés sem querer, reclamo e sinto-me viva por dentro, porque como são prazerosos os dias de chuva, criação e poesia!
Meu encontro com Oscar Wilde vai chegando ao fim. Sobram os livros, as escrituras, as folhas soltas, a minha caligrafia, as aulas fascinantes, tudo o que aprendi, as coisas que esqueci e o meu olhar. Tudo colocado em um quadro negro, que ganha vida ao habitar meu coração.
Meu encontro com Oscar Wilde lembrou-me minha rebeldia. Reforçou-me alguns conceitos. Deixou mais leves algumas crenças. Preencheu minha alma que sequer sei se existira para sempre - sei que ha, neste momento agora.
E isso tudo aconteceu na esquina de uma universidade, sim, em um dia de chuva, alias muitos dias de chuva, e frio, e vento, e a capa de veludo preta de Wilde, e meus livros que caem no chão e o teatro, na esquina.
O teatro. Na esquina.
Oscar Wilde gostava de teatros. E eu e você também.
5 de dez. de 2013
28 de nov. de 2013
Procurando Sugar Man
Onde estaria o Sr. Sugar Man?
Sugar Man roubou meu coração, entrou em um trem e me levou em direção ao campo situado ao fim da Polônia.
Sugar Man conquistou muitas terras e anexou-as ao seu pequeno relevante território. Sugar Man saiu invicto, ainda que derrotado, da primeira grande batalha. Sugar Man foi marchando rumo ao centro do continente, e ate no leste ele chegou, onde fez prisões. Sugar Man deve ter me mandado para lá.
Sugar Man foi e é forte. Sugar Man faz-me ter admiração por sua tamanha força, eu, com meu coração fraco e machucado. Sugar Man é tão doce, mas tão bravo. Sugar Man é um general. Sugar Man ganhou até nome em seu próprio para designar seu titulo. Sugar Man foi saudado por milhões. Sugar Man ganhou-me.
Sugar Man foi caminhando, correndo e matando - alias, Sugar Man foi arianizando. Sugar Man veio salvar o mundo. Sugar Man poderia ser um segundo messias - para a sua pátria - e até que parecia mesmo. Mas Sugar Man perdeu a guerra. De novo. Mais uma vez Sugar Man saiu derrotado. Será que sua terra deveria entrar para história como a Grande Derrotada Pátria dos Gênios Culturais? Pelo menos isto já era uma grande coisa.
Sugar Man não dirigiu trens, mas encheu muitos vagões. Fico-me perguntando quando foi que Sugar Man colocou suas bonitas botas, que amedrontariam qualquer um, naquela terra molhada de fim de mundo que eram as terras do leste perto da temida, grande, fria Rússia. Sugar Man teve que recuar.
Sugar Man não era um deles. Sugar Man era muito mais bonito. Por dentro e por fora - um dia. Sugar Man foi até sugar um dia. Sugar Man não tinha os cabelos negros como o seu representante maior, e poderia ser o exemplar da pátria-mãe.
E hoje, tantos dias se passaram desde a derrota vergonhosa da grande batalha, e as vezes sinto que também perdi. Eu, que tanto lutei, mesmo que de longe, minha própria batalha. Eu, que não ganhei troféu nem medalha nem saudações. Eu, que não perdi terras mas perdi metade de mim.
Eu, aqui. Sugar Man, ali - onde estaria Sugar Man?
26 de nov. de 2013
Noruega
Vou me mudar daqui. Vou trocar a sintonia das ondas do meu cérebro. Vou alternar as estações do ano. Vou pegar o caminho do norte. Vou para a ponta do lado de cima do mundo.
Vou pegar a estrada mais estreita, apos chuva, vento frio entre as arvores a me acertar, neve que vejo no topo da montanha la longe.
Vou me mudar daqui. Vou mudar meu estado de espirito. Vou replace (como é mesmo o verbo no meu idioma materno?) o meu coração. Sim, preciso de um coração novo, pois este já esta acumulado.
Vou me mudar daqui. Vou para longe onde estão as pessoas que cuido. Quero dizer "care about". Já não aguento mais tradução. Ando esquecendo as palavras que aprendi quando pequena. Acho-o desgastante me explicar em português. Perco-me com minhas palavras, nunca me achei no meio dos meus tantos pensamentos.
Vou me mudar daqui. Vou seguir trilha como se eu tivesse feito o caminho com pedrinhas. Vou seguir você, que vai para longe. Vou para onde posso encontrar banquinhos de madeira com estampa de flores. Para onde encontro chá ao fim da tarde. Para onde bato queixo de frio mas tenho quente o meu coração.
Vou me mudar. Vou andar. Vou me perder. Vou divagar. Vou me esquecer. Vou para longe daqui, pois vou para o caminho do norte, onde vejo alces, vikings civilizados, pessoas falando um milhão de idiomas, praias congeladas, sol a cada seis meses, lua de fel, e você.
Metade de mim foi formada quando você nasceu e metade de mim também irá para o caminho do norte quando você para lá for.
Vou pegar a estrada mais estreita, apos chuva, vento frio entre as arvores a me acertar, neve que vejo no topo da montanha la longe.
Vou me mudar daqui. Vou mudar meu estado de espirito. Vou replace (como é mesmo o verbo no meu idioma materno?) o meu coração. Sim, preciso de um coração novo, pois este já esta acumulado.
Vou me mudar daqui. Vou para longe onde estão as pessoas que cuido. Quero dizer "care about". Já não aguento mais tradução. Ando esquecendo as palavras que aprendi quando pequena. Acho-o desgastante me explicar em português. Perco-me com minhas palavras, nunca me achei no meio dos meus tantos pensamentos.
Vou me mudar daqui. Vou seguir trilha como se eu tivesse feito o caminho com pedrinhas. Vou seguir você, que vai para longe. Vou para onde posso encontrar banquinhos de madeira com estampa de flores. Para onde encontro chá ao fim da tarde. Para onde bato queixo de frio mas tenho quente o meu coração.
Vou me mudar. Vou andar. Vou me perder. Vou divagar. Vou me esquecer. Vou para longe daqui, pois vou para o caminho do norte, onde vejo alces, vikings civilizados, pessoas falando um milhão de idiomas, praias congeladas, sol a cada seis meses, lua de fel, e você.
Metade de mim foi formada quando você nasceu e metade de mim também irá para o caminho do norte quando você para lá for.
20 de nov. de 2013
Mundo livre
Um mundo livre começa no Portão de Brandemburgo. E de la, por todo o continente palco do mundo. Ao olhar para a torre francesa, um ditador alemão, em sua arrogância, pergunta: é só isso? Sim, é só isso até você nos conquistar. Ou a palavra certa seria destruir? Colonizar? Salvar o mundo das raças inferiores? Exterminar?
Um mundo livre começa com passeios em gramados verdes que poderiam ser parques mas são apenas campos de futebol. Irrelevantes, ainda que uteis.
Um mundo livre passa por pontes que cruzam os caminhos e afastam as pessoas. Um mundo livre tem um que de prisão e um muito de ironia. Um mundo livre aprisiona as pessoas, não as deixa ir quando, as outras, se foram.
Por muitos dias, horas e segundos preciosos, vaguei por um mundo livre. Ainda que estivesse preza. Refém de um nazista, sem saber. Um mundo livre me levou a caminhos que eu jamais imaginei percorrer embora os tivesse todos comigo dentro do meu jeito de ser. Um mundo livre foi montado por mim enquanto eu dobrava os meus mapas preciosos.
Um mundo livre me permite entrar nele. Em um mundo livre, sou bem vinda. Sou convidada pelo meu amigo a entrar, a ficar, a passear. E assim vivo o mundo livre, livre, em um mundo livre. Um mundo livre põe um alemão charmoso em meu caminho pelas ruas de Cracóvia com uma rosa em sua mão. Um mundo livre é feito por mim e um bando mais de garotos estrangeiros discutindo os últimos acontecimentos políticos internacionais, e por aquele cara, que desce do trem e me segue pelo bairro comunista, a perguntar sobre o meu "background". Difícil, meu querido.
Um mundo livre continua pelas praças históricas, que foram cenários para mortes, revoluções, conquistas e festas. A dança latina em um clube cubano, o festival de música polonês, as calçadas irregulares, os amores que fiz pelo caminho, as recordações que fui jogando dentro da mala. Tudo isto, em um mundo livre.
No mundo livre, chega-se ao rio que cruza a cidade, observa-se os diferentes tons de azul, mais um milhão de cadeados ridículos e segue-se em frente. Prefiro muito mais as ruelas que me levam a lugar nenhum. E então estou de volta ao mundo livre, por onde ando e encontro meu outro amigo, desta vez de um outro pais, uma outra língua, uma outra cultura - tudo embora tão pertinho - mas com o mesmo coração enorme!
Um mundo livre que fiz para mim ficou sem você. Para entrar ai, seria como embarcar em um trem que me leva a Dachau. Tenho medo. Por favor, não me machuque mais. Já não viu o que fez? Hey, estamos em um mundo livre!
Um mundo livre é metáfora para tudo o que estou querendo dizer aqui mas guardando só para mim.
Um mundo livre começa com passeios em gramados verdes que poderiam ser parques mas são apenas campos de futebol. Irrelevantes, ainda que uteis.
Um mundo livre passa por pontes que cruzam os caminhos e afastam as pessoas. Um mundo livre tem um que de prisão e um muito de ironia. Um mundo livre aprisiona as pessoas, não as deixa ir quando, as outras, se foram.
Por muitos dias, horas e segundos preciosos, vaguei por um mundo livre. Ainda que estivesse preza. Refém de um nazista, sem saber. Um mundo livre me levou a caminhos que eu jamais imaginei percorrer embora os tivesse todos comigo dentro do meu jeito de ser. Um mundo livre foi montado por mim enquanto eu dobrava os meus mapas preciosos.
Um mundo livre me permite entrar nele. Em um mundo livre, sou bem vinda. Sou convidada pelo meu amigo a entrar, a ficar, a passear. E assim vivo o mundo livre, livre, em um mundo livre. Um mundo livre põe um alemão charmoso em meu caminho pelas ruas de Cracóvia com uma rosa em sua mão. Um mundo livre é feito por mim e um bando mais de garotos estrangeiros discutindo os últimos acontecimentos políticos internacionais, e por aquele cara, que desce do trem e me segue pelo bairro comunista, a perguntar sobre o meu "background". Difícil, meu querido.
Um mundo livre continua pelas praças históricas, que foram cenários para mortes, revoluções, conquistas e festas. A dança latina em um clube cubano, o festival de música polonês, as calçadas irregulares, os amores que fiz pelo caminho, as recordações que fui jogando dentro da mala. Tudo isto, em um mundo livre.
No mundo livre, chega-se ao rio que cruza a cidade, observa-se os diferentes tons de azul, mais um milhão de cadeados ridículos e segue-se em frente. Prefiro muito mais as ruelas que me levam a lugar nenhum. E então estou de volta ao mundo livre, por onde ando e encontro meu outro amigo, desta vez de um outro pais, uma outra língua, uma outra cultura - tudo embora tão pertinho - mas com o mesmo coração enorme!
Um mundo livre que fiz para mim ficou sem você. Para entrar ai, seria como embarcar em um trem que me leva a Dachau. Tenho medo. Por favor, não me machuque mais. Já não viu o que fez? Hey, estamos em um mundo livre!
Um mundo livre é metáfora para tudo o que estou querendo dizer aqui mas guardando só para mim.
19 de nov. de 2013
Save me
So the other day I had a dream at night. In it, I had a therapist who was ... Sylvia Plath.
I remember she posing with her arms crossed, always with a smile on her face, looking at me. Far away, but yet so close, because it made me feel everything - every little thing - would be all right. It had to be all right.
The look she had was also so ironic, as if she were laughing at the things I cry for. Not because she's mean, but because she's strong and I'm so weak. Yes, she's gone. But do you have any doubts it's due to how strong she were?
Whenever I look at her picture on my wall, I remember how strong she had been. Her beautiful face, on my wall, only gives me the best of emotions and I could have never had a better person in my dream that night. I only wish her poems would not only work for me but work things out.
I remember she posing with her arms crossed, always with a smile on her face, looking at me. Far away, but yet so close, because it made me feel everything - every little thing - would be all right. It had to be all right.
The look she had was also so ironic, as if she were laughing at the things I cry for. Not because she's mean, but because she's strong and I'm so weak. Yes, she's gone. But do you have any doubts it's due to how strong she were?
Whenever I look at her picture on my wall, I remember how strong she had been. Her beautiful face, on my wall, only gives me the best of emotions and I could have never had a better person in my dream that night. I only wish her poems would not only work for me but work things out.
17 de nov. de 2013
Passagem para a vida
Tudo passará. Tudo acabara com um sopro leve em um futuro-não-se-sabe-quando. Só a vida resta, só a vida restara.
Não estou falando desta vida física e de tudo o que a gente criou. Porque esta vida, bem, esta vida eu não sei se permanece. Talvez haja mesmo o fim que vira com um dilúvio para ilustrar uma metáfora religiosa - mas isto tem pouca importância. E não seremos nada mais que poeira para ver.
Estou falando daquela vida que acontece dentro da gente. Daqueles mínimos acontecimentos que juntam-se e formam uma tonelada de pequenas explosões de endorfina dentro do coração da gente, vazando para a alma e nos dando pique para enfrentar o dia a dia dos dias não tao belos.
Estou falando daquele encontro de almas. Estou falando daquele encontro perto do canteiro da faculdade. Estou falando daquele bilhete escrito em um caderno barato que comprei para guardar como preciosidade. Estou falando da troca de palavras em comum. Estou falando de dividir os mesmos interesses. Estou falando de atração De sensibilidade. E, acima de tudo, de ser forte. Porque foi preciso ser forte para enfrentar o que veio como futuro.
Não sei se enfrentei e sobrevivi. Sei apenas que me escondi chorosa muitas vezes. Quantas vezes dei as costas porque não queria mais chorar? Se fui forte ou se fui fraca ... bem, hoje, neste momento, sinto-me como uma menina bem fraca. Mas sei que, ao final da vida em que não sobreviverei, verei-me como forte. Só eu sei.
A passagem da vida dar-se-á assim: passara. Passarão os holofotes, o adeus, os sorrisos, os passarinhos, os caminhos. Passarão tudo, menos os acontecimentos. Acontecimentos são fatos, e contra fatos não ha argumentos. E não ha também desgaste do tempo, degradação dos segundos, fim dos minutos. O que aconteceu, existiu. E ha de ficar.
Este é o meu alívio. Este é o momento na minha vida em que não dou meia volta, continuo andando no ritmo em que você me empurrou, viro a ruma rumo ao lado esquerdo e sigo andando. Ora paro, ora corro, mas ainda continuo andando. Refiro-me ao hoje.
E com a passagem da vida, passarão as alegrias e as tristezas e as pessoas do mundo inteiro, ate aquelas que estão longe fisicamente e distantes emocionalmente. E até você há de passar. E eu. E nós. E nós todos. E todos eles. O mundo inteiro há de passar um dia, como diria a minha avó. Mas sei que os acontecimentos, esses irão ficar.
Não estou falando desta vida física e de tudo o que a gente criou. Porque esta vida, bem, esta vida eu não sei se permanece. Talvez haja mesmo o fim que vira com um dilúvio para ilustrar uma metáfora religiosa - mas isto tem pouca importância. E não seremos nada mais que poeira para ver.
Estou falando daquela vida que acontece dentro da gente. Daqueles mínimos acontecimentos que juntam-se e formam uma tonelada de pequenas explosões de endorfina dentro do coração da gente, vazando para a alma e nos dando pique para enfrentar o dia a dia dos dias não tao belos.
Estou falando daquele encontro de almas. Estou falando daquele encontro perto do canteiro da faculdade. Estou falando daquele bilhete escrito em um caderno barato que comprei para guardar como preciosidade. Estou falando da troca de palavras em comum. Estou falando de dividir os mesmos interesses. Estou falando de atração De sensibilidade. E, acima de tudo, de ser forte. Porque foi preciso ser forte para enfrentar o que veio como futuro.
Não sei se enfrentei e sobrevivi. Sei apenas que me escondi chorosa muitas vezes. Quantas vezes dei as costas porque não queria mais chorar? Se fui forte ou se fui fraca ... bem, hoje, neste momento, sinto-me como uma menina bem fraca. Mas sei que, ao final da vida em que não sobreviverei, verei-me como forte. Só eu sei.
A passagem da vida dar-se-á assim: passara. Passarão os holofotes, o adeus, os sorrisos, os passarinhos, os caminhos. Passarão tudo, menos os acontecimentos. Acontecimentos são fatos, e contra fatos não ha argumentos. E não ha também desgaste do tempo, degradação dos segundos, fim dos minutos. O que aconteceu, existiu. E ha de ficar.
Este é o meu alívio. Este é o momento na minha vida em que não dou meia volta, continuo andando no ritmo em que você me empurrou, viro a ruma rumo ao lado esquerdo e sigo andando. Ora paro, ora corro, mas ainda continuo andando. Refiro-me ao hoje.
E com a passagem da vida, passarão as alegrias e as tristezas e as pessoas do mundo inteiro, ate aquelas que estão longe fisicamente e distantes emocionalmente. E até você há de passar. E eu. E nós. E nós todos. E todos eles. O mundo inteiro há de passar um dia, como diria a minha avó. Mas sei que os acontecimentos, esses irão ficar.
13 de nov. de 2013
O agente da estação
O agente da estação da estação manda-me esquecer. Faz-me lembrar. Brinca com meus pensamentos. Divulga meus sentimentos. Manda parar.
As estações do ano, que forma quem sou, variam de acordo com o agente da estação. Ele, que é um ser inexistente, senta em um trono no ar pelo mundo. Divaga horas a fio. Flutua sem ritmo. Vai sem olhar para trás.
