8 de dez. de 2011

o dia passou

E nao vejo o tempo passando, e nao vejo as horas indo. Sinto apenas que esta escurecendo, como diz a janela atras de mim. Passei horas conversando, passei horas escutando, passei horas e elas passaram. Foram 7, que acho muito, mas gosto sim. Acho que aprender eh sempre bom, e acho que estamos sempre a aprender, basta saber que sim, estamos sim.

Me fez pensar tambem em outra pessoa, com quem eu gostava muito de "passar" o tempo, sabendo que o tempo passa, mas as coisas, consequencias, aprendizado... isso tudo fica.

31 de out. de 2011

Horarios confusos

Que tal eh esse de fuso horario, que torna fuso o que eh direto, que torna estreito onde havia curva? Que negocio eh esse de fuso horario que, ao inves de encontrar pessoas, deixa-as mais confusas? Sera esse o tal do fuso? Confuso? Linear? Ou sintetico? Que hora eh esse do fuso horario, quando ja perdi a minha e nao encontrei a sua?

Entao, me diz? Eh que estou meio confusa, confuso - com o fuso, quis dizer.

16 de set. de 2011

falando por falar

Estou confundindo linguas. Ultimamente. Estou olhando da janela, e as vezes nem sou notada. Estive pensando em colher plantas, mas com um outro signifcado. Sera que olhos azuis veem melhor? Sim, porque azul eh a minha cor favorita, entao algo de especial deve oferecer. Que saudade das ruas limpas... Mas isso agora, neste exato momento eh irrelevante. So vim falar sobre uma pessoa, uma pessoa com a, que quero dizer que viria sob o pseudonimo "feminino", se assim o fosse. Digo o pseudonimo. Mas entao. Deixa esse assunto para um outro post, porque eu tenho tanto a falar... que eh melhor eu nem comecar.

4 de jul. de 2011

P

como flor murcha em um canteiro de mundo. Aonde quer que ela va. E escrevo isso quando nem posso, pois devo escrever outra coisa, muito dificil por sinal. Mas, quem sabe, bonita.

Fazendo-se forte. Quando a gente acha que eh fraca e finalmente cre em si - cre que eh fraca - nos damos conta de que somos fortes. Leva, geralmente, dez minutos para se dar conta. Nao dura muito, nao dura sempre. Eh um sentimento que vai e volta. Estou falando de um sentimento que uma pessoa proxima da gente desperta aqui dentro. Acho feio isso, o sentimento. Eh porque ele eh negativo, mas nao foi eu quem criou. Apenas sinto.

Sobre a flor, que eh fragil e se faz mais fragil quando ele a faz mais fragil, nao eh cuidada ou regada, vai ver sua cor ate eh roxa, porque roxo eh uma cor para la de feia, para ca de brega. Vai ver ficou assim - a flor, roxa. Quem foi que fez, foi o mundo? Acho que foi quem pos no mundo...

17 de jun. de 2011

o bom do mau humor

Quem sabe eu nao sou apenas uma pessoa mal humorada, de bico na cara, pe batendo no chao e dando de ombros por ai? Nunca vi pessoa interessante que se contentasse com tudo, gostasse de tudo, sorrisse para tudo e para todos - o nome disso para mim eh idiotice (ou idiotisse - foda-se esse idioma ridiculo!). E todos os que conheci, aka meus poetas favoritos, aqueciam suas vidas, e hoje aquecem a minha, com suas criticas sensatas, ironias finas, uma pitada de sarcasmo e um piscar de olhos. Porque tem que ter charme. Como minha mae sempre falou: alem de ser bonita, precisa ser charmosa. E para minha mae eu era e sempre sou. Ate quando eu ficar velha-gorda-deus-me-livre. Mas eu vim aqui falar de mau humor, ne?

14 de jun. de 2011

facil eh chato

Acho que tudo seria mais facil. Tudo seria mais facil se seguissemos ordens num papel, placas de transito, mapas coloridos e cadernos de receita. Seria tudo tao mais facil se respeitassemos datas, seguissemos horarios, impusessemos limites aos outros e, principalmente, a nos mesmos. Se mandassemos nos pensamentos que fogem para dar voltas por ai. Se descessemos escadas degrau por degrau. Se fechassemos a janela assim que a chuva se aproximasse num horizonte azul-sombrio. Se a televisao so ligasse na hora certa e no canal certo. Se nossas maos digitassem de forma correta. Se os olhos vissem o que precisam ver.

Vai ver seria mesmo facil. Mas seria tambem TAO chato.

6 de jun. de 2011

o dia que ela pensou que era dela

Em um dia dela, haveria frio de outono, quem sabe inverno com muito abraco, luvas nas maos que se dao, ou um sol de primeiro mundo. Viria vento encontrando de frente, empurrando pra tras, levantando franja pra cima e abrindo boca para os lados - eh sorriso.

