15 de jun. de 2013

Dedicatória

A você dediquei os poemas de Shakespeare, não porque eu os admire, mas porque os acho difícil. Recitei-os, tímida, ao pé do ouvido, tentando evitar seu olhar. Mexia no cabelo - outro sinal de minha timidez - desejando sê-los seus.

Para você guardei um conto de Hemingway, mil palavras e minha escrita. Te escrevi dedicatórias e coloquei carinho nos cartões que tive a chance de te enviar enquanto ainda havia tempo. A você ofereci meu tempo, meus dias e meus segundos de vida, sabendo que, perdendo-os, eu só iria ganhar.

A você te dedico a linda e difícil literatura, tão misteriosa, tão pessoal, tão instigante, tão terna, tão minha. Dedico as folhas de rascunho que guardei em branco, assim como as folhas de rascunho em que fiz desenhos sem sentidos. Te ofereço meus cadernos e meus sopros poéticos que irão te levar para um mundo que não conhece - só os grandes poetas conheceram.

A você, que vez ou outra me visita em meus sonhos, sem pedir licença para entrar - pois já sabe do seu lugar aqui - dedico minha ternura, minha hora mais difícil, minha luta contra a injustiça dos governos e, principalmente, um beijo meu, marcado em primeira folha de um livro antigo cujas folhas já estão amareladas.

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