O agente da estação disse para a menina, que sou eu, esquecer. E então, uma semana depois, brincou comigo e veio de novo com a mesma história. A mesma velha história que ele faz nova - porque nunca deixou de ser. O agente da estação faz de mim uma marionete. A mim ele engana, expõe teorias, marca lembranças como tatuagem, me faz fazer birras, derrama-me lágrimas, sopra sentimentos profundos, enche-me de saudades, provoca-me com ódio.
O agente da estação fica também em uma estação de um país ao leste da Europa. Em uma estação abandonada, em cores cinzas que são, na verdade, tons marrons lindos. As bilheterias vazias, já não mais são ocupadas por atendentes monolíngues que não sabem falar inglês. A fila está vazia e, por ali, encontra-se apenas eu, com o meu ser, andando desorientada, cabisbaixa e ressabida. Esta palavra, ressabida, veio aqui em minha mente agora. Para falar a verdade, eu nem sei o que ela significa.
E eu, voltando ao assunto, tento fugir do agente da estação, sabendo que ele me persegue, anda em círculos, me para na esquina e pula do décimo andar. O agente da estação nunca me perguntou qual é a minha estação preferida e ficaria confuso quando eu dissesse que depende em qual lugar do mundo estou: no Brasil, é o inverno; no norte do hemisfério, é o outono. Verão, não. Nunca.
Querido agente da estação: sei que você não é real. Você foi criado pelos segundos do tempo, que também não são reais, pois não podem ser vistos. E também não podem ser contados, porque cada um conta a seu modo e seu ritmo e, enquanto aqui são 2 horas, la em cima já são 4. Ou seja, nem o tempo é exato. Por isso, querido agente da estação, seja bom comigo, cuide do meu coração morno e, se possível, machuque a minha memória.
10 de nov. de 2013
O jardim dos esquecidos
O sétimo dia da semana tem sido o jardim dos esquecidos. E eu me esparramo toda por este jardim, me perdendo entre as folhas e perdendo as flores de visão. Acho os galhos tao altos.
O jardim dos esquecidos ora ou outra bate a nossa porta. O jardim dos esquecidos as vezes vem para ficar. Dura um dia. Ou dura um fim de semana. Ou dura uma semana inteira. Depende.
Ultimamente, tenho habitado o jardim dos esquecidos. Ou seria ele que tem habitado dentro de mim? Adormeço um dia antes a noite e, no outro dia, ele aqui já esta. Ele, o jardim dos esquecidos onde tenta plantar raízes e fincar morada.
Tenho lutado contra as forcas invisíveis. Porque elas são as que realmente existem. Moram todas no jardim dos esquecidos - este jardim, que ora agora vem nos visitar.
Como eu queria jamais regar o jardim dos esquecidos, esquecer-me de tudo e fazer-me esquecida, para nunca mais lembrar!
O jardim dos esquecidos ora ou outra bate a nossa porta. O jardim dos esquecidos as vezes vem para ficar. Dura um dia. Ou dura um fim de semana. Ou dura uma semana inteira. Depende.
Ultimamente, tenho habitado o jardim dos esquecidos. Ou seria ele que tem habitado dentro de mim? Adormeço um dia antes a noite e, no outro dia, ele aqui já esta. Ele, o jardim dos esquecidos onde tenta plantar raízes e fincar morada.
Tenho lutado contra as forcas invisíveis. Porque elas são as que realmente existem. Moram todas no jardim dos esquecidos - este jardim, que ora agora vem nos visitar.
Como eu queria jamais regar o jardim dos esquecidos, esquecer-me de tudo e fazer-me esquecida, para nunca mais lembrar!
4 de nov. de 2013
A poesia das guerras
E o futuro se repete, em um passado que não passou. Com uma mão segura a caneta, faz riscos em um caderno que sera deixado para a posteridade. Faz parte da historia das escritoras feministas. Esses dias li mais de 500 pagina de uma vida: Virginia Woolf. Aprendi, deixei de ser. Viajei, voltei para casa. Pensei, dormi. Fugi para perto da minha outra-para-sempre escritora favorita. De mãos dadas, chegamos ate você.
A vida e' assim: densa, difícil, carregada de simbolismos e, no fim, não passa de um dia.
Como uma pena, deixamos você ir por aquele rio que tanto permeou seus poemas. Era la que você pertencia e foi ele que, no ultimo dia de sua vida, pertenceu você.
Era uma vez uma vida de escritora inglesa na Europa patriarcal do período entre guerras. Era uma vez a historia se repetindo. Era uma vez o seu chanceler austríaco, agora em no pais que e' seu, guerreando com o mundo inteiro, a representar você. Era uma vez Leonard, eu e as irmas. Era uma vez a minha escritora favorita que ainda viria nascer e, por isso, naquela época ainda era apenas ideia na mente da Vida. Era uma vez os confrontos e bombas e a conquista por territórios. Era uma vez tudo isso mexendo com os ânimos e atrapalhando minha Virgina Woolf.
Hey, era uma vez você. Vê como tem o seu dedo nesta historia?
A vida e' assim: densa, difícil, carregada de simbolismos e, no fim, não passa de um dia.
Como uma pena, deixamos você ir por aquele rio que tanto permeou seus poemas. Era la que você pertencia e foi ele que, no ultimo dia de sua vida, pertenceu você.
Era uma vez uma vida de escritora inglesa na Europa patriarcal do período entre guerras. Era uma vez a historia se repetindo. Era uma vez o seu chanceler austríaco, agora em no pais que e' seu, guerreando com o mundo inteiro, a representar você. Era uma vez Leonard, eu e as irmas. Era uma vez a minha escritora favorita que ainda viria nascer e, por isso, naquela época ainda era apenas ideia na mente da Vida. Era uma vez os confrontos e bombas e a conquista por territórios. Era uma vez tudo isso mexendo com os ânimos e atrapalhando minha Virgina Woolf.
Hey, era uma vez você. Vê como tem o seu dedo nesta historia?
30 de out. de 2013
Disensibilizar
Para músicas, tampo meus ouvidos. Procuro abaixar as curtas cortinas de renda, que é para não ver la fora. Faz chuvas e ouço os passos sobre as folhas molhadas, caídas no chão. Deveria estar alegre, comemorando a estação que me consome o coração. Mas estou me disensibilizando.
Procuro não escrever mais. Só escrevo quando o corpo enche-se todo, ate transbordar. Quando não há mais jeito. Eu, que me fiz de escrita e vou-me escrevendo ao longo da vida, evito escrever. É que estou tentando me disensibilizar.
Não notei e não notarei os barulhos ínfimos como os de sino, que é para me disensibilizar. Apenas irei ao supermercado para comprar o que me é obrigatório, sem me perder na leitura que faço dos rótulos, que é para me disensibilizar.
Não mais me aventurarei em padarias nos horários vagos, porque estou tentando me disensibilizar. Também não leio mais os journals das escritoras feministas que agora apenas enfeitam a estante do meu quarto. E até tentei mudar de lugar esta tal de estante mas acabei mantendo-a no mesmo lugar, que é para me disensibilizar.
Não dou mais importância para os sonhos, pois são apenas coisas das nossas cabeças que Freud explicaria enquanto dormimos. E, aproveitando a ocasião, deixarei passar despercebido o péssimo inglês com sotaque alemão que Freud tinha - isto é o que Virginia Woolf nos disse - disse a nos, antes de nos disensibilizar.
Os quadros na parede; os quadros na parede ainda estão em cima da minha mesa de cabeça para baixo, porque estou procurando me disensibilizar. Também já não leio mais livros difíceis e nem me permito divagar comigo mesma sobre os pensamentos dos autores que nunca falaram. Isto tudo, para me disensibilizar.
Estou procurando me disensibilizar. Eu, que sou tão sensível. É que acredito que a sensibilidade é o tempero da vida e, uma vida como a minha, jamais poderá se apimentar sem me deixar destranquila. Estou procurando me disensibilizar. O que me permite criar palavras e expressões para esta minha língua materna portuguesa tao difícil, porque cansei de conjugar. É que estou procurando me disensibilizar.
Estou procurando me disensibilizar. Dar adeus aos meus braços e as roupas que um dia vestiram quem sou eu. Preciso mudar, preciso mudar-me, tenho que ir embora, devo seguir. E, acima de tudo, preciso me disensibilizar.
4 de out. de 2013
13 anos, drogada e prostituída
Era uma vez uma publicação de livro que aconteceu depois de muitas drogas, overdoses e recaída.
Mas o livro aconteceu, acima de tudo, depois de Sobrevivência.
Era uma vez uma história. Uma história que virou historia e por isto entrou para a história. Em nenhum momento usei estória porque basearam-se tudo em depoimentos. Os anos setenta. Os pastores protestantes. O lado oriental. Os prédios populares. Os experimentos. Os shows de David Bowie. A estação de metro. A dificuldade da vida. Os cachorros presos em aparamentos - cadê o muro de Berlim?
Nesta historia, muitas histórias se cruzaram, inclusive a nossa, muitos anos depois. E' verdade que sempre pensei neste pais como um pais escuro, úmido, frio, gelado e cheio de drogados. Menos você, um completo pateta. Oh, come on!
As drogas pesadas de ontem fizeram a história de hoje. Conta-me outra vez, porque irei ler o livro de uma só vez, como a menina que senta em sua cama e lê 500 paginas em um dia do livro emprestado que pegou da tia, quando esta era adolescente.
Conta-me outra vez. Narra a história de trás pra frente, traz do passado para o meu presente, deixa eu adivinhar o futuro, culpar o inocente pelo surto de entorpecentes e quebrar as regras.
Lança outra vez sua história. Com dedicatória, custa 79 Euros. Sem dedicatória, não tem preço. Se não ler, não foi alguém. Se leu, cresceu. Se viveu, beijou. Se beijou, morreu.
Mas o livro aconteceu, acima de tudo, depois de Sobrevivência.
Era uma vez uma história. Uma história que virou historia e por isto entrou para a história. Em nenhum momento usei estória porque basearam-se tudo em depoimentos. Os anos setenta. Os pastores protestantes. O lado oriental. Os prédios populares. Os experimentos. Os shows de David Bowie. A estação de metro. A dificuldade da vida. Os cachorros presos em aparamentos - cadê o muro de Berlim?
Nesta historia, muitas histórias se cruzaram, inclusive a nossa, muitos anos depois. E' verdade que sempre pensei neste pais como um pais escuro, úmido, frio, gelado e cheio de drogados. Menos você, um completo pateta. Oh, come on!
As drogas pesadas de ontem fizeram a história de hoje. Conta-me outra vez, porque irei ler o livro de uma só vez, como a menina que senta em sua cama e lê 500 paginas em um dia do livro emprestado que pegou da tia, quando esta era adolescente.
Conta-me outra vez. Narra a história de trás pra frente, traz do passado para o meu presente, deixa eu adivinhar o futuro, culpar o inocente pelo surto de entorpecentes e quebrar as regras.
Lança outra vez sua história. Com dedicatória, custa 79 Euros. Sem dedicatória, não tem preço. Se não ler, não foi alguém. Se leu, cresceu. Se viveu, beijou. Se beijou, morreu.
2 de out. de 2013
Ensina-me a viver
Ensina-me a viver.
Pegue-me pela mão.
Ajude-me a caminhar, ensinando-me os primeiros passos. Segure-me pelos lados.
Sou como criança chegado a vida. Não sei nada pois esqueci tudo o que um dia sabia de cor, apenas por ter vivido todos aqueles dias.
Ensina-me a viver e tira-me da contramão. Leve-me ao parque da vida onde verei arvores que simbolizam renascimento. Onde verei as folhas caindo e neste momento me lembrarei de que tudo, simplesmente tudo, pode ser esquecido.
Ensina-me a viver e feche os meus olhos para o que eu não preciso saber. Ensina-me a viver, abrindo-me os olhos para as coisas de cor azul, que me lembra a felicidade.
Ensina-me a viver e conta-me o mistério do por que ser tudo tao difícil nesta parte infeliz do mundo. Por que nascem uns tao ricos e outros tao pobres, e uns fazem guerras e matam os outros, e saem derrotados da guerra e tornam-se a nação mais rica do continente? Ensina-me a viver!
Ensina-me a viver, ou contando-me os porquês ou soprando ao meu ouvido, suavemente, a ideia de que eu preciso não perguntar. Mas eu nasci questionadora. Ensina-me a cobrir-me com um manto azul anil, como se la do céu eu viesse.
Ensina-me a viver, ajude-me a aprender, recorda-te de me lembrar de nunca esquecer.
Pegue-me pela mão.
Ajude-me a caminhar, ensinando-me os primeiros passos. Segure-me pelos lados.
Sou como criança chegado a vida. Não sei nada pois esqueci tudo o que um dia sabia de cor, apenas por ter vivido todos aqueles dias.
Ensina-me a viver e tira-me da contramão. Leve-me ao parque da vida onde verei arvores que simbolizam renascimento. Onde verei as folhas caindo e neste momento me lembrarei de que tudo, simplesmente tudo, pode ser esquecido.
Ensina-me a viver e feche os meus olhos para o que eu não preciso saber. Ensina-me a viver, abrindo-me os olhos para as coisas de cor azul, que me lembra a felicidade.
Ensina-me a viver e conta-me o mistério do por que ser tudo tao difícil nesta parte infeliz do mundo. Por que nascem uns tao ricos e outros tao pobres, e uns fazem guerras e matam os outros, e saem derrotados da guerra e tornam-se a nação mais rica do continente? Ensina-me a viver!
Ensina-me a viver, ou contando-me os porquês ou soprando ao meu ouvido, suavemente, a ideia de que eu preciso não perguntar. Mas eu nasci questionadora. Ensina-me a cobrir-me com um manto azul anil, como se la do céu eu viesse.
Ensina-me a viver, ajude-me a aprender, recorda-te de me lembrar de nunca esquecer.
30 de set. de 2013
Vou indo pelo caminho
No meio do caminho, tenho que parar para pegar as folhas que caem no chão, com carinho. Tenho que lembrar de estar atenta ao atravessar a rua. Tenho que parar para observar o tráfego de carros la de cima da ponte onde estou.
Ao longo do caminho, tenho que gravar mentalmente todas as casas que me encantam para desenhar depois, em um futuro não muito distante de um passado renegado de arquiteta que morou dentro de mim. Prometo que vou me lembrar de almoçar, mas sinto muito que a comida seja sorvete. Não sei mudar. Só sei seguir os meus instintos que me danificam a saúde mas me fazem tao feliz.
Enquanto isso, uma visita ao supermercado na lembrança. As coisas que jamais comprei porque não precisava. Nunca precisei de nada! As coisas que comprei e guardei. E toda essa coisa boba que e comprar e pagar. Viva a triste sociedade consumista.
A noite e feita de recortes. Recortes de todas as cores e estampas marcantes. Guardo-os todos em um mural, nos livros que estou lendo, nos cadernos que coleciono e no chão da sala, espalhados. Arrumo o cabelo com carinho, perguntando-me quando e que ele estará novamente tão longo, me ajudando a ser quem sou.
Enquanto isso, os passos que dou são agora mais calmos, certos, reprimidos. Não saio correndo, embora esteja sempre apressada. Vez ou outra, pulo poças de água deixadas pela chuva quando, antes, teimava em me molhar. Respiro o cheiro da chuva que formam meus dias e minhas melhores lembranças. Vou guardando pedrinhas com fomas diferentes que encontro pela rua. Não sei onde começa ou termina a estação do trem, apenas vejo os trilhos pelo caminho. Também não sei chegar na cidade de um país distante que me levariam ate você. Fazer o quê? Posso apenas aproveitar a viagem e observar as propagandas nas ruas, os muros altos e as luzes da cidade. Prometo que comprarei um cartão postal para lembrar esta lembrança.
E assim vou.
Ao longo do caminho, tenho que gravar mentalmente todas as casas que me encantam para desenhar depois, em um futuro não muito distante de um passado renegado de arquiteta que morou dentro de mim. Prometo que vou me lembrar de almoçar, mas sinto muito que a comida seja sorvete. Não sei mudar. Só sei seguir os meus instintos que me danificam a saúde mas me fazem tao feliz.
Enquanto isso, uma visita ao supermercado na lembrança. As coisas que jamais comprei porque não precisava. Nunca precisei de nada! As coisas que comprei e guardei. E toda essa coisa boba que e comprar e pagar. Viva a triste sociedade consumista.
A noite e feita de recortes. Recortes de todas as cores e estampas marcantes. Guardo-os todos em um mural, nos livros que estou lendo, nos cadernos que coleciono e no chão da sala, espalhados. Arrumo o cabelo com carinho, perguntando-me quando e que ele estará novamente tão longo, me ajudando a ser quem sou.
Enquanto isso, os passos que dou são agora mais calmos, certos, reprimidos. Não saio correndo, embora esteja sempre apressada. Vez ou outra, pulo poças de água deixadas pela chuva quando, antes, teimava em me molhar. Respiro o cheiro da chuva que formam meus dias e minhas melhores lembranças. Vou guardando pedrinhas com fomas diferentes que encontro pela rua. Não sei onde começa ou termina a estação do trem, apenas vejo os trilhos pelo caminho. Também não sei chegar na cidade de um país distante que me levariam ate você. Fazer o quê? Posso apenas aproveitar a viagem e observar as propagandas nas ruas, os muros altos e as luzes da cidade. Prometo que comprarei um cartão postal para lembrar esta lembrança.
E assim vou.
16 de set. de 2013
Juventude transviada
Encontrei fotos perdidas por ai e me perdi em mim. Mentira - reparei mesmo foi nos seus pés. Em como tem mania de andar de um certo jeito. Em como justifica tudo isso ao culpar alguém. Coisa da genética, vai saber.
Vi então um olhar perdido, ate mesmo inocente. Liguei as datas aos dias e me dei conta que se passara pouco tempo, embora seu rosto pareça o de uma criança. Ah, a inocência! A inocência que se apoderou do seu rosto tomou conta de mim.
Reparei no que vestia, sem ligar muito. Reparei em quem segurava no ombro direito. Reparei na pulseira e, mais uma vez, nos pés - descalços. Outras coisas continuava as mesmas, mas não vou citar estas características que não e' para entregar o tesouro.