Haveria flores pelos caminhos, nao porque ela presta muita atencao nas flores, mas na estrada, no local de destino, na jornada. E, dentro de si pergunta sem parar: "esta chegando, esta chegando?". Mas ha mais caminhar. As vezes devagar, outras vezes em passos agitados - eh culpa do horario, a gente nao manda no tempo que nao quis parar - corridinhas leves, corridas bruscas como em apostas, ou aquele jeito de caminhar que ela usava na infancia mas descobriu outro dia ai com ele. Ah, e que alegria saber que alguem, alguem tao especial, compartilhava com ela esse segredo-vergonha que a gente chama de crianca que mora dentro da gente.

E caberia tambem um presente. Pode ser muito, muitos pequenininhos, que assim alegra mais. Pode ser um grande tambem, um grande mas simples. Uma escrita em letra bonita, um papel que trouxe o seu cheiro, um cartao que veio com vento de um lugar que eh so meu e seu.

Quem sabe a tarde nao se prolonga, porque eh so dela, toda pra ela. E ela se perca em meio as oportunidades - o que fazer? O que fazer de mais especial para tornar especial? E ela ate pensaria que a tarde se prolonga porque eh longa, e que seu dia eh pra sempre.

Mas, porque nao eh, desejou eleger como o dia especial. Como o dia em que nasceu. O dia em que escolheu, com Deus, quando ela ainda nem tinha consciencia, para nascer. O dia, que por ser tao mistico e magico e frio e bonito e junino, eh sim um dos melhores dias do ano. E assim sempre seria, sendo aniversario ou nao. O dia bom ja existia, foi ela que foi escolhida, de dentro daquela caixinha de presente em que residia, para nele nascer.

E um dia como esse, um dia que chamou de "dela", e ate nome ela procurou mas enjoou de pensar no segundo segundo, ficou mais especial com o sorriso, e os beijos, e o chamego, e a mensagem, e o cartao, e a surpresa, e a presenca e tudo mais de uma pessoa especial. E essa pessoa, olha so, nem era ela. Era ele.

Obrigada, Deus, pelo dia especial, pela pessoa especial, pela especialidade.

19 de mai. de 2011

a vida sem glamour

A vida no Brasil nao tem glamour.

As ruas sao quebradas e sujas. As calcadas, tambem quebradas. E remendadas, irregulares e imundas. Nao ha vento frio forte em sua direcao. O sol eh tao forte que muda a sua cor, faz mal a sua saude, e deixa um cheiro desagradavel nas pessoas. Barulho sem parar, e um transito caotico. Nao apenas porque tem mais carro do que pessoas (afinal, sistema publico de transporte eficiente aqui ou eh lenda ou eh luxo), mas porque esses carros correm, furam sinais e jamais param na faixa de pedestre. Aqui, pedestre nao tem vez. Bonito eh o "poderoso" com o seu carro a um preco altissimo porque de juros ele paga mais do que a metade do valor do carro. E o motorista, que se acha o tal, eh na verdade um pateta explorado pelo governo. E as pessoas, quao bonita as pessoas. E as roupas, super boring roupas: todo mundo usa camiseta e calca jeans. E eh um tal de comprar roupa cara e brega que ninguem jamais viu em lugar nenhum do mundo a nao ser aqui. O fim de semana nao inclui museus, parques, exposicoes, shows, visitas, festivais. Isso aqui quase nao existe.

E voce, o que me fala? Vai falar que no Brasil ha algum glamour? Pois eu te falo: nenhum.

16 de mai. de 2011

Ele vem ai

Tudo comeca com o cheiro, que tem cheiro de chuva, e cor de ceu, que eu diria azul, e o encanto que desvenda misterios e cruza horizontes. E nele voce respira melhor, se veste melhor, sorri mais alegre e vive mais feliz. Ajuda a esquecer onde se mora, onde se esta, onde se encontra, porque eh onde se perdeu. Sim, estou falando do inverno que aqui eu chamaria de outono. Seja bem vindo a minha vida, onde voce sempre foi mesmo. E fique. Fique por pelo menos uns dez meses. Fique pra sempre, se quiser, se fizer um pacto com o mal, que tambem chamo de verao no hemisferio ridiculo - digo, sul - e entao. E entao eh assim mesmo.

29 de abr. de 2011

pensamentos soltos

Incrivel como sua roupa de cama pode ser uma das suas melhores companhias;
Nada estimulada para umas coisas e bem estimulada para outras coisas que nao preciso dizer;
Longe do ceu;
Perto de tudo que eu nao queria estar;
Sobremesa nunca foi a minha praia;
Estive pensando muito;
Sera que a neve ja se foi mas deixou rastro de beleza, vulgo "frio", que jamais esbarrou nesse lugar do mundo denominado "aqui"?;
Sentimentos do mundo;
Querendo uma biblioteca para chamar de casa;
Um tesouro do filme A Lagoa Azul;
Poltrona xadrez;
Num lugar Punky Brewster;
Cade minha identidade nacional;
Pois entao.