Assim sendo, lembrarei deste teu olhar. Com cara de noviço que ainda não chegou na puberdade e por isso ainda não experimentou andar de trem pela vida. Fez poucas paradas e todas muito rápidas. Manteve a inocência mas destruiu meu coração.
Seria então uma juventude transviada?
Vi então um olhar perdido, ate mesmo inocente. Liguei as datas aos dias e me dei conta que se passara pouco tempo, embora seu rosto pareça o de uma criança. Ah, a inocência! A inocência que se apoderou do seu rosto tomou conta de mim.
Reparei no que vestia, sem ligar muito. Reparei em quem segurava no ombro direito. Reparei na pulseira e, mais uma vez, nos pés - descalços. Outras coisas continuava as mesmas, mas não vou citar estas características que não e' para entregar o tesouro.
Assim sendo, lembrarei deste teu olhar. Com cara de noviço que ainda não chegou na puberdade e por isso ainda não experimentou andar de trem pela vida. Fez poucas paradas e todas muito rápidas. Manteve a inocência mas destruiu meu coração.
Seria então uma juventude transviada?
15 de set. de 2013
Livro de história
Livros são feitos para inspirar. Livros jamais deveriam ser feitos para fazer chorar.
Era uma vez um livro em minha mão. Muitas vezes fechei a página e li a minha própria história escrita ali. Parei por alguns minutos e me deixei levar. Me deixei levar e por isso fui a todos os lugares que eu havia ido e que um dia, quem sabe, irei. Visitei todos os lugares que um dia tive vontade de ir mas o destino - o nome é esse? - não me permitiu ainda ir.
Fechei as páginas, fechei os olhos. E as lágrimas que guardava dentro de mim saíram enquanto imaginei Você.
Alguns livros são assim: cada folha que passa, soa como facada. Corta, dói, mas ensina. O nome disso é cura, porque a gente aprende. Mas eu sempre me esqueço de lembrar.
Era uma vez uma história contada por algumas folhas que, antes de serem escritas, foram vividas. Agora quem as vive sou eu, embora já as tenha vivido a minha maneira em uma outra história formada por Eu.
Impressiona-me como as histórias dos outros se parecem com a nossa e combinam entre si para formarem o grande quebra cabeça da vida. Muda-se o lugar e as horas, fica-se a lição.
Era uma vez uma história. E um livro e eu.
Era uma vez um livro em minha mão. Muitas vezes fechei a página e li a minha própria história escrita ali. Parei por alguns minutos e me deixei levar. Me deixei levar e por isso fui a todos os lugares que eu havia ido e que um dia, quem sabe, irei. Visitei todos os lugares que um dia tive vontade de ir mas o destino - o nome é esse? - não me permitiu ainda ir.
Fechei as páginas, fechei os olhos. E as lágrimas que guardava dentro de mim saíram enquanto imaginei Você.
Alguns livros são assim: cada folha que passa, soa como facada. Corta, dói, mas ensina. O nome disso é cura, porque a gente aprende. Mas eu sempre me esqueço de lembrar.
Era uma vez uma história contada por algumas folhas que, antes de serem escritas, foram vividas. Agora quem as vive sou eu, embora já as tenha vivido a minha maneira em uma outra história formada por Eu.
Impressiona-me como as histórias dos outros se parecem com a nossa e combinam entre si para formarem o grande quebra cabeça da vida. Muda-se o lugar e as horas, fica-se a lição.
Era uma vez uma história. E um livro e eu.
1 de set. de 2013
Está tudo perdoado
As vezes acordo como gente.
Dou-me conta da preciosidade dos segundos. Lembro-me de que é porque eles são mínimos, pequenos, minúsculos.
As vezes acordo com vontade de correr. Sair correndo por aí. Percorrer todos os caminhos que me deixaram lembranças boas e saudades doídas. E, num impulso maior, sobrevoar as instâncias do além, marcadas por barreiras que o homem criou, deu nomes e leis.
Preencho minhas noites com beijos, as noites preenchem-me com beijos. Sussurros ao pé do ouvido. Holding hands. Como gosto disso. Fazem quem sou. Nutrem a alma, dão vontade de amanhã.
E então eu acordo com vontade de viver. Ser tudo o que sou. Somos até mesmo aquilo que não estamos sendo neste momento. Simplesmente somos - nós, que somos de verdade.
E então fico me vendo caminhar por um gramado verde. Gramados verdes são tao insignificantes, embora estejam em todos os filmes. Deve ser porque faz sentido.
Dou-me a chance de viver, eu, que quero apenas ser. Permito-me encostar nos meus cadernos encantados, preciosos, guardados. Ouso escrever. Desenhar. E isto tudo é viver. Pinto as unhas, logo eu que acho isso tão fútil. Mas é que faco pelas cores. Pela minha mood. Pelo ritual. Pelo resultado. Jogo jogos de palavras - jogo sem fim! Em uma competição comigo mesma.
Em uma noite dessas, a gente acorda no outro dia aprendendo a gostar de quem gosta da gente. Querendo esquecer tudo quanto é passado que passou. Numa noite revendo A Lista de Schindler com a irmã do meio, sente-se aquele sentimento mais profundo do mundo que não da para escrever em palavras - apenas sente-se - embora as palavras sejam tão necessárias!
E tudo, cada cantinho do mundo, cada sopro no coração, cada olhar trocado um dia, cada palavra não dita - tudo some como num piscar de olhos, um apagão, um adeus.
28 de ago. de 2013
Salvamento
Atentar-se para o fato de haver a necessidade sempre de recordar-se do que fizeram como um todo. De que te fizeram como um tudo. E não apenas lembrar-se com amor do carinho que te fez bem.
As pessoas são como elas são. Por isso, atentar-se para quem foram e agora quem são elas - ou ele porque as delicias passam mas ficam as marcas do coração.
Ei, não esquecer-se de recordar-se sempre de tudo o que te fez: o bom e o ruim mas, no fim do dia, lembrar de como ele a machucou.
Isso salva.
As pessoas são como elas são. Por isso, atentar-se para quem foram e agora quem são elas - ou ele porque as delicias passam mas ficam as marcas do coração.
Ei, não esquecer-se de recordar-se sempre de tudo o que te fez: o bom e o ruim mas, no fim do dia, lembrar de como ele a machucou.
Isso salva.
26 de ago. de 2013
To You, my Fascist.
I keep seeing the trains. It's Auschwitz. I doubt that old guy I met could've done any of such things. But I've seen it all. There are no arguments against facts.
This week I heard I was one of them. And tonight I admit I am still one of them. Taken by you, hurt, mistreated. And it was all for History's sake, so people would get stuff to study about. Ridiculous!
I'm shivering. It's so freaking cold. You're so freaking cold. And I'm so hot. Ready to burn into tears.
As I dream at night, back to the ghost town, I see the Jews walking by me. I didn't do anything, so now I guess it's my turn to feel it on my own skin - why would you do this to me? I think I may well be a Jew.
And the dreams, they keep coming back. I can still hear the typer machine. I don't forget the view from that window. I listen to your friend's voice. I wonder what one does with a master's degree, I think it turns you into a General.
The East, oh the east. Too much land you've conquered, but you didn't dare go east. Not again. Only for fun. My turn.
I wish I was actualy entering the train that would take me to Auschwitz. Instead, I am actually leaving it, with empty hands and a heavy heart. It's so heavy it hurts to carry it along with me.
In the end, I'm left with my inspiration, the one who always says it all for me: "Every women adores a Fascist" (Sylvia Plath)
Yes, it must be.
This week I heard I was one of them. And tonight I admit I am still one of them. Taken by you, hurt, mistreated. And it was all for History's sake, so people would get stuff to study about. Ridiculous!
I'm shivering. It's so freaking cold. You're so freaking cold. And I'm so hot. Ready to burn into tears.
As I dream at night, back to the ghost town, I see the Jews walking by me. I didn't do anything, so now I guess it's my turn to feel it on my own skin - why would you do this to me? I think I may well be a Jew.
And the dreams, they keep coming back. I can still hear the typer machine. I don't forget the view from that window. I listen to your friend's voice. I wonder what one does with a master's degree, I think it turns you into a General.
The East, oh the east. Too much land you've conquered, but you didn't dare go east. Not again. Only for fun. My turn.
I wish I was actualy entering the train that would take me to Auschwitz. Instead, I am actually leaving it, with empty hands and a heavy heart. It's so heavy it hurts to carry it along with me.
In the end, I'm left with my inspiration, the one who always says it all for me: "Every women adores a Fascist" (Sylvia Plath)
Yes, it must be.
31 de jul. de 2013
Quando eu crescer
Quando eu crescer, será tarde demais. O sol já estará se pondo e os ventos gelados do sul estarão chegando para fazer morada em terra de ninguém.
Quando eu crescer, vou pintar as casas de um verde musgo, vou medir água de neve derretida, vou guardar pegadas deixadas por você e dobrar meus mapas de uma vez por todas. Vou apagar a luz e apagar também aquela noite congelando em uma igreja qualquer. Todas as igrejas, afinal, são qualquer.
Quando eu crescer e finalmente me dar conta de mim, vou parar de falar em você. Vou atentar-me ao relógio, logo eu que sempre fui preguiçosa e sempre pontual. Vou desejar ter cílios gigantes, como os árabes. Minhas mãos serão brancas como a neve, para que todos possam ver minhas veias azuis. Vou olhar para minhas veias e não sentir vontade de picá-las, contagiando-as com a droga da alegria.
Também irei vasculhar minhas caixas de parafernália que são, na verdade, cheias de coisas importantes para mim. Eu só não sei o que fazer com elas. Mas, se soubesse, não seria eu. E eu preciso me ser.
Assim que eu crescer, prometo que darei passos de forma mais devagar, sem essa pressa toda ao andar que minha irmã mais nova tanto critica em mim. Tentarei driblar meu pensamento, para que ele acompanhe, então, estes meus novos sapatos.
Quando eu crescer, terei lido todas as obras da literatura e isto teria me feito uma gênia. Eu seria então um ser azul que plainaria pela atmosfera nas noites escuras a olhar você. Também discutirei política como nos intervalos da aula, encostada na porta. Terei cuidado para não descer as escadas correndo, atentando-me para a promessa que fiz a minha irmã de andar mais devagar. Mas seria possível? Que monótono!
Eu, também, irei depositar importância nas bancas de frutas que formam a feira logo ali. Prometo que não vou passar sem percebê-las. Irei escrever os cartões que nunca escrevi. Irei, enfim, usar minhas canetas maravilhosas de 1 milhão de dólares, sem dó. Irei aposentar minhas meias velhas e jogar as pernas para cima. Irei falar, vez ou outra, porque as vezes me cansa ser tão calada.
Aos professores que deixaram uma pintinha em minha pele, irei dedicar flores imaginárias, pois flores de verdade murcham e são sem personalidade. Irei dar bom dia a moça que limpa a esquina daquele ponto imaginário de uma curva no amanhecer, pois estas são as pessoas com quem mais gosto de conversar, uma vez que são cheias de histórias. E estórias. E tudo mais.
Quando eu crescer, correrei até todos os supermercados, entrarei nas livrarias e deixarei as portas baterem, irei a padaria buscar broas queimadas, passarei em frente janelas de vidro embaçado e afirmarei, mais uma vez, que cercas não passam de objetos de decoração.
Quando eu crescer, e tiver a altura de um muro no mundo.
Quando eu crescer, vou pintar as casas de um verde musgo, vou medir água de neve derretida, vou guardar pegadas deixadas por você e dobrar meus mapas de uma vez por todas. Vou apagar a luz e apagar também aquela noite congelando em uma igreja qualquer. Todas as igrejas, afinal, são qualquer.
Quando eu crescer e finalmente me dar conta de mim, vou parar de falar em você. Vou atentar-me ao relógio, logo eu que sempre fui preguiçosa e sempre pontual. Vou desejar ter cílios gigantes, como os árabes. Minhas mãos serão brancas como a neve, para que todos possam ver minhas veias azuis. Vou olhar para minhas veias e não sentir vontade de picá-las, contagiando-as com a droga da alegria.
Também irei vasculhar minhas caixas de parafernália que são, na verdade, cheias de coisas importantes para mim. Eu só não sei o que fazer com elas. Mas, se soubesse, não seria eu. E eu preciso me ser.
Assim que eu crescer, prometo que darei passos de forma mais devagar, sem essa pressa toda ao andar que minha irmã mais nova tanto critica em mim. Tentarei driblar meu pensamento, para que ele acompanhe, então, estes meus novos sapatos.
Quando eu crescer, terei lido todas as obras da literatura e isto teria me feito uma gênia. Eu seria então um ser azul que plainaria pela atmosfera nas noites escuras a olhar você. Também discutirei política como nos intervalos da aula, encostada na porta. Terei cuidado para não descer as escadas correndo, atentando-me para a promessa que fiz a minha irmã de andar mais devagar. Mas seria possível? Que monótono!
Eu, também, irei depositar importância nas bancas de frutas que formam a feira logo ali. Prometo que não vou passar sem percebê-las. Irei escrever os cartões que nunca escrevi. Irei, enfim, usar minhas canetas maravilhosas de 1 milhão de dólares, sem dó. Irei aposentar minhas meias velhas e jogar as pernas para cima. Irei falar, vez ou outra, porque as vezes me cansa ser tão calada.
Aos professores que deixaram uma pintinha em minha pele, irei dedicar flores imaginárias, pois flores de verdade murcham e são sem personalidade. Irei dar bom dia a moça que limpa a esquina daquele ponto imaginário de uma curva no amanhecer, pois estas são as pessoas com quem mais gosto de conversar, uma vez que são cheias de histórias. E estórias. E tudo mais.
Quando eu crescer, correrei até todos os supermercados, entrarei nas livrarias e deixarei as portas baterem, irei a padaria buscar broas queimadas, passarei em frente janelas de vidro embaçado e afirmarei, mais uma vez, que cercas não passam de objetos de decoração.
Quando eu crescer, e tiver a altura de um muro no mundo.
29 de jul. de 2013
My heart
I always thought my heart was brave, serious and strong. Pretty much a gentle man. Yes, I've always seen my heart as a masculine entity.
However, sometimes it would get weak. That would be on Friday evenings, Saturday mornings, whenever I got something blue in my hands, when it was cloudy outside and when I got to listen to my favorite songs. These were the times when I'd name my heart as a feminine entity. So stupid it would get, you see.
I had also my heart melting ... and that happend many times. I'd say it's pretty hard to melt my heart but, at the same time, there were a few guys who could certainly melt my hard pretty easily. In those situations, my heart wasn't masculine nor feminine; it was simply "it" - I don't know how to name this because there's no such thing in my language, but I know some people can visualize that in their language. Anyway.
There were these few times when my heart also got sick. Those were the worst, and I often wondered if I could die of a sick heart. Whenever my heart got itself and me into a drama, I worried because I remember this friend of my father's who said his father had died of love. Oh good god, how could love kill someone?! I don't know how, but I had to take good care.
This heart of mine, poor thing, also got sad sometimes. It'd start with my mind wondering why is it that people don't treat us the same way we do treat them. With my mind going back to that time in history that today is called a legend. With my empty hands searching for him, for you. With me thinking how people could be so cold and mean. I suppose it's none of my business. But it's unfair, it is.
They say you take all good memories (by good I mean relevant, be them good or not) in your heart. I don't think so. I certainly take most of mine in my mind, which is sometimes a terrible place. In my mind, which is a mess and that's how it works. In my mind, full of colors and words and ideas. In my mind, also so empty. In my mind, which I can't run away from. But I guess when I sleep everything goes to my heart and there they stay, sleeping. Sometimes they wake up - and I remember them. Sometimes they just keep sleeping ... and that's also called death.
However, sometimes it would get weak. That would be on Friday evenings, Saturday mornings, whenever I got something blue in my hands, when it was cloudy outside and when I got to listen to my favorite songs. These were the times when I'd name my heart as a feminine entity. So stupid it would get, you see.
I had also my heart melting ... and that happend many times. I'd say it's pretty hard to melt my heart but, at the same time, there were a few guys who could certainly melt my hard pretty easily. In those situations, my heart wasn't masculine nor feminine; it was simply "it" - I don't know how to name this because there's no such thing in my language, but I know some people can visualize that in their language. Anyway.
There were these few times when my heart also got sick. Those were the worst, and I often wondered if I could die of a sick heart. Whenever my heart got itself and me into a drama, I worried because I remember this friend of my father's who said his father had died of love. Oh good god, how could love kill someone?! I don't know how, but I had to take good care.
This heart of mine, poor thing, also got sad sometimes. It'd start with my mind wondering why is it that people don't treat us the same way we do treat them. With my mind going back to that time in history that today is called a legend. With my empty hands searching for him, for you. With me thinking how people could be so cold and mean. I suppose it's none of my business. But it's unfair, it is.
They say you take all good memories (by good I mean relevant, be them good or not) in your heart. I don't think so. I certainly take most of mine in my mind, which is sometimes a terrible place. In my mind, which is a mess and that's how it works. In my mind, full of colors and words and ideas. In my mind, also so empty. In my mind, which I can't run away from. But I guess when I sleep everything goes to my heart and there they stay, sleeping. Sometimes they wake up - and I remember them. Sometimes they just keep sleeping ... and that's also called death.
24 de jul. de 2013
O sentido do nada
Eram as calcadas úmidas e cheias de folhas; logo ali na esquina em que se perde a vida de vista; dúvidas sobre a cor de esmalte em um fim de noite; era uma vez minha linda viagem para a França; sorvetes serão sempre deliciosos em qualquer lugar do mundo; estou perdendo o amor por Fanta; e viva os livros de história; as fotografias provam que tudo aconteceu; o que fazer com tantas amizades ao longo da vida?; cores que acho patéticas; desejo por uma mochila nas costas; isso é tudo desculpa e vontade de escrever; repetição do ato; onde habitam os ursos polares; muros coloridos e janelas ao meu alcance; vamos correr para o fim do mundo!; senta que lá vem lição; qual o motivo dos campos verdes?; eles sobrevivem a nos, dirá ela; um amor substitui o outro em todas as esfera da vida, até na de coisas; amo leite; adoro vacas; não sou eu quando engordo 1 quilo!; ruas existem para serem desertas, então por que tanto carro?; os muros andam baixos e por isso irei olhar; o silencio de quem nem não está prestando atenção; palavras batidas em tabuas e soltas ao vento voltam com tamanha forca que cortam seu rosto, você vai ver só; odeio conjugar verbos difíceis; eu queria ser mais azul, toda azul por dentro.
9 de jul. de 2013
A menina que você não vê
Lá vai ela: a menina que você não vê:
a menina anda com sapatinhos azuis e, ao longo do dia, pensa em como eles incomodam. A menina-mulher. A menina que anda sempre com um livro na mão. O que ela lê neste exato momento. E outro na bolsa. E outro na porta do carro. E outro na outra porta do carro. Anda, enquanto sente saudades dos que deixou no móvel ao lado da cama quando foi dormir. E os outros muitos na nova estante que comprou.
Lá anda a menina que você não vê: vira esquinas e cruza ruas, passa em frente igrejas, propositalmente, pois sempre admirou os edifícios religiosos. A menina, menininha, passa em frente ao parque e vê infância, passa em beco escuro e lembra de uma tinta a óleo, passa em frente a banca e pensa em quanta revista inútil poderia ser usada para limpar-se vidros, passa no passeio estreito e nota as janelas detalhadas. E enquanto isso, o dia passa, a Terra gira e o tempo se afasta.
Por lá perambula a menina que você não vê: nas terras de longe, lá do outro lado do oceano, bem mais perto de onde você ficou. Anda para cima e para baixo, pisando incansavelmente em caminhos de grama. Pensava ela que as trilhas de terra eram resultados da guerra. E tocava paredes, esperando sentir o sentimento que um dia houve ali. Ah, a história! O que seria do mundo se não fosse a história? O mundo nem existiria, oras! Ou quem será que contaria a sua história?
A menina que anda, anda de tranças. Os cabelos sempre longos, soltos ao vento, e a alma trançada em postes de luz que foram instalados em becos. Como era sortuda, e deveria agradecer ao governo incompetente.
E agora, pensando eu, estava a menina a dar voltas e voltas sem chegar a lugar nenhum. E isso, sem sair do lugar. Porque isto tudo de agora só acontece aqui mesmo: em tela branca. Como era bom criar histórias para preencher lacunas do coração enquanto nota-se tijolos faltando em um muro pichado. Enquanto isso, tomava o caminho de volta para casa, saía de sua imaginação e voltava para sua mente, enquanto fechava a porta ao chegar.
a menina anda com sapatinhos azuis e, ao longo do dia, pensa em como eles incomodam. A menina-mulher. A menina que anda sempre com um livro na mão. O que ela lê neste exato momento. E outro na bolsa. E outro na porta do carro. E outro na outra porta do carro. Anda, enquanto sente saudades dos que deixou no móvel ao lado da cama quando foi dormir. E os outros muitos na nova estante que comprou.
Lá anda a menina que você não vê: vira esquinas e cruza ruas, passa em frente igrejas, propositalmente, pois sempre admirou os edifícios religiosos. A menina, menininha, passa em frente ao parque e vê infância, passa em beco escuro e lembra de uma tinta a óleo, passa em frente a banca e pensa em quanta revista inútil poderia ser usada para limpar-se vidros, passa no passeio estreito e nota as janelas detalhadas. E enquanto isso, o dia passa, a Terra gira e o tempo se afasta.
Por lá perambula a menina que você não vê: nas terras de longe, lá do outro lado do oceano, bem mais perto de onde você ficou. Anda para cima e para baixo, pisando incansavelmente em caminhos de grama. Pensava ela que as trilhas de terra eram resultados da guerra. E tocava paredes, esperando sentir o sentimento que um dia houve ali. Ah, a história! O que seria do mundo se não fosse a história? O mundo nem existiria, oras! Ou quem será que contaria a sua história?
A menina que anda, anda de tranças. Os cabelos sempre longos, soltos ao vento, e a alma trançada em postes de luz que foram instalados em becos. Como era sortuda, e deveria agradecer ao governo incompetente.
E agora, pensando eu, estava a menina a dar voltas e voltas sem chegar a lugar nenhum. E isso, sem sair do lugar. Porque isto tudo de agora só acontece aqui mesmo: em tela branca. Como era bom criar histórias para preencher lacunas do coração enquanto nota-se tijolos faltando em um muro pichado. Enquanto isso, tomava o caminho de volta para casa, saía de sua imaginação e voltava para sua mente, enquanto fechava a porta ao chegar.
3 de jul. de 2013
Significado de mãe
E de repente me veio a definição do que é ser mãe:
ser mãe é colocar blusa de frio no filho.
E eu acho isso lindo e, você, entenda como quiser.
1 de jul. de 2013
Just a letter
Could have her saved you? Could have her come earlier? Just a little bit earlier?
Could have him saved you? Could have him not slept? Could have him be a better neighboor? Oh, you lived upstairs. That was the gas. The main trouble was the gas.
Could have them cried louder? Those poor children, I'll call them babies.
Come on, Mr. Postman. Leave a letter for Sylvia. She isn't able to reach you out. Not anymore. She's free. She's free from all of you. She can now free us as well.
Could have him? Could have him driven his car? From England, same land? From the US, mother land? Or perhaps Ireland, mother nature? He could have been. Been there. Been far away. Never been.
Hey pretty baby. You're now free. You're now gone. Far away, far away from us. Always in my heart. I stare at your handwriting. I wish you were here. I whisper my name so you can hear it and recognize me. I miss your presence. I have never met you - yet.
Hey pretty face, I'm thankful for your smile while it lasted. But I know it seldom happened. But you are who you are. And you're the real one. Hold my hand. Let's walk together. We've been taking the very same path. But I guess I'll end up turning right. That could be some sort of poetry: me turning right.
Today I kinda realize it was only an accident. You were supposed to be here. Perhaps already gone by now. But you could have stayed longer. It would make me miss you less. Have you more. Read more of what you write. See more of what you draw. Learn more with you. It's too late.
I miss you dearly.
Could have him saved you? Could have him not slept? Could have him be a better neighboor? Oh, you lived upstairs. That was the gas. The main trouble was the gas.
Could have them cried louder? Those poor children, I'll call them babies.
Come on, Mr. Postman. Leave a letter for Sylvia. She isn't able to reach you out. Not anymore. She's free. She's free from all of you. She can now free us as well.
Could have him? Could have him driven his car? From England, same land? From the US, mother land? Or perhaps Ireland, mother nature? He could have been. Been there. Been far away. Never been.
Hey pretty baby. You're now free. You're now gone. Far away, far away from us. Always in my heart. I stare at your handwriting. I wish you were here. I whisper my name so you can hear it and recognize me. I miss your presence. I have never met you - yet.
Hey pretty face, I'm thankful for your smile while it lasted. But I know it seldom happened. But you are who you are. And you're the real one. Hold my hand. Let's walk together. We've been taking the very same path. But I guess I'll end up turning right. That could be some sort of poetry: me turning right.
Today I kinda realize it was only an accident. You were supposed to be here. Perhaps already gone by now. But you could have stayed longer. It would make me miss you less. Have you more. Read more of what you write. See more of what you draw. Learn more with you. It's too late.
I miss you dearly.
28 de jun. de 2013
A canção do Sul
A canção do Sul ainda toca no rádio. Lá da rua ainda se ouve seus ruídos e, vez ou outra, as pessoas notam como soa arranhada.
Aqui em baixo, ainda entoa-se uma canção do Sul. A canção do Sul é uma melodia triste, longa e verdadeira. Quando canta, mostra-se inteira.
Quem um dia iria dizer que a canção do Sul poderia ficar rouca! Quantas vezes a canção do Sul desejou não mais cantar, perder a voz, esquecer a letra. Esquecer. Esquecer as letras que um dia foram tão bonitas!
Quando o dia inicia, tem inicio também a canção do Sul. E ela dura até a noite, adentrando a madrugada quando não consegue dormir. Ah, a canção do Sul! Como gostaria de viajar até o Norte.
E assim vai, arrastada arrastando-se, cantando diariamente como se fosse obrigada, porque todo mundo segue o ritmo. E ela não pode desafinar. A canção do Sul ora sai roída, ora sai sofrida.
Aqui em baixo, ainda entoa-se uma canção do Sul. A canção do Sul é uma melodia triste, longa e verdadeira. Quando canta, mostra-se inteira.
Quem um dia iria dizer que a canção do Sul poderia ficar rouca! Quantas vezes a canção do Sul desejou não mais cantar, perder a voz, esquecer a letra. Esquecer. Esquecer as letras que um dia foram tão bonitas!
Quando o dia inicia, tem inicio também a canção do Sul. E ela dura até a noite, adentrando a madrugada quando não consegue dormir. Ah, a canção do Sul! Como gostaria de viajar até o Norte.
E assim vai, arrastada arrastando-se, cantando diariamente como se fosse obrigada, porque todo mundo segue o ritmo. E ela não pode desafinar. A canção do Sul ora sai roída, ora sai sofrida.
23 de jun. de 2013
Nazi fluency
E todas as vezes que converso com minha irmã, sou lembrada de você de uma maneira negativa.
Hoje mesmo ela mandou avisar que, ao contrario do que você disse, ela não apenas aprendeu sua língua como agora fala de forma fluente; veio para o seu país .... e o odeia.
São um bando de fascistas, diriam os poloneses, os judeus, os tchecos, os ciganos, e todos os outros do mundo inteiro.
Mas você tinha a sua beleza exterior, diria eu.
Hoje mesmo ela mandou avisar que, ao contrario do que você disse, ela não apenas aprendeu sua língua como agora fala de forma fluente; veio para o seu país .... e o odeia.
São um bando de fascistas, diriam os poloneses, os judeus, os tchecos, os ciganos, e todos os outros do mundo inteiro.
Mas você tinha a sua beleza exterior, diria eu.
19 de jun. de 2013
Apenas um capitulo da historia
E então chegou a hora. A sombra que arrastava-se sobre aquele território polonês fez morada em nossos corações. Ela não sentia mais que a pátria-toda-poderosa da Europa era mais a sua irma. E nem mãe. Nem tia. Nem parente distante.
Chegou o dia da verdade. Uma aula de historia, foi aquilo. Uma revelação. Como um véu que cai. Apenas uma viagem a Auschwitz, eu diria. E tudo fora embora como água rala em ralo. Ah, o desapontamento! Agora a irma do meio, que falava a língua e tinha melhores amigos no local, entendia as outras irmas. Não nutriam mais simpatia. Mas ainda achava-os de uma beleza exterior surpreendente. Apenas exterior dizia ela.
Vai ver seria este o destino. Ter o coração pisado por um nazista. Afinal, e' este o papel dos alemães: serem eles mesmos. Vai ver estava escrito no livro de historia - nada de diário ou livro da vida, vejamos bem. Vai ver foi traçado em mapa de conquistas. Vai ver foi planejado como arte da guerra. E venceria quem fosse melhor. E, embora você tivesse perdido uma II Guerra, desta ultima você saiu vencedor. Mas não se esqueça: o mundo, que você não conquistou, seu Senhor General Nazista dos olhos verdes, da muitas voltas...
E enfim dobrou a conversa que teve com a irmã como se fosse carta.
Chegou o dia da verdade. Uma aula de historia, foi aquilo. Uma revelação. Como um véu que cai. Apenas uma viagem a Auschwitz, eu diria. E tudo fora embora como água rala em ralo. Ah, o desapontamento! Agora a irma do meio, que falava a língua e tinha melhores amigos no local, entendia as outras irmas. Não nutriam mais simpatia. Mas ainda achava-os de uma beleza exterior surpreendente. Apenas exterior dizia ela.
Vai ver seria este o destino. Ter o coração pisado por um nazista. Afinal, e' este o papel dos alemães: serem eles mesmos. Vai ver estava escrito no livro de historia - nada de diário ou livro da vida, vejamos bem. Vai ver foi traçado em mapa de conquistas. Vai ver foi planejado como arte da guerra. E venceria quem fosse melhor. E, embora você tivesse perdido uma II Guerra, desta ultima você saiu vencedor. Mas não se esqueça: o mundo, que você não conquistou, seu Senhor General Nazista dos olhos verdes, da muitas voltas...
E enfim dobrou a conversa que teve com a irmã como se fosse carta.
17 de jun. de 2013
A quem realmente importa
Quem tem o segredo dos meus olhos, o azul escuro que se esconde por trás do meu olhar, o cheiro das madeixas longas do meu cabelo, o toque suave e forte de minhas mãos. Esse alguém, que é você, recebera o meu respeito, o meu carinho e o meu clamor. E a você dedicarei minhas horas tranquilas, meus minutos vagos e minha vontade. A você, que me trilha meu caminho em um sábado a noite e me guarda em seus bracos, dedicarei poemas de vida e sintonias escondidas em casa. A você, que se importa comigo, que me liga no meio do dia, que manda beijos de amor ... a você o meu carinho, a minha atenção, as minhas horas, o meu olhar, o meu pensamento e eu.
15 de jun. de 2013
Dedicatória
A você dediquei os poemas de Shakespeare, não porque eu os admire, mas porque os acho difícil. Recitei-os, tímida, ao pé do ouvido, tentando evitar seu olhar. Mexia no cabelo - outro sinal de minha timidez - desejando sê-los seus.
Para você guardei um conto de Hemingway, mil palavras e minha escrita. Te escrevi dedicatórias e coloquei carinho nos cartões que tive a chance de te enviar enquanto ainda havia tempo. A você ofereci meu tempo, meus dias e meus segundos de vida, sabendo que, perdendo-os, eu só iria ganhar.
A você te dedico a linda e difícil literatura, tão misteriosa, tão pessoal, tão instigante, tão terna, tão minha. Dedico as folhas de rascunho que guardei em branco, assim como as folhas de rascunho em que fiz desenhos sem sentidos. Te ofereço meus cadernos e meus sopros poéticos que irão te levar para um mundo que não conhece - só os grandes poetas conheceram.
A você, que vez ou outra me visita em meus sonhos, sem pedir licença para entrar - pois já sabe do seu lugar aqui - dedico minha ternura, minha hora mais difícil, minha luta contra a injustiça dos governos e, principalmente, um beijo meu, marcado em primeira folha de um livro antigo cujas folhas já estão amareladas.
Para você guardei um conto de Hemingway, mil palavras e minha escrita. Te escrevi dedicatórias e coloquei carinho nos cartões que tive a chance de te enviar enquanto ainda havia tempo. A você ofereci meu tempo, meus dias e meus segundos de vida, sabendo que, perdendo-os, eu só iria ganhar.
A você te dedico a linda e difícil literatura, tão misteriosa, tão pessoal, tão instigante, tão terna, tão minha. Dedico as folhas de rascunho que guardei em branco, assim como as folhas de rascunho em que fiz desenhos sem sentidos. Te ofereço meus cadernos e meus sopros poéticos que irão te levar para um mundo que não conhece - só os grandes poetas conheceram.
A você, que vez ou outra me visita em meus sonhos, sem pedir licença para entrar - pois já sabe do seu lugar aqui - dedico minha ternura, minha hora mais difícil, minha luta contra a injustiça dos governos e, principalmente, um beijo meu, marcado em primeira folha de um livro antigo cujas folhas já estão amareladas.
10 de jun. de 2013
Para onde vou?
Sera que algum dia me encontrei? Se sim, quem eu era?
Acho que estou me perdendo. Perdendo-me de mim mesma. E isto quer dizer que estou indo para longe. O meu receio e' ir longe demais, para um lugar de onde não se possa voltar.
Tenho medo de mim, tenho cuidado de mim, tenho pouca paciência comigo. As vezes quero jogar tudo para o ar, como se o ar desse conta de alguma coisa; o ar apenas atrapalha, bagunça, espalha. Deixa eu ser menos do que já sou, impede-me de encontrar Eu.
Para onde vou, assim tao longe? Por favor, poderia você me livrar de mim? Afaste-me de mim mesma! Isto e' um martírio! Isto e' um pedido! Isto e' uma ordem do regime fascista.
Acho que estou me perdendo. Perdendo-me de mim mesma. E isto quer dizer que estou indo para longe. O meu receio e' ir longe demais, para um lugar de onde não se possa voltar.
Tenho medo de mim, tenho cuidado de mim, tenho pouca paciência comigo. As vezes quero jogar tudo para o ar, como se o ar desse conta de alguma coisa; o ar apenas atrapalha, bagunça, espalha. Deixa eu ser menos do que já sou, impede-me de encontrar Eu.
Para onde vou, assim tao longe? Por favor, poderia você me livrar de mim? Afaste-me de mim mesma! Isto e' um martírio! Isto e' um pedido! Isto e' uma ordem do regime fascista.
4 de jun. de 2013
O meu dia
Finalmente o meu dia chegou. Sim, o meu dia.
Todo mundo pensa que o dia do aniversario pode ser chamado de "meu", mas e' mentira. Poucas pessoas realmente nascem no dia delas. Meu dia já existia antes mesmo de eu existir. E não pense "mas e' claro!" porque, antes disso, ele era apenas um dia no calendário. Então, em uma determinada hora cósmica, mamãe e papai me decidiram fazer e assim nasceu eu: no meu dia, formado especialmente para mim, 2 de junho.
Sim, o meu dia finalmente chegou. Não que eu tenha esperado muito por ele, porque a idade me pesa as costas e me rouba a inocência. Mas, chegou. E eu, que fazia mil planos a serem concretizados neste dia e alimentava em mim uma ansiedade imensa com medo de os planos não acontecerem, deixei fluir.