19 de abr. de 2011

num minuto de vida

Ela hoje colocou todos os sapatos de lacinho e roupas serias de lado, como quem joga fora. Colocou posteres nas paredes do quarto e deu uma pincelada de cores azul, vermelha e branca na sala. Amarrou os cabelos compridos, e nao cuidou para que os esmaltes conservassem. Porque fica mais bonito eh quando comeca a sair, ela comecou a pensar outro dia ai, depois que ele falou com ela. E pegou todas as manias e colocou em malas, e trouxe junto a si. Porque manias pessoais, que nao fazem mal a nos e nem aos outros, a gente traz eh com a gente, pois elas fazem quem nos somos. E lembrou de um lugar e de outro e ate pensou que todos esses lugares pintaram a gravura que era a vida dela. Passou por canteiros floridos, sem notar muito. O lixo nos canteiros, que nao devia estar ali, ela notava. Ligou um radio, para voltar aos tempos antigos, porque algumas coisas nao mudam jamais e precisam ser preservadas. Piscou os olhos de um rimel que comprou pra ela com rosa importado pintado de verde, e de longe. Ligou a tv e usou sua critica. Leu uma revista e debochou. Chorou frente a injustica que viu e, mais uma vez, reclamou. Olhou os contatos num desses sites que fez para ela, para so manter e adicionar quem acrescenta. Limpou com as maos sua maquina de fotografar e pensou como essa expressao eh antiga. E ate pensou que esse lugar em que nasceu por acidente gracas a falta de atencao, ate foi mais bonito num passado longiquo onde existiam menos pessoas e mais gente. Lamentou. Sorriu por dentro num lugar de segredo que so ela sabe e guarda para ela. Porque esse lugar, essa alegria e esse sorriso, o Brasil nao toma dela.

10 de abr. de 2011

Escrever sobre falar nada

Estive sentindo falta - porque sentir saudades eh uma coisa que ninguem no mundo entende - das coisas bonitas. De arvores finas e calcadas limpas, cobertas de neve, com pegadas deixadas por mim, e por nos. Estive sentindo falta do detalhe da janela, da unica flor que sobreviveu ao frio e fica a enfeitar canteiro e a encantar gente, e da maquina de sorvete que fez meu dia mas depois me enjoou. Estive sentindo uma saudade apertadinha, e hoje gostozinha. E, confesso, sem ligar a minima: nao sei se gostozinha se escreve com "s" ou com "z". E dai, ne. Nada importa frente ao que importa.

E isso era so pra falar mesmo que estive sentindo saudade. Mas no momento estou evitando pensar e lembrar, o que, consequentemente, me evita sentir. A tal da saudade que ninguem entende, mas todo mundo sente.

E vamos levando que aqui no Brasil a vida nao eh bonita nao. Quase tudo e quase todos sao, eu diria, feios.

7 de abr. de 2011

santa inocencia

Acho que um dos problemas com as "people watchers" eh que, no decorrer do caminho, elas tem que se tornar "people thinkers", no sentido de ter que comecar a pensar o que os outros estariam pensando - e o que "geralmente" pensam - quando estavam fazendo o que estavam fazendo...

Num dia desses por ai, alias em muitos dias desses, pensaram o que eh que passa na cabeca de uma pessoa que acredita que nome estrangeiro diz alguma coisa. E desde quando "molho ingles" vem da Inglaterra.


Pois entao. Nao sei se eh inocencia ou ignorancia. Pra nao falar burrice. Gente burra existe, umas pra tudo, outras burras so para umas coisas...

4 de abr. de 2011

percepcoes guardadas

Estive pensando no que eh que eu escreveria, se tiraria de uma caixinha de emocao, ou do por do sol que vi na minha frente, ou da escada que desci, ou do lugar por onde passei e marcou. E ate pensei que a gente tem tanta coisa dentro da gente pra dizer e quem sabe escrever, e que se a gente nao faz, o mundo desvira poesia. E ate acho que essa eh uma palavra inventada, essa agora que eu usei. Mas nos meus pensamentos ela simplesmente existe, assim como existem outras tantas mais, que agora ate nao me lembro. Mas sei que existem, em algum lugar dentro de mim. Mas voltando em falar em palavras, e nesse negocio de deixar escritos os pensamentos e emocoes, penso ate em alguns motivos, motivos para os quais eu diria nao:

- primeiro que eu sou "queita" mesmo, vai ver eu ate sou mineira sem nunca ter sido dessa nacionalidade que me deram; segundo porque as vezes nem sem como escrever e tenho preguica; e terceiro porque as vezes quero guardar so pra mim, porque fica ate mais especial no meu ponto de vista. E tem ainda o motivo quarto, que eh que eu tenho medo de falar tudo o que eu penso sobre as coisas que vejo. Tenho mesmo. Penso coisas "mas", segundo o dicionario da lingua do povo.

14 de mar. de 2011

"dulce de leche"

Em contato com aquele lado meu que eh doce e simplista, num ato simples de nao reclamar. Num encontro com o meu eu que nao desconfia, nao questiona tanto, e sorri para estranhos na rua. Ao lado de uma menina que presta atencao nas pequenas coisas, nos detalhes, e nas casas. De mao dada com a personalidade de filha, da estudante colecionadora de papeis, da menina que cresceu antes de crescer. Procurando a inocencia e a ternura que restou em mim quando a vida me bateu. Salvando sorrisos e palavras doces para o "ele especial" com quem esbarrei nessa vida. Respondendo mensagens e emails, e quem sabe