E meu lindo dia começou sereno, tranquilo e silencioso, como eu gosto. Foi comemorado com muito amor, brindado pelo meu sono matutino. Mensagens delicadas, desejos bons e sinceros, almoço de engorda, sobremesa estrangeira, telefonemas das pessoas-pessoas, presente-super (como sempre!) do meu pai, passeio de carro pela cidade sitiada e, ao fim do dia, carinho dele... :) + sorvete + passeio de carro + conversas jogadas ao vento + local especial + amor.
Meu dia já se vai e eu, saudosa, fico aqui, mais uma vez, esperando por ele. Uma pena o meu dia durar tao pouco, apenas 24 horas! Sempre achei que eu precisava de mais.
E assim fecho mais um ciclo e abro mais um outro. Eu, nesta minha idade mistica que tiveram os ídolos do rock, sigo a vida a aprender. Aos trancos e barrancos, com arte e com chuva, com sobremesa e meias no pé. E sempre desejando "sair dessa mais forte". Inicio uma vida nova que dei para mim, inicio mais uma folha colorida na minha historia de vida - historia esta que não terá mais algumas pessoas. Vida que segue porque os anos e os aniversários não voltam mais.
Parabéns para mim. Eu realmente mereço parabéns por tudo que vivi, não e' mesmo Vida? So quem esta pertinho de mim sabe um pouco do meu Eu. Aqui começo um começo de seguir em frente, deixando para trás tudo o que não foi. Apenas o que e' continua e o que já passou não e' mais. Isso me lembra uma língua alemã misturada com hebraico, sabe qual?
E então, Márcia, comece o dia, comece a vida, siga em frente e lembre-se, apenas, das pessoas queridas! Neste e nos outros aniversários, nesta e em todas as vidas que voce ganhar. Todo aniversário e', de presente, uma nova vida!
Todo mundo pensa que o dia do aniversario pode ser chamado de "meu", mas e' mentira. Poucas pessoas realmente nascem no dia delas. Meu dia já existia antes mesmo de eu existir. E não pense "mas e' claro!" porque, antes disso, ele era apenas um dia no calendário. Então, em uma determinada hora cósmica, mamãe e papai me decidiram fazer e assim nasceu eu: no meu dia, formado especialmente para mim, 2 de junho.
Sim, o meu dia finalmente chegou. Não que eu tenha esperado muito por ele, porque a idade me pesa as costas e me rouba a inocência. Mas, chegou. E eu, que fazia mil planos a serem concretizados neste dia e alimentava em mim uma ansiedade imensa com medo de os planos não acontecerem, deixei fluir.
E meu lindo dia começou sereno, tranquilo e silencioso, como eu gosto. Foi comemorado com muito amor, brindado pelo meu sono matutino. Mensagens delicadas, desejos bons e sinceros, almoço de engorda, sobremesa estrangeira, telefonemas das pessoas-pessoas, presente-super (como sempre!) do meu pai, passeio de carro pela cidade sitiada e, ao fim do dia, carinho dele... :) + sorvete + passeio de carro + conversas jogadas ao vento + local especial + amor.
Meu dia já se vai e eu, saudosa, fico aqui, mais uma vez, esperando por ele. Uma pena o meu dia durar tao pouco, apenas 24 horas! Sempre achei que eu precisava de mais.
E assim fecho mais um ciclo e abro mais um outro. Eu, nesta minha idade mistica que tiveram os ídolos do rock, sigo a vida a aprender. Aos trancos e barrancos, com arte e com chuva, com sobremesa e meias no pé. E sempre desejando "sair dessa mais forte". Inicio uma vida nova que dei para mim, inicio mais uma folha colorida na minha historia de vida - historia esta que não terá mais algumas pessoas. Vida que segue porque os anos e os aniversários não voltam mais.
Parabéns para mim. Eu realmente mereço parabéns por tudo que vivi, não e' mesmo Vida? So quem esta pertinho de mim sabe um pouco do meu Eu. Aqui começo um começo de seguir em frente, deixando para trás tudo o que não foi. Apenas o que e' continua e o que já passou não e' mais. Isso me lembra uma língua alemã misturada com hebraico, sabe qual?
E então, Márcia, comece o dia, comece a vida, siga em frente e lembre-se, apenas, das pessoas queridas! Neste e nos outros aniversários, nesta e em todas as vidas que voce ganhar. Todo aniversário e', de presente, uma nova vida!
31 de mai. de 2013
Esquecer
My biggest wish. My sweet, tender wish. I must take good care of it, so it happens. So it saves me. So it erases you.
As vezes, tudo o que precisamos na vida e' esquecer pessoas, e' esquecer acontecimentos, e' esquecer lugares, e' esquecer historias - historias: talvez seja este o meu problema. Tenho medo de esquecer você por temer esquecer a minha historia. Parte do que fui eu. Parte do que sou. Mas não parte do que serei!
Ah, como eu queria uma mente limpa, tranquila e vazia, sem a sua imagem e sem a memoria de você. Livre-me de você, por favor. Minha memoria não tem boas lembranças de você e, por isso, eu quero que você vá, mesmo tendo ido ha muito tempo.
Quero que você vá, porque não deixou nada bom.
27 de mai. de 2013
Sabotando a felicidade
Era uma vez a menina que ficava na janela a sabotar a felicidade.
Diversas vezes a felicidade passou, ora com olhos azuis, ora com olhos castanhos. A felicidade também teve rosto de cabelos loiros e rosto de cabelos pretos. A felicidade a pegou na mão, a levou no abraco e a soprou para as espumas da satisfação.
Ah, poderia estar sonhando! - pensava ela. E estava mesmo. Mas isso não queria dizer que precisava acordar. Mas ela não conseguia. Ia la e se sabotava. A menina vasculhava em tudo, meio assim muito desconfiava. Contava ate pedrinhas no asfalto, se fosse preciso. A menina, ressabiada, não sabia o que era aquilo - o que foi que causou: o meio em que cresceu, seu horoscopo, seus familiares ou qualquer outra coisa.
Vai ver era mesmo culpa dela. Mas, assim como muitos, ela tendia a achar que tudo tinha uma causa. E esta seria culpa dos outros.
Era uma vez a menina que sabotava a felicidade. A menina que nunca se deixava abracar. A menina que não fechava os olhos. A menina que não aproveitava o momento. A menina que desconfiava da doçura e leveza de algodão-doce.
Era uma vez uma menina.
Diversas vezes a felicidade passou, ora com olhos azuis, ora com olhos castanhos. A felicidade também teve rosto de cabelos loiros e rosto de cabelos pretos. A felicidade a pegou na mão, a levou no abraco e a soprou para as espumas da satisfação.
Ah, poderia estar sonhando! - pensava ela. E estava mesmo. Mas isso não queria dizer que precisava acordar. Mas ela não conseguia. Ia la e se sabotava. A menina vasculhava em tudo, meio assim muito desconfiava. Contava ate pedrinhas no asfalto, se fosse preciso. A menina, ressabiada, não sabia o que era aquilo - o que foi que causou: o meio em que cresceu, seu horoscopo, seus familiares ou qualquer outra coisa.
Vai ver era mesmo culpa dela. Mas, assim como muitos, ela tendia a achar que tudo tinha uma causa. E esta seria culpa dos outros.
Era uma vez a menina que sabotava a felicidade. A menina que nunca se deixava abracar. A menina que não fechava os olhos. A menina que não aproveitava o momento. A menina que desconfiava da doçura e leveza de algodão-doce.
Era uma vez uma menina.
Lately
Dying
Is an art, like everything else.
I do it exceptionally well.
I do it so it feels like hell.
I do it so it feels real.
I guess you could say I've a call.
(Sylvia Plath)
Is an art, like everything else.
I do it exceptionally well.
I do it so it feels like hell.
I do it so it feels real.
I guess you could say I've a call.
(Sylvia Plath)
24 de mai. de 2013
Anyway
Suddenly it comes and it happens and I lost control. I am aware of it though.
I look at myself but I'm not able to see. Yet, I see another self.
Hey, excuse me. Hey, I am sorry. Hey, that's okay. Hey, that's wrong. Hey, that's why.
Sometimes I think I gotta say goodbye. Sometimes I think I gotta say goodbye twice - this time, including me. I often wonder when I'll leave. That must be the case, that must be the consequence, that might be my destiny.
I know it's wrong but I do it anyway. I do it because it feels right.
I look at myself but I'm not able to see. Yet, I see another self.
Hey, excuse me. Hey, I am sorry. Hey, that's okay. Hey, that's wrong. Hey, that's why.
Sometimes I think I gotta say goodbye. Sometimes I think I gotta say goodbye twice - this time, including me. I often wonder when I'll leave. That must be the case, that must be the consequence, that might be my destiny.
I know it's wrong but I do it anyway. I do it because it feels right.
23 de mai. de 2013
Nada
Eu estaria finalmente aprendendo a dizer adeus. Deixava ir. Deixava ficar. Tanto faz. Muitas vezes eu parava no meio da longa estrada da vida para me perguntar se estaria mesmo. Enquanto isso, ia.
Por muitas vezes desejei não esquecer. Desejei forte. Prometi a mim mesma. Acreditei. Tive certeza. Tinha certeza.
Por muitas vezes, desejei esquecer. Decidi cortas as raízes. Decidi apagar. Tentei não lembrar. Fingi esquecer. Agi vazia por dentro, como alguém que não sente.
A doce lembrança que você deixou muitas vezes e' questionada pelo meu coração Alias, pelo meu coração não. Pela minha mente. Porque este meu coração e' mole como uma criança. Confesso que muitas vezes fechei os dedos, como a não deixar escapar das minhas mãos aquilo que eu julgava nunca morrer por dentro. Mas chegou o tempo de eu esquecer - e como eu desejei que este tempo chegasse! Desde que iniciei minha caminhada em uma tarde de neblina fria, sozinha, desejei esquecer você, que se foi.
Pegue suas roupas, seus cadernos e sua mala. Pegue as folhas de rascunho escritas para a faculdade. Pegue seus livros de politica e a característica que mais te descreve - e que não vou citar aqui. Pegue suas lembranças por onde passou nesse mundo, sua viagem a America Latina e os amores que conquistou. Pegue seu sotaque e as muitas línguas que fala. Pegue sua historia e a historia da formação do mundo como ele e' hoje. Pegue sua participação na II Guerra Mundial e os vestígios que deixou. Pegue sua viagem as terras francesas e outros significados que acrescento a isto. Pegue as comidas que cozinhou e as viagens de ônibus Pegue os convites para jantar fora e as lições que me deu. Pegue também tudo o que te ensinei e tudo o que não te ensinei porque preferi ficar calada. Pegue as experiencias e as novidades e a bicicleta, que e' para não se perder no caminho. Pegue também o avião Pegue aquela noite que ficou marcada no meu coração machucado, aquela noite em que você me machucou. Pegue os encontros apos as aulas, a sua espera por mim na porta da faculdade. E nossas brigas. Pegue todos os sorvetes que um dia você me daria porque, de você eu não quero nada. Pegue bolsas e enche-as de historias para contar para seus familiares quando voltar para casa. Pegue os presentes que me deu também por favor. Pegue o trem. Pegue os cadáveres dos judeus que foram mortos. Pegue os venenos do campo de concentração. E não se esqueça de pegar o mau feito aos ciganos europeus. Pegue tudo, menos a minha mão E pegue o futuro de a guerra aqui não ter chegado. Porque se tivesse chegado, não mais haveria EU.
Pegue tudo isso e transforme em nada.
Por muitas vezes desejei não esquecer. Desejei forte. Prometi a mim mesma. Acreditei. Tive certeza. Tinha certeza.
Por muitas vezes, desejei esquecer. Decidi cortas as raízes. Decidi apagar. Tentei não lembrar. Fingi esquecer. Agi vazia por dentro, como alguém que não sente.
A doce lembrança que você deixou muitas vezes e' questionada pelo meu coração Alias, pelo meu coração não. Pela minha mente. Porque este meu coração e' mole como uma criança. Confesso que muitas vezes fechei os dedos, como a não deixar escapar das minhas mãos aquilo que eu julgava nunca morrer por dentro. Mas chegou o tempo de eu esquecer - e como eu desejei que este tempo chegasse! Desde que iniciei minha caminhada em uma tarde de neblina fria, sozinha, desejei esquecer você, que se foi.
Pegue suas roupas, seus cadernos e sua mala. Pegue as folhas de rascunho escritas para a faculdade. Pegue seus livros de politica e a característica que mais te descreve - e que não vou citar aqui. Pegue suas lembranças por onde passou nesse mundo, sua viagem a America Latina e os amores que conquistou. Pegue seu sotaque e as muitas línguas que fala. Pegue sua historia e a historia da formação do mundo como ele e' hoje. Pegue sua participação na II Guerra Mundial e os vestígios que deixou. Pegue sua viagem as terras francesas e outros significados que acrescento a isto. Pegue as comidas que cozinhou e as viagens de ônibus Pegue os convites para jantar fora e as lições que me deu. Pegue também tudo o que te ensinei e tudo o que não te ensinei porque preferi ficar calada. Pegue as experiencias e as novidades e a bicicleta, que e' para não se perder no caminho. Pegue também o avião Pegue aquela noite que ficou marcada no meu coração machucado, aquela noite em que você me machucou. Pegue os encontros apos as aulas, a sua espera por mim na porta da faculdade. E nossas brigas. Pegue todos os sorvetes que um dia você me daria porque, de você eu não quero nada. Pegue bolsas e enche-as de historias para contar para seus familiares quando voltar para casa. Pegue os presentes que me deu também por favor. Pegue o trem. Pegue os cadáveres dos judeus que foram mortos. Pegue os venenos do campo de concentração. E não se esqueça de pegar o mau feito aos ciganos europeus. Pegue tudo, menos a minha mão E pegue o futuro de a guerra aqui não ter chegado. Porque se tivesse chegado, não mais haveria EU.
Pegue tudo isso e transforme em nada.
8 de mai. de 2013
O maior mistério da humanidade
E' que dizem que quando um filho nasce, nascem nos pais novas pessoas. Essas se tornam outras. Nasce também o amor, a mais sincera forma deste sentimento que perpetuou o mundo e que, por onde passou, fez moradia no coração dos jovens.
A medida que o tempo passa e os filhos crescem, os dias ganham tons amarelados e tudo passa a ser um costume. Os filhos cresceram. Os novos dias são agora apenas dias repetidos, pois os filhos já sabem ler, já sabem andar e já sabem quem são, sendo eles mesmos. Não ha' nada de novo a não ser a repetição do mesmo.
E o sentimento que nascera no coração daqueles que se tornaram pais? Continuaria o mesmo? Ou mudaria? Aumentaria com o passar dos tempos? Ou murcharia como flor em muro?
Isso nunca sera possível saber, porque nunca na historia da humanidade alguém conseguiu habitar o coração dos pais - que não fossem os próprios filhos - e estender-se em suas mentes.
Este e' e sempre sera' o maior mistério da humanidade que nenhuma teoria, religião ciência ou coisa e tal conseguiu responder.
A medida que o tempo passa e os filhos crescem, os dias ganham tons amarelados e tudo passa a ser um costume. Os filhos cresceram. Os novos dias são agora apenas dias repetidos, pois os filhos já sabem ler, já sabem andar e já sabem quem são, sendo eles mesmos. Não ha' nada de novo a não ser a repetição do mesmo.
E o sentimento que nascera no coração daqueles que se tornaram pais? Continuaria o mesmo? Ou mudaria? Aumentaria com o passar dos tempos? Ou murcharia como flor em muro?
Isso nunca sera possível saber, porque nunca na historia da humanidade alguém conseguiu habitar o coração dos pais - que não fossem os próprios filhos - e estender-se em suas mentes.
Este e' e sempre sera' o maior mistério da humanidade que nenhuma teoria, religião ciência ou coisa e tal conseguiu responder.
6 de mai. de 2013
Não e' nada não
Pequena mente doente, de onde saem tantas coisas. O estado em que se encontra e' o seu estado neste momento. Neste momento. Quem dirá o próximo. Quem dirá - quem se atreve?
Pequena mente doente, de onde passarinhos fogem das gaiolas, pare de perambular por entre noites escuras, ainda que o dia seja tao chato. Pequena mente doente de onde tantas cores soam suave. Seria você uma pessoa a parte?
Pequena mente doente, que precisa de cuidados, quem se lembrou do ano novo no calendário E você pequena mente doente, passaria por aquela ladeira a ser notada? Pequena mente doente, e' preciso esconder os desenhos que se fez. Mas não, pequeno pedaço dela, não e' para afugentar a sina de ser ciente; e' para aliviar a dor de ser.
Pequena mente doente onde tantos habitaram, por que deixou-se habitar? Por que foi dando lugar para tanta gente, e tantas coisas, e tantos lugares a ponto de perder-se? Encontrara o seu lugar?
Pequena mente doente, volte para casa e volte a dormir. E só acorde quando o mundo inteiro tiver sido pintado de apenas uma cor, e as ondas estiverem monótonas, e o charuto tiver chegado ao seu estado de decomposição e o gato tiver caído da janela do sexto andar, enquanto o trem passa desgovernado e despercebido, como se nada tivesse acontecido.
Pequena mente doente, de onde passarinhos fogem das gaiolas, pare de perambular por entre noites escuras, ainda que o dia seja tao chato. Pequena mente doente de onde tantas cores soam suave. Seria você uma pessoa a parte?
Pequena mente doente, que precisa de cuidados, quem se lembrou do ano novo no calendário E você pequena mente doente, passaria por aquela ladeira a ser notada? Pequena mente doente, e' preciso esconder os desenhos que se fez. Mas não, pequeno pedaço dela, não e' para afugentar a sina de ser ciente; e' para aliviar a dor de ser.
Pequena mente doente onde tantos habitaram, por que deixou-se habitar? Por que foi dando lugar para tanta gente, e tantas coisas, e tantos lugares a ponto de perder-se? Encontrara o seu lugar?
Pequena mente doente, volte para casa e volte a dormir. E só acorde quando o mundo inteiro tiver sido pintado de apenas uma cor, e as ondas estiverem monótonas, e o charuto tiver chegado ao seu estado de decomposição e o gato tiver caído da janela do sexto andar, enquanto o trem passa desgovernado e despercebido, como se nada tivesse acontecido.
5 de mai. de 2013
O Fim esta proximo
This is the end,
beautiful friend,
this is the end,
my only friend,
the end.
(Jim Morrison)
3 de mai. de 2013
Derretendo
E se eu pudesse congelar esta noite para sempre; e se eu pudesse congelar este meu sentimento para sempre; e se eu pudesse congelar estes meus pensamentos assim desse jeito de agora para sempre; e se eu pudesse congelar este meu sorriso assim para sempre ... eu os moldaria a fim de ficarem todos juntinhos em uma moldura que colocarei em uma mesinha da minha sala de visitas - a minha sala de visitas sou eu.
E fico assim nesta alegria, meio derretida e meio forte, com sorriso no canto do rosto e meus olhos castanhos vivos mais brilhantes do que nunca. Meus bracos ficam pesados, indicando o quão leve estou. Ei, não consigo me controlar e segurar meu sorriso.
Que delicia e' existir aquele alguém que te liga no fim da noite e faz com que tudo não signifique nada e tudo signifique tudo e você agradeça pelos segundos e sorri de canto a canto da boca e ...
agradece por estar viva, perdoa a si mesma, lembra o valor que tem e valoriza quem realmente significa muita coisa preciosa!
Ai, acho que estou derretendo.
:) :) :) !!!
E fico assim nesta alegria, meio derretida e meio forte, com sorriso no canto do rosto e meus olhos castanhos vivos mais brilhantes do que nunca. Meus bracos ficam pesados, indicando o quão leve estou. Ei, não consigo me controlar e segurar meu sorriso.
Que delicia e' existir aquele alguém que te liga no fim da noite e faz com que tudo não signifique nada e tudo signifique tudo e você agradeça pelos segundos e sorri de canto a canto da boca e ...
agradece por estar viva, perdoa a si mesma, lembra o valor que tem e valoriza quem realmente significa muita coisa preciosa!
Ai, acho que estou derretendo.
:) :) :) !!!
Deixando de ser eu
Decidi que não vou mais escrever, que é para não dar ouvido aos meus sentimentos. Preciso parar de alimentar este ser que sou eu, me deixar de lado, sem atenção, que é para ir dormindo e nunca despertar para a vida.
Precisa parar de prestar atenção nos detalhes e notar as construções históricas pelos caminhos que passo. Preciso me acostumar com o que há de errado no mundo sem esta minha ânsia de lutar por justiça. Preciso me acostumar com o atraso do trem e agora não mais reclamar do ônibus, já que tenho um carro lindo e novo e meu. Vamos ignorando a vida e vamos vivendo.
Preciso me desfazer de todas as minhas canetas coloridas que são reverenciadas como verdadeiros tesouros e esconder meus cadernos delicados com desenhos importados. Sempre tive pena de escrever neles, pois são tão bonitos, e agora chegou a hora de me proibir de vez.
Preciso assistir televisão no domingo, que é para não ativar meu cérebro. Preciso queimar meus filmes e doar meus livros. Preciso esconder todos os cartões postais que recebi de amigos ao redor do mundo e que comprei pelas lugares que perambulei. Preciso esvaziar as caixas que estão cheias de memórias.
Preciso me segurar e não me permitir opinar sobre as guerras no mundo, sobre a situação da Palestina e sobre como morrem mais pessoas no Brasil do que no conflito da Síria. Preciso não notar ou fingir que não observei aquele vestido roxo com laço amarelo super brega que a senhora atravessando vestia. Preciso não me informar sobre o aborto, não lutar pelo direito à informação e banir de vez, pelo menos do meu mundo, qualquer documentário.
Preciso passar vontade e sofrer um pouquinho, me negando a encher de alegria este meu corpo com sorvete. Preciso me dessensibilizar, evitando escutar música. Preciso fazer os mesmos caminhos de sempre, não descobrindo uma só estrada só minha, a fim de cair nesta chata rotina. Preciso não esperar pela inspiração que os dias nublados me trarão.
E, por vim, preciso me despir de mim. Pois só assim deixarei de ser eu.
Precisa parar de prestar atenção nos detalhes e notar as construções históricas pelos caminhos que passo. Preciso me acostumar com o que há de errado no mundo sem esta minha ânsia de lutar por justiça. Preciso me acostumar com o atraso do trem e agora não mais reclamar do ônibus, já que tenho um carro lindo e novo e meu. Vamos ignorando a vida e vamos vivendo.
Preciso me desfazer de todas as minhas canetas coloridas que são reverenciadas como verdadeiros tesouros e esconder meus cadernos delicados com desenhos importados. Sempre tive pena de escrever neles, pois são tão bonitos, e agora chegou a hora de me proibir de vez.
Preciso assistir televisão no domingo, que é para não ativar meu cérebro. Preciso queimar meus filmes e doar meus livros. Preciso esconder todos os cartões postais que recebi de amigos ao redor do mundo e que comprei pelas lugares que perambulei. Preciso esvaziar as caixas que estão cheias de memórias.
Preciso me segurar e não me permitir opinar sobre as guerras no mundo, sobre a situação da Palestina e sobre como morrem mais pessoas no Brasil do que no conflito da Síria. Preciso não notar ou fingir que não observei aquele vestido roxo com laço amarelo super brega que a senhora atravessando vestia. Preciso não me informar sobre o aborto, não lutar pelo direito à informação e banir de vez, pelo menos do meu mundo, qualquer documentário.
Preciso passar vontade e sofrer um pouquinho, me negando a encher de alegria este meu corpo com sorvete. Preciso me dessensibilizar, evitando escutar música. Preciso fazer os mesmos caminhos de sempre, não descobrindo uma só estrada só minha, a fim de cair nesta chata rotina. Preciso não esperar pela inspiração que os dias nublados me trarão.
E, por vim, preciso me despir de mim. Pois só assim deixarei de ser eu.
2 de mai. de 2013
Stopping by Woods on a Snow Evening
Hoje meu querido Frost veio me fazer uma visita. Sussurrou sua poesia em meus ouvidos e deixou recados por onde eu não queria passar.
Nomeei os "woods" com seu nome e vi como tudo na vida faz sentido quando usa-se poesia. Seria você capaz de entender?
A mensagem de minha irmã também veio para abrir meus olhos. E' que ela me escreveu que, se te visse, te daria um murro. Sorte sua que ha' tantos imigrantes em sua casa ocupando o lugar dos judeus que se foram e, por isso, você não encontraria ela. Ela seria apenas mais uma na multidão com seus lindos olhos castanhos e lindos cabelos castanhos lisos. E uma delicadeza de donzela e um cérebro de cientista. E, ainda por cima, minha irmã - para tomar minhas dores, lembrar-se de mim e querer te dar um murro na cara.
Como isso não soa poético, não é mesmo? Soa até violento - até para um "povo" como o seu!
Voltamos a poesia:
Whose woods these are I think I know.
His house in the village, though;
He will not see me stopping here
To watch his woods fill up with snow.
....
The woods are lovely, dark [not really...ha, hi hit...ha!], and deep
But I have promises to keep,
And miles to go before I sleep,
And miles to go before I sleep.
(Robert Frost helping me to illustrate You, my dear).
Nomeei os "woods" com seu nome e vi como tudo na vida faz sentido quando usa-se poesia. Seria você capaz de entender?
A mensagem de minha irmã também veio para abrir meus olhos. E' que ela me escreveu que, se te visse, te daria um murro. Sorte sua que ha' tantos imigrantes em sua casa ocupando o lugar dos judeus que se foram e, por isso, você não encontraria ela. Ela seria apenas mais uma na multidão com seus lindos olhos castanhos e lindos cabelos castanhos lisos. E uma delicadeza de donzela e um cérebro de cientista. E, ainda por cima, minha irmã - para tomar minhas dores, lembrar-se de mim e querer te dar um murro na cara.
Como isso não soa poético, não é mesmo? Soa até violento - até para um "povo" como o seu!
Voltamos a poesia:
Whose woods these are I think I know.
His house in the village, though;
He will not see me stopping here
To watch his woods fill up with snow.
....
The woods are lovely, dark [not really...ha, hi hit...ha!], and deep
But I have promises to keep,
And miles to go before I sleep,
And miles to go before I sleep.
(Robert Frost helping me to illustrate You, my dear).
29 de abr. de 2013
Tem algo muito errado
E as vezes, ao chegar em casa, sinto-me distante do lar. Olho para trás para onde me encontro, sinto falta dos meus livros e meus escritos, me pergunto quem sou.
Este lugar não e' meu, eu não deveria estar aqui, você não deveria estar ai'. Tem algo muito errado e quem e' que irá mudar o modo como o mundo onde habitamos anda girando? Quem fará com que a Terra volte ao seu eixo original? Quem será o todo-poderoso a mudar tudo isso e voltar com as coisas para o lugar?
Tem alguma coisa muito errada, porque meu desejo não foi atendido. E o meu desejo e' o eco da voz da Terra. Eu só queria o bem de ser feliz. Eu só queria experimentar o êxtase da primavera. Eu só queria sorrir mais um milhão de vezes nas noites mais geladas. Eu só queria poder andar de encontro ao vento sem me importar com minhas bochechas gordinhas sendo cortadas pelo frio. Eu só queria ser eu novamente, quando estou com você.
O mundo não mudou de lugar. O mundo continua o mesmo. Mudaram as estações que jamais foram as mesmas, embora repitam-se todo ano...
Tem algo muito errado e eu ainda não entendi o motivo. Sim, logo eu, tão cheia de perguntas, tão cheia de respostas e tão cheia de metáforas. Tem algo muito errado e, mais do que descobrir o motivo, eu preciso mudar isso.
Eu preciso tanto mudar isso!
Este lugar não e' meu, eu não deveria estar aqui, você não deveria estar ai'. Tem algo muito errado e quem e' que irá mudar o modo como o mundo onde habitamos anda girando? Quem fará com que a Terra volte ao seu eixo original? Quem será o todo-poderoso a mudar tudo isso e voltar com as coisas para o lugar?
Tem alguma coisa muito errada, porque meu desejo não foi atendido. E o meu desejo e' o eco da voz da Terra. Eu só queria o bem de ser feliz. Eu só queria experimentar o êxtase da primavera. Eu só queria sorrir mais um milhão de vezes nas noites mais geladas. Eu só queria poder andar de encontro ao vento sem me importar com minhas bochechas gordinhas sendo cortadas pelo frio. Eu só queria ser eu novamente, quando estou com você.
O mundo não mudou de lugar. O mundo continua o mesmo. Mudaram as estações que jamais foram as mesmas, embora repitam-se todo ano...
Tem algo muito errado e eu ainda não entendi o motivo. Sim, logo eu, tão cheia de perguntas, tão cheia de respostas e tão cheia de metáforas. Tem algo muito errado e, mais do que descobrir o motivo, eu preciso mudar isso.
Eu preciso tanto mudar isso!
To you, my Dears
Days that cannot bring you near
or will not,
Distance trying to appear
something more obstinate,
argue argue argue with me
endlessly
neither proving you less wanted nor less dear.
Elizabeth Bishop
or will not,
Distance trying to appear
something more obstinate,
argue argue argue with me
endlessly
neither proving you less wanted nor less dear.
Elizabeth Bishop
27 de abr. de 2013
Hello I must be going
Então, quem sabe-talvez, o dia de você ir embora finalmente tenha chegado. Porque o dia de você ir não e' o dia que você escolheu, mas o dia que EU escolhi.
Quem sabe-talvez não tenha sido nenhum de nós dois a escolher nada; o dia chegou no dia que ele tinha que chegar.
Passaram-se ano, passaram-se meses, passaram-se datas e só você não passava, pois continuava aqui, embora já tivesse ido. Mas, quem sabe-talvez, este dia tenha chegado ontem a noite.
Sonho que não te deixo ir e, ao acordar, interpreto como já permitindo que você vá. Meu inconsciente, que habita esta minha mente desgovernada mas que me agrada muito, quer mantê-lo aqui, por costume, por birra, por mania, por acomodação ... quem sabe por amor. Mas você precisa ir.
Ficarão guardados em um porão distante as cartas, as promessas, os dias passados juntos, as viagens, as mãos dadas, as comidas experimentadas, os olhares, as palavras trocadas, os beijos molhados, os sonos divididos na mesma cama, os estudos também divididos, os filmes assistidos, o que aprendi, a saudade, os presente que recebi, os presentes que te comprei e guardei, os cheiros, as manias, o sorriso e os olhos que nunca esquecerei, a esperança as fotos ... e tantas, tantas, tantas outras coisas vividas, e ainda tantas outras guardadas porque poderiam ter sido vividas e não foram.
Mas segue-se a lei da vida. Quem tem mapa em mãos direciona-se melhor; quem está perdido vai sendo empurrado, mas mesmo assim vai com a multidão. Chama-se ciclo.
Então aqui ficam minhas esperanças alimentadas de verde por um partido Nazista, e minhas dúvidas pintadas de vermelho e preto por um simbolo da Suástica. Não sei mais do amanhã porque não sei fazer contas e acho todas as profissões que lidam com números muito chatas. Mas sei do que vivi e isto não se conta - se vive, se ama, se guarda.
Hello, I must be going.
Quem sabe-talvez não tenha sido nenhum de nós dois a escolher nada; o dia chegou no dia que ele tinha que chegar.
Passaram-se ano, passaram-se meses, passaram-se datas e só você não passava, pois continuava aqui, embora já tivesse ido. Mas, quem sabe-talvez, este dia tenha chegado ontem a noite.
Sonho que não te deixo ir e, ao acordar, interpreto como já permitindo que você vá. Meu inconsciente, que habita esta minha mente desgovernada mas que me agrada muito, quer mantê-lo aqui, por costume, por birra, por mania, por acomodação ... quem sabe por amor. Mas você precisa ir.
Ficarão guardados em um porão distante as cartas, as promessas, os dias passados juntos, as viagens, as mãos dadas, as comidas experimentadas, os olhares, as palavras trocadas, os beijos molhados, os sonos divididos na mesma cama, os estudos também divididos, os filmes assistidos, o que aprendi, a saudade, os presente que recebi, os presentes que te comprei e guardei, os cheiros, as manias, o sorriso e os olhos que nunca esquecerei, a esperança as fotos ... e tantas, tantas, tantas outras coisas vividas, e ainda tantas outras guardadas porque poderiam ter sido vividas e não foram.
Mas segue-se a lei da vida. Quem tem mapa em mãos direciona-se melhor; quem está perdido vai sendo empurrado, mas mesmo assim vai com a multidão. Chama-se ciclo.
Então aqui ficam minhas esperanças alimentadas de verde por um partido Nazista, e minhas dúvidas pintadas de vermelho e preto por um simbolo da Suástica. Não sei mais do amanhã porque não sei fazer contas e acho todas as profissões que lidam com números muito chatas. Mas sei do que vivi e isto não se conta - se vive, se ama, se guarda.
Hello, I must be going.
21 de abr. de 2013
Não se esqueça que você vai morrer
Não se esqueça que você vai morrer. E entao morrerao os sapatos, os passos nao dados, as maos dadas, os abracos partidos.
Não se esqueça que você vai morrer. E a caixa onde guardo todos os presentes que ganhei de voce sera apenas uma coisa a mais a ocupar espaco neste espaco de tempo. Os cheiros ja nao sinto mais e, quando voce morrer, as lembrancas estarao tao secas que serao varridas como folhas de outono.
Não se esqueça que você vai morrer. E entao irao embora os bons momentos, as lembrancas, as pirracas, as brigas, as idas ao nosso restaurante favorito, as vezes que esperamos pelo taxi e os textos de politica. Quando voce morrer, sei que o ceu ficara de um tom azul escuro em homenagem a mim. Este sim sera o meu dia.
Não se esqueça que você vai morrer. E as fotos que tenho de ti, e as fotos que tiramos juntos, nao mais serao historia. Serao apenas fotos, como em papel. Por que quando voce morrer, nao vou mais me lembrar de ti ao ir ao supermercado, e nem mais sentirei falta da sua companhia nas sextas a tarde. Quando voce morrer o trem tera cruzado o caminho e passado por cima de mim, buzinando atras da montanhas que enfeitam o fim da rua onde fica a minha casa.
Não se esqueça que você vai morrer. E esse dia chegara sem que voce faca nada. E foi exatamente porque voce nao fez nada que este dia chegara. O dia em que voce morrer.
O dia em que voce morrer nao necessariamente quer dizer que voce deixara de existir. Pode ser para voce o dia do seu nascimento, ou o dia da sua ressurreicao, como uma fenix, sem qualquer tom religioso. Para nao lembrar de mim em nenhum momento sequer.
Não se esqueça que você vai morrer e com isso irao a pulseira de pedar de um aquario, os cachecois gemeos, as blusas que esquentam o frio, os sneakers pelos quais dividimos a paixao, os cabelos grandes, os apelidos que significam nossos nomes, os filmes que prometemos ver e nao vimos, as cartas e cartoes com escritos, a ajuda naquele trabalho da faculdade, minha critica realista, minha defesa pelo desconstrutivismo, as fotos da sua linda familia, a comida mexicana, as caminhadas pela cidade, os edificios abandonados, o trem que nao nos leva a lugar nenhum mas nos deixa vislumbrar nossa cidade, a saudade que nao pude matar e tive que enterrar em mim, o barco na beira do rio que divide os dois paises, a mendiga de rua que gostou de voce, a ida aquele restaurante que nao quero citar o nome, as noites que nunca mais dormiremos juntos, seus olhos verdes caidos que me dizem tanto, seu sorriso que ilustrou meu dia, os presentes que nunca jamais enviei, os segundos que nao foram gastos.
Não se esqueça que você vai morrer, e quando este dia chegar, tera chegado.
Não se esqueça que você vai morrer. E a caixa onde guardo todos os presentes que ganhei de voce sera apenas uma coisa a mais a ocupar espaco neste espaco de tempo. Os cheiros ja nao sinto mais e, quando voce morrer, as lembrancas estarao tao secas que serao varridas como folhas de outono.
Não se esqueça que você vai morrer. E entao irao embora os bons momentos, as lembrancas, as pirracas, as brigas, as idas ao nosso restaurante favorito, as vezes que esperamos pelo taxi e os textos de politica. Quando voce morrer, sei que o ceu ficara de um tom azul escuro em homenagem a mim. Este sim sera o meu dia.
Não se esqueça que você vai morrer. E as fotos que tenho de ti, e as fotos que tiramos juntos, nao mais serao historia. Serao apenas fotos, como em papel. Por que quando voce morrer, nao vou mais me lembrar de ti ao ir ao supermercado, e nem mais sentirei falta da sua companhia nas sextas a tarde. Quando voce morrer o trem tera cruzado o caminho e passado por cima de mim, buzinando atras da montanhas que enfeitam o fim da rua onde fica a minha casa.
Não se esqueça que você vai morrer. E esse dia chegara sem que voce faca nada. E foi exatamente porque voce nao fez nada que este dia chegara. O dia em que voce morrer.
O dia em que voce morrer nao necessariamente quer dizer que voce deixara de existir. Pode ser para voce o dia do seu nascimento, ou o dia da sua ressurreicao, como uma fenix, sem qualquer tom religioso. Para nao lembrar de mim em nenhum momento sequer.
Não se esqueça que você vai morrer e com isso irao a pulseira de pedar de um aquario, os cachecois gemeos, as blusas que esquentam o frio, os sneakers pelos quais dividimos a paixao, os cabelos grandes, os apelidos que significam nossos nomes, os filmes que prometemos ver e nao vimos, as cartas e cartoes com escritos, a ajuda naquele trabalho da faculdade, minha critica realista, minha defesa pelo desconstrutivismo, as fotos da sua linda familia, a comida mexicana, as caminhadas pela cidade, os edificios abandonados, o trem que nao nos leva a lugar nenhum mas nos deixa vislumbrar nossa cidade, a saudade que nao pude matar e tive que enterrar em mim, o barco na beira do rio que divide os dois paises, a mendiga de rua que gostou de voce, a ida aquele restaurante que nao quero citar o nome, as noites que nunca mais dormiremos juntos, seus olhos verdes caidos que me dizem tanto, seu sorriso que ilustrou meu dia, os presentes que nunca jamais enviei, os segundos que nao foram gastos.
Não se esqueça que você vai morrer, e quando este dia chegar, tera chegado.
13 de abr. de 2013
Estaríamos mortas
I have always been scare of you,
With your Luftwaffe, your gobbledygoo.
And your neat mustache
And your Aryan eye, bright blue.
Panzer-man, panzer-man, O You--
Not God but a swastika
So black no sky could speak through.
Every woman adores a Fascist,
The boot in the face, the brute
Brute heart of a brute like you.
(Sylvia Plath)
....
How could You do that? How could YOU do that!!!?
Conversas com minha irmã comecam em um sábado pela manha, quando ela vem, deita em minha cama e começa a lamentar: "o que fizeram os alemães? Por que fizeram aquilo os alemães? Ah, Anne Frank! Márcia, um alemão?! Ah, que raiva. Por que os nazistas eram assim? E se os nazistas tivessem ganhado a guerra...?".
"Estaríamos mortas", respondo eu à minha irmã - "by a brute, brute heart of a [German] brute like You".
8 de abr. de 2013
You
Perhaps she wanted to say she was sorry even though it wouldn't change a bit. Perhaps things are supposed to happen the way they do, and then she could not blame herself. Yet, she was the master of her life and thus she had the last word regarding guilty. But then her mind comes to scene, and there's no control anymore. She can't judge, she can't say. She can only listen and see. And agree. Will you ever know?
Hey, I am sorry. For all I did, for all I did not. I was sick inside my mind and I really didn't know what was going on. I just wanted to say I was and am sorry, and leave the rest to you. I just don't want to have anything to do with this. I just wanted to say I am sorry, hey, You, because I want to be sure the decision was yours. I just want to feel I wasn't part of this. I just want to be sure I didn't take part in the process of breaking my heart. You, only you, did.
Hey, I am sorry. For all I did, for all I did not. I was sick inside my mind and I really didn't know what was going on. I just wanted to say I was and am sorry, and leave the rest to you. I just don't want to have anything to do with this. I just wanted to say I am sorry, hey, You, because I want to be sure the decision was yours. I just want to feel I wasn't part of this. I just want to be sure I didn't take part in the process of breaking my heart. You, only you, did.
6 de abr. de 2013
Doce
Que doce eh a noite e o dia e os momentos e as historias e as mensagens e a espera e os motivos ... que envolvem voce.
Que ainda mais doce tornou-se o ja tao doce sabado, e a sexta e os minutos.
Que leve eh acordar em um dia de nao fazer nada, sabendo que muito podera ser feito com voce.
Que doce eh assim.
Que ainda mais doce tornou-se o ja tao doce sabado, e a sexta e os minutos.
Que leve eh acordar em um dia de nao fazer nada, sabendo que muito podera ser feito com voce.
Que doce eh assim.
5 de abr. de 2013
Deixa ela entrar
Se deixasse a porta aberta, juro que ela escaparia, escalaria muros, pularia obstáculos para até chegar neste lugar impossível a quem ela chama de você.
Os carros que cruzam as ruas, o ciclista que espera o sinal fechar, a mãe que leva o filho e a senhora idosa que empurra o carrinho de compras - nada disso ela iria notar. Nada disso fariam parte da imensidão porque estariam fora, já que imensidão ela escolheu ser você. Você, tão grande.
Se a deixasse entrar, ela invadiria. Se a deixasse entrar, ela viria com passos leves como o de uma bailarina a perder suas sapatilhas de balé. Ela viria a deixar os cabelos longos ao vento, porque não se importa que estejam bagunçados e parecidos com os seus.
Deixa ela entrar, e se fazer em casa, e se sentir em casa. Espreguiçar sobre o seu peito, passar os pés nos seus, cruzar dedos, cozinhar sem saber. Pintar o ambiente de azul, pôr aquela música que ela não sabe cantar e, ainda assim, cantar para você. Pegar a máquina mágica, registrar seu rosto e congelar no passar dos tempos uma memória que nunca se foi. Deixa ela entrar e ficar.
Se a deixasse entrar, ela tocaria na porta de uma leveza tão delicada que o mundo se abriria. As nuvens, tão leves, não mais se sustentariam e viriam a desabar. O planeta Terra, então, tornaria céu, e o mundo também.
2 de abr. de 2013
Meus pensamentos
E às vezes, como agora, eu me pergunto quem é que manda nos pensamentos da gente: os próprios pensamentos, nós mesmos, ou aquele que nunca deixa o nosso pensamento?
A espuma dos dias
Dias passam correndo e muitas vezes o garoto que brinca na esquina não consegue alcançá-los. Muito tempo para poucos dedos. Dedos demais com pouca desenvoltura. Vá saber.
Dias também passam devagar porque vêm longos. Há de se evitar? Diga-nos como.
O dia da vida passará em frente à janela alta, solitária e antiga, com vasos de flores em armação de ferro. Uma velha professora estará a ensinar a lição e a madame tentará cuidar da cortina. É preciso muita atenção mas, mais do que isso, é preciso sensibilidade.
Há que se sentir o correr do tempo. Há que se reconhecer que aquilo que tinha tanta importância já nem importa mais. Muitas vezes a questão da importância não é mérito nosso, pois se dependesse de nós ainda insistiríamos. É questão da vida. É a vida que escolhe. A vida, essa criatura devoradora que anda em círculos.
E, com o tempo que se vai, vão também nossos anéis. E nossos brincos, e batons, e buchas, e presilhas, e espelhos, e reflexos, e imagens, e memórias, e os beijos, e os diários, e a cristaleira, e tudo o mais. Vão-se tudo, ficam apenas os momentos.
Um dia na vida passa de carona na esquina. Quem pegou foi quem correu. Correu, muitas vezes, sem precisar sair do lugar. Porque se correu em espírito. Porque se foi sensível. Porque soube reparar. E estralou o dedo, e olhou de lado, e se foi. Como em uma aventura.
Os dias que passam já não voltam mais. Voltam apenas aqueles que não se foram. E esses não voltam mais, porque não se volta o que nunca se foi para longe da gente. Sempre ficou e ficará aqui. Porque os dias são assim: quando gastamos, eles vão. Quando desperdiçamos, eles desaparecem. Quando usamos de forma proveitosa, eles vêm. E quando vivemos os dias, eles permanecem.
Dias também passam devagar porque vêm longos. Há de se evitar? Diga-nos como.
O dia da vida passará em frente à janela alta, solitária e antiga, com vasos de flores em armação de ferro. Uma velha professora estará a ensinar a lição e a madame tentará cuidar da cortina. É preciso muita atenção mas, mais do que isso, é preciso sensibilidade.
Há que se sentir o correr do tempo. Há que se reconhecer que aquilo que tinha tanta importância já nem importa mais. Muitas vezes a questão da importância não é mérito nosso, pois se dependesse de nós ainda insistiríamos. É questão da vida. É a vida que escolhe. A vida, essa criatura devoradora que anda em círculos.
E, com o tempo que se vai, vão também nossos anéis. E nossos brincos, e batons, e buchas, e presilhas, e espelhos, e reflexos, e imagens, e memórias, e os beijos, e os diários, e a cristaleira, e tudo o mais. Vão-se tudo, ficam apenas os momentos.
Um dia na vida passa de carona na esquina. Quem pegou foi quem correu. Correu, muitas vezes, sem precisar sair do lugar. Porque se correu em espírito. Porque se foi sensível. Porque soube reparar. E estralou o dedo, e olhou de lado, e se foi. Como em uma aventura.
Os dias que passam já não voltam mais. Voltam apenas aqueles que não se foram. E esses não voltam mais, porque não se volta o que nunca se foi para longe da gente. Sempre ficou e ficará aqui. Porque os dias são assim: quando gastamos, eles vão. Quando desperdiçamos, eles desaparecem. Quando usamos de forma proveitosa, eles vêm. E quando vivemos os dias, eles permanecem.
31 de mar. de 2013
Down by the Salley Gardens
Down by the salley gardens my love and I did meet;
[He] passed the salley gardens with little snow-white feet.
[He] bid me take love easy, as the leaves grow on the tree;
But I, being young and foolish, with [him] would not agree.
In a field by the river my love and I did stand,
And on my leaning shoulder [he] laird [his] snow-white hand.
[He] bid me take life easy, as the grass grows on the weirs;
But I was young and foolish, and now am full of tears.
Márcia making use of Yeats'.
A dor da saudade
Ei, você: pode para de me visitar em sonho?
Não te dei permissão, não estava consciente, não abri as portas.
É sonho, mas a dor é real.
Como assim você se foi...? Eu apenas gostaria de descobrir como.
O como seria muito importante para eu aprender. Preciso aprender como. Preciso continuar forte. Preciso parar de contar tudo para a minha mãe no sonho. Mas ei, você: pode parar de me visitar em sonho?
Não que eu queira, mas é que a dor é muito forte.
A dor da saudade.
Não te dei permissão, não estava consciente, não abri as portas.
É sonho, mas a dor é real.
Como assim você se foi...? Eu apenas gostaria de descobrir como.
O como seria muito importante para eu aprender. Preciso aprender como. Preciso continuar forte. Preciso parar de contar tudo para a minha mãe no sonho. Mas ei, você: pode parar de me visitar em sonho?
Não que eu queira, mas é que a dor é muito forte.
A dor da saudade.
29 de mar. de 2013
Os incompreendidos
A você que não foi entendido: aqui moram os incompreendidos.
A você, que não se entendeu: passou noite, correu o rio, e amanheceu.
Os pássaros cantam como cantavam antes, embora comecem com um tom estridente. Acham que estão nos fazendo um favor quando estão apenas fazendo o seu trabalho.
Um ano na vida passa em um dia, mas houve também aquele dia que pareceu um ano. No nublado de um dia, mora aí a compreensão. Os incompreendidos, que são os outros, não compreendem porque não são.
Somos nós. Não são eles. Sou eu. É você. Eu sou. I am.
E no meio dos escritos que perderam forma transformando-se em sentimento, mora aqui no meu peito este lugar. Este lugar sempre irá existir, porque este lugar é um lugar vazio. Este lugar é ocupado por você, que se foi. Às vezes é preciso ir para sempre estar aqui. Não é mesmo?
Queria você ter se descoberto. Queria você ter falado a voz dos anjos do simbolismo. Tudo na vida é símbolo e ser possuído pelo espírito de um índio não tira jamais o seu charme. Na verdade, tudo isso tem pouca importância porque o sentido já não existe mais, uma vez que há muito se foi.
Foi para não estar vendido. Aquele casaco atrás da porta, não era seu. Foi do seu pai. Foi da força aérea. Foi de uma universidade na Califórnia. Foi da namorada de vida. Foi das drogas e bebidas e cigarros e recaídas. Foi, mais ainda e acima de tudo, das canetas e papéis que chamo eu de diários. Hoje eles transformaram-se no que restou de você.
A incompreensão. Se você tivesse sido ouvido. Se você tivesse conseguido falar. Saiba você que sua imagem sempre existiu aos meus ouvidos. Ah, os incompreendidos. Sabem tanto eles da multidão? Sabem tanto eles da vida? Sabem tanto eles das pequenas coisas? Sabem dar lição?
Hoje em dia tudo está mais "evoluído". Isso, por exemplo, que existiu em você agora tem nome. Seria tratado e domado, mas não curado. Porque as pessoas não são curadas. Elas nascem assim. E assim o são. I am - lembra-se? Poderia agora até trazer para a cena a minha escritora favorita, só para te alegrar, você, que gostava tanto dos meus escritores.
Isso, tem nome. E o nome eu chamo pelo nome. Mas vou deixar para lá. Queria tratar, cuidar e preservar, que era para durar por mais um tempo. O tempo é uma coisa sagrada e, por isso, mística. O tempo não começa e não se acaba, mas o tempo se foi.
A você, meu incompreendido, a quem tanto compreendo e a quem divido minha compreensão, dedico esse escrito, dedico essas palavras que há poucos segundo eram apenas átomos, dedico meus dedos que esforço fazem e dedico, principalmente, meu pensamento.
No fim de tudo, as pessoas não existem. As pessoas moram em nossos pensamentos e lá elas estão. Apenas lá elas são. - I am -
Aos incompreendidos, era esta a compreensão.
A você, que não se entendeu: passou noite, correu o rio, e amanheceu.
Os pássaros cantam como cantavam antes, embora comecem com um tom estridente. Acham que estão nos fazendo um favor quando estão apenas fazendo o seu trabalho.
Um ano na vida passa em um dia, mas houve também aquele dia que pareceu um ano. No nublado de um dia, mora aí a compreensão. Os incompreendidos, que são os outros, não compreendem porque não são.
Somos nós. Não são eles. Sou eu. É você. Eu sou. I am.
E no meio dos escritos que perderam forma transformando-se em sentimento, mora aqui no meu peito este lugar. Este lugar sempre irá existir, porque este lugar é um lugar vazio. Este lugar é ocupado por você, que se foi. Às vezes é preciso ir para sempre estar aqui. Não é mesmo?
Queria você ter se descoberto. Queria você ter falado a voz dos anjos do simbolismo. Tudo na vida é símbolo e ser possuído pelo espírito de um índio não tira jamais o seu charme. Na verdade, tudo isso tem pouca importância porque o sentido já não existe mais, uma vez que há muito se foi.
Foi para não estar vendido. Aquele casaco atrás da porta, não era seu. Foi do seu pai. Foi da força aérea. Foi de uma universidade na Califórnia. Foi da namorada de vida. Foi das drogas e bebidas e cigarros e recaídas. Foi, mais ainda e acima de tudo, das canetas e papéis que chamo eu de diários. Hoje eles transformaram-se no que restou de você.
A incompreensão. Se você tivesse sido ouvido. Se você tivesse conseguido falar. Saiba você que sua imagem sempre existiu aos meus ouvidos. Ah, os incompreendidos. Sabem tanto eles da multidão? Sabem tanto eles da vida? Sabem tanto eles das pequenas coisas? Sabem dar lição?
Hoje em dia tudo está mais "evoluído". Isso, por exemplo, que existiu em você agora tem nome. Seria tratado e domado, mas não curado. Porque as pessoas não são curadas. Elas nascem assim. E assim o são. I am - lembra-se? Poderia agora até trazer para a cena a minha escritora favorita, só para te alegrar, você, que gostava tanto dos meus escritores.
Isso, tem nome. E o nome eu chamo pelo nome. Mas vou deixar para lá. Queria tratar, cuidar e preservar, que era para durar por mais um tempo. O tempo é uma coisa sagrada e, por isso, mística. O tempo não começa e não se acaba, mas o tempo se foi.
A você, meu incompreendido, a quem tanto compreendo e a quem divido minha compreensão, dedico esse escrito, dedico essas palavras que há poucos segundo eram apenas átomos, dedico meus dedos que esforço fazem e dedico, principalmente, meu pensamento.
No fim de tudo, as pessoas não existem. As pessoas moram em nossos pensamentos e lá elas estão. Apenas lá elas são. - I am -
Aos incompreendidos, era esta a compreensão.
De pouca importância
Em uma cidade grande como essa, ela fica perdida, indecisa em meio à suas opções de escolha que seriam mais úteis se fossem menos. Nessas horas lembrava-se como era difícil decidir, via-se em um abismo e, no fim, culpava seu signo do zodíaco ao contar para a irmã.
No caminho, notava as rodas gigantes. Perguntava-se se faltava muito para chegar, como se fosse possível responder. Torcia para torcidas que não existiam e procurava na loja a camisa de um time de futebol que não deveria estar ali.
Pensava sempre tão mal dos taxistas. Cruzava os dedos de medo e para não trazer azar. Lembrava-se que era sexta-feira santa e que, por isso, nada podia dar errado porque as pessoas devotas estariam rezando no lugar dela.
Ainda, por todo o caminho, perguntava-se se estava indo mesmo para o lugar certo - ela é assim, cheia de perguntas, cheia de respostas. Um shopping, em seu julgamento, jamais seria um lugar certo. Enquanto isso, era distraída pelas palmeiras que enfeitavam e enfeiavam o caminho. Ah, que cheiro de praia. Que roupa de praia. Que tudo de praia! - estou cansada. Não vou adaptar-me à situação e também colocar biquíni. Só dizendo por dizer.
Compraria as coisas o dinheiro? Mas dinheiro também não era uma coisa, e uma coisa inventada? Por que uns tinham tão pouco e outros tinham tão muito e outros tinham mais ou menos? Porque esse negócio de fazer copos de vidro e copos de plástico em vez de definir um só modo sem igual? Ah, as complicações.
Vamos pensar no caminho. Nos corredores sem fim que sempre levam aos mesmos lugares. Nas escadas rolantes que são usadas da forma errada por essas pessoas, os brasileiros. No moço de terno cumprindo o seu dever. Na menina, que sou eu, cumprindo o meu dever também indo lá perguntar, já que o trabalho dele é responder. Vou só para ele sentir-se útil. É que todo mundo é útil. Vamos pensar nos pensamentos calados que não saíram da minha boca e, por isso, não viraram palavras. Nas lojas caríssimas que eu não fui e nem me deixei olhar, porque acho de uma grande falta de respeito. Nas moças que trabalham nas lojas mas são pagas mesmo só para olhar. Olhar para o nada. Deve ser chato ser assim, né? Vestindo cachecol de zebra, então, nem pensar.
Mas ó céus com a sombra feita pelos coqueiros à beira mar onde passam os taxistas: como isso tem pouca importância.
No caminho, notava as rodas gigantes. Perguntava-se se faltava muito para chegar, como se fosse possível responder. Torcia para torcidas que não existiam e procurava na loja a camisa de um time de futebol que não deveria estar ali.
Pensava sempre tão mal dos taxistas. Cruzava os dedos de medo e para não trazer azar. Lembrava-se que era sexta-feira santa e que, por isso, nada podia dar errado porque as pessoas devotas estariam rezando no lugar dela.
Ainda, por todo o caminho, perguntava-se se estava indo mesmo para o lugar certo - ela é assim, cheia de perguntas, cheia de respostas. Um shopping, em seu julgamento, jamais seria um lugar certo. Enquanto isso, era distraída pelas palmeiras que enfeitavam e enfeiavam o caminho. Ah, que cheiro de praia. Que roupa de praia. Que tudo de praia! - estou cansada. Não vou adaptar-me à situação e também colocar biquíni. Só dizendo por dizer.
Compraria as coisas o dinheiro? Mas dinheiro também não era uma coisa, e uma coisa inventada? Por que uns tinham tão pouco e outros tinham tão muito e outros tinham mais ou menos? Porque esse negócio de fazer copos de vidro e copos de plástico em vez de definir um só modo sem igual? Ah, as complicações.
Vamos pensar no caminho. Nos corredores sem fim que sempre levam aos mesmos lugares. Nas escadas rolantes que são usadas da forma errada por essas pessoas, os brasileiros. No moço de terno cumprindo o seu dever. Na menina, que sou eu, cumprindo o meu dever também indo lá perguntar, já que o trabalho dele é responder. Vou só para ele sentir-se útil. É que todo mundo é útil. Vamos pensar nos pensamentos calados que não saíram da minha boca e, por isso, não viraram palavras. Nas lojas caríssimas que eu não fui e nem me deixei olhar, porque acho de uma grande falta de respeito. Nas moças que trabalham nas lojas mas são pagas mesmo só para olhar. Olhar para o nada. Deve ser chato ser assim, né? Vestindo cachecol de zebra, então, nem pensar.
Mas ó céus com a sombra feita pelos coqueiros à beira mar onde passam os taxistas: como isso tem pouca importância.
27 de mar. de 2013
As coisas fúteis escondidas
E ela, que é cheia de coisas, frufus e buxinhas. Mas, no momento seguinte, deixa tudo de lado, ainda que leve consigo tudo o que te pertence por merecimento e ordem de nascimento.
Ela, que tem mania por janelas. Que guarda os detalhes que vê com a alma. Que desenha em folhas que mais tarde ficarão perdidas em um dos quartos da casa. Ela, que tem suas opiniões e mantém o seu encanto por azul. Ela, que se deixou fisgar. Se deixou.
E as coias sérias continuarão sérias num tom de melodia com cheiro de melancia. Os edifícios históricos ilustrarão o fundo de sua mente onde moram seus pensamentos e a coleção de liguinhas deixará de existir porque é assim.
Continuarão a inclinação por determinadas comidas, seus medos bobos ignorados, o pavor de aranhas, a nostalgia pelos tempos frios, o jornal que faz parte de uma sala com poltrona. Sim, ficarão sua mania por tênis dos anos 90, sua admiração por jogadores de basquete, sua sintonia com barcos e sua indecisão quanto à escolha do esmalte. O medo de altura é futilidade.
E os centavos gastos com casquinhas de sorvete, estes são de grande importância. Os palavrões que fala, sua mania em andar rápido, sua preguiça por tudo o que é devagar. Parou na ponte para olhar os carros que cruzavam as rodovias, pensou em não pular. Caminharia até a biblioteca onde compraria uma camiseta com a figura de uma bicicleta. Esta, ela deu a ele.
As pessoas que falavam alto ... ah, as pessoas que falavam alto deveriam todas desaparecer! Elas interferem em seus pensamentos, criam garras em suas mãos, impedindo-a de escrever, sorrir ou viver. - Este é apenas um parênteses nessa onda de escrita -
No fundo uma canção de rap, ao lado da cama um cartão de crédito que entrega que ela andou fazendo infinitas compras e, então, o puxão de orelha da irmã, que a lembra que precisa visitá-la. Não teria muita simpatia por aquele país, pois foi nele que aconteceu o massacre da humanidade. Nele e em muitos outros, mas foram todos feitos por aquele povo bonito, loiro e alemão.Oh, como sua irmã mais nova teria antipatia, frente aos inúmeros livros de história que estuda, lê, compra, coleciona e enfeita a casa! E, oh, quantas vezes fora censurada por ela, a sua irmã mais nova, por nutrir sentimento de carinho por este povo que deveria pagar com castigo!
Mas este é assunto para outra prateleira da estante.
Vamos parar por aqui.
Ela, que tem mania por janelas. Que guarda os detalhes que vê com a alma. Que desenha em folhas que mais tarde ficarão perdidas em um dos quartos da casa. Ela, que tem suas opiniões e mantém o seu encanto por azul. Ela, que se deixou fisgar. Se deixou.
E as coias sérias continuarão sérias num tom de melodia com cheiro de melancia. Os edifícios históricos ilustrarão o fundo de sua mente onde moram seus pensamentos e a coleção de liguinhas deixará de existir porque é assim.
Continuarão a inclinação por determinadas comidas, seus medos bobos ignorados, o pavor de aranhas, a nostalgia pelos tempos frios, o jornal que faz parte de uma sala com poltrona. Sim, ficarão sua mania por tênis dos anos 90, sua admiração por jogadores de basquete, sua sintonia com barcos e sua indecisão quanto à escolha do esmalte. O medo de altura é futilidade.
E os centavos gastos com casquinhas de sorvete, estes são de grande importância. Os palavrões que fala, sua mania em andar rápido, sua preguiça por tudo o que é devagar. Parou na ponte para olhar os carros que cruzavam as rodovias, pensou em não pular. Caminharia até a biblioteca onde compraria uma camiseta com a figura de uma bicicleta. Esta, ela deu a ele.
As pessoas que falavam alto ... ah, as pessoas que falavam alto deveriam todas desaparecer! Elas interferem em seus pensamentos, criam garras em suas mãos, impedindo-a de escrever, sorrir ou viver. - Este é apenas um parênteses nessa onda de escrita -
No fundo uma canção de rap, ao lado da cama um cartão de crédito que entrega que ela andou fazendo infinitas compras e, então, o puxão de orelha da irmã, que a lembra que precisa visitá-la. Não teria muita simpatia por aquele país, pois foi nele que aconteceu o massacre da humanidade. Nele e em muitos outros, mas foram todos feitos por aquele povo bonito, loiro e alemão.Oh, como sua irmã mais nova teria antipatia, frente aos inúmeros livros de história que estuda, lê, compra, coleciona e enfeita a casa! E, oh, quantas vezes fora censurada por ela, a sua irmã mais nova, por nutrir sentimento de carinho por este povo que deveria pagar com castigo!
Mas este é assunto para outra prateleira da estante.
Vamos parar por aqui.
26 de mar. de 2013
Dia após dia
A rosa que guardei empedrou-se e virou vidro. A moça na janela virou moça da janela. O lençol foi esticado no varal ao vento e as fechaduras arranhavam pelo caminho.
Enquanto isso, fazia sol. A música do rádio soava como novela aos ouvidos da gente que passava pelas ruas. A névoa que se aproximava não trazia sinal de chuva, mas de poeira. As crianças brincavam no quintal e os animais cercavam os campos de uva.
Uma taça caiu e quebrou. Estilhaços espalharam-se pelo chão. Um pensamento de gramática do português invadiu o pensamento e a costureira prosseguiu com seu trabalho. O carrinho de sorvete era empurrado calmamente enquanto alguns, chamado apenas de alguns, fofocavam na venda da esquina.
Os matos à beira do passeio - ah, quem lembrara dos matos no passeio?! - estavam verdes, olhe só. A igreja com seu sino continuava no mesmo lugar. Ao lado dela, aquela casa com escadas na entrada e, logo à frente, um muro pichado quase a cair.
Água continuava aos montes, tanto assim abundante, embora não fosse considerada uma bebida favorita. Viagens eram feitas, passaportes eram perdidos, bilhetes eram rasgados e sucos de laranja tornavam-se coisa banal. Livros continuariam a ser impressos, no matter what. Pensamentos de um lugar e tempo distante voltariam a invadir sua mente e o painel em que desenhou um dia ficaria velho.
As latas continuariam a fazer aquele barulho insuportável e ela pensaria em como era fútil alguns comentários. As pessoas bregas continuariam a ser bregas porque acreditavam ter estilo, e os avôs manteriam-se constantes no coração dos netos. Enquanto isso, havia também as flores murchas, as flores que secaram e as flores que morreram. Pensava que flores não morrem, flores apenas deixam de existir, como se "apenas" significasse pouca coisa. Oh meu deus, como isso parecia conversa de museu! Vejo só, vamos atravessar a rua!
Constantemente mudava de pensamentos. Constantemente era mudada pelos pensamentos. Frequentemente indagava-se se pensamentos não eram coisas concretas, como essas que são as pessoas com nomes, ou se pensamentos não eram como marionetes comandadas por um deus. Mas não, não poderia ser.
E, vira e mexe, as luzes cruzavam seu caminho, apontando o lugar que não se foi. O dia se tornaria noite e assim por diante. As coisas continuariam coisas, se fossem coisas, e as outras coisas transformariam-se em algo a mais. A primavera seria estação da sensibilidade e o inverno seria estação de profundidade. O outono traria inspiração e o verão seria apenas comemoração no hemisfério norte.
E, enquanto isso, a vida continua.
Enquanto isso, fazia sol. A música do rádio soava como novela aos ouvidos da gente que passava pelas ruas. A névoa que se aproximava não trazia sinal de chuva, mas de poeira. As crianças brincavam no quintal e os animais cercavam os campos de uva.
Uma taça caiu e quebrou. Estilhaços espalharam-se pelo chão. Um pensamento de gramática do português invadiu o pensamento e a costureira prosseguiu com seu trabalho. O carrinho de sorvete era empurrado calmamente enquanto alguns, chamado apenas de alguns, fofocavam na venda da esquina.
Os matos à beira do passeio - ah, quem lembrara dos matos no passeio?! - estavam verdes, olhe só. A igreja com seu sino continuava no mesmo lugar. Ao lado dela, aquela casa com escadas na entrada e, logo à frente, um muro pichado quase a cair.
Água continuava aos montes, tanto assim abundante, embora não fosse considerada uma bebida favorita. Viagens eram feitas, passaportes eram perdidos, bilhetes eram rasgados e sucos de laranja tornavam-se coisa banal. Livros continuariam a ser impressos, no matter what. Pensamentos de um lugar e tempo distante voltariam a invadir sua mente e o painel em que desenhou um dia ficaria velho.
As latas continuariam a fazer aquele barulho insuportável e ela pensaria em como era fútil alguns comentários. As pessoas bregas continuariam a ser bregas porque acreditavam ter estilo, e os avôs manteriam-se constantes no coração dos netos. Enquanto isso, havia também as flores murchas, as flores que secaram e as flores que morreram. Pensava que flores não morrem, flores apenas deixam de existir, como se "apenas" significasse pouca coisa. Oh meu deus, como isso parecia conversa de museu! Vejo só, vamos atravessar a rua!
Constantemente mudava de pensamentos. Constantemente era mudada pelos pensamentos. Frequentemente indagava-se se pensamentos não eram coisas concretas, como essas que são as pessoas com nomes, ou se pensamentos não eram como marionetes comandadas por um deus. Mas não, não poderia ser.
E, vira e mexe, as luzes cruzavam seu caminho, apontando o lugar que não se foi. O dia se tornaria noite e assim por diante. As coisas continuariam coisas, se fossem coisas, e as outras coisas transformariam-se em algo a mais. A primavera seria estação da sensibilidade e o inverno seria estação de profundidade. O outono traria inspiração e o verão seria apenas comemoração no hemisfério norte.
E, enquanto isso, a vida continua.
25 de mar. de 2013
Palavras que soam memórias
Enquanto via o filme sobre nossa cidade, fui pega por um mutirão de palavras:
portas de vidro. estudos. comida. ônibus. caminho. pegadas. campo de futebol americano. como se houvesse alguma diferença. verde. inglês. pubs. longe. história. supermercado. compras. caminhadas. fogo. cinema. mais precisamente, teatro. neve. estrada. rua longa e comprida. uma noite. como muitas outras noites que se repetiram mas não eram iguais, eram só apaixonantes. te dedico. faculdade. frio que corta. línguas. longe. mas tão perto. tão próximo. mas tão distante. sempre aqui. mamãe e papai. vida. feliz. casas abandonadas. bairros perigosos. passeios. fotos. pontes. irmãs. casos. livros. você e eu. eles. todos nós. tudo.
E, como pode ver, não eram só palavras. Também fui pega por expressões. Por frases. Por pensamentos. Por lembranças. Por memórias. A diferença entre memória e lembrança é que esta última vem com o vento e assim vai, rápido. Já a primeira, fica marcada para sempre.
E eu fui pega pelas palavras quando elas nem sabiam que quem as pega e as usa sou eu.
portas de vidro. estudos. comida. ônibus. caminho. pegadas. campo de futebol americano. como se houvesse alguma diferença. verde. inglês. pubs. longe. história. supermercado. compras. caminhadas. fogo. cinema. mais precisamente, teatro. neve. estrada. rua longa e comprida. uma noite. como muitas outras noites que se repetiram mas não eram iguais, eram só apaixonantes. te dedico. faculdade. frio que corta. línguas. longe. mas tão perto. tão próximo. mas tão distante. sempre aqui. mamãe e papai. vida. feliz. casas abandonadas. bairros perigosos. passeios. fotos. pontes. irmãs. casos. livros. você e eu. eles. todos nós. tudo.
E, como pode ver, não eram só palavras. Também fui pega por expressões. Por frases. Por pensamentos. Por lembranças. Por memórias. A diferença entre memória e lembrança é que esta última vem com o vento e assim vai, rápido. Já a primeira, fica marcada para sempre.
E eu fui pega pelas palavras quando elas nem sabiam que quem as pega e as usa sou eu.
24 de mar. de 2013
Liberdade
Podia estar a descobrir-se. Pensava que nunca gostaria de pensar nela mesma. Pensava que poderia fugir em seus pensamentos. Seus pensamentos eram brisa. Levavam-a para longe. A fugir dela mesma. Ate encontrar-se.
Quando ia, queria dizer adeus. Pensava naquela escada e nos degraus que nao subira. Na padaria francesa da esquina. No onibus que perdeu e no mato que crescia na beira da estrada. Ficava a olhar predios para desenha-los mais tarde. Enquanto isso, salvava as folhas e papeis e lapis de cores para a irma mais nova, tao mais talentosa do que ela.
Sonhara em descer do ceu. Pularia da nuvem. Escalaria, em descida, uma corda com nos. Pisaria em chao firme para notar que nao era areia mas terra molhada apos chuva e neve que derreteu. E os pensamentos livres a solta-la, e nao mais prende-la.
Nao era mais refem de sim mesma.
Quando ia, queria dizer adeus. Pensava naquela escada e nos degraus que nao subira. Na padaria francesa da esquina. No onibus que perdeu e no mato que crescia na beira da estrada. Ficava a olhar predios para desenha-los mais tarde. Enquanto isso, salvava as folhas e papeis e lapis de cores para a irma mais nova, tao mais talentosa do que ela.
Sonhara em descer do ceu. Pularia da nuvem. Escalaria, em descida, uma corda com nos. Pisaria em chao firme para notar que nao era areia mas terra molhada apos chuva e neve que derreteu. E os pensamentos livres a solta-la, e nao mais prende-la.
Nao era mais refem de sim mesma.
21 de mar. de 2013
Te envio
Àquele que hoje me escutou, me acalmou e me fez sorrir. Que passou pelo corredor e me olhou. Que me mandou emails. Que sempre escreve o mesmo título bonitinho. Que me trouxe comidas gostosas que engordam e disse-me que não há como eu engordar. Que veio perguntar se gosto disso e daquilo. Que deu a entender. Que deixou escapar. Que me fez sorrir. Que completou meu dia porque fez parte dele. Que tem meus abraços... envio mais. Apertados. Agradecidos. Cheirosos. Com carinho.
À você.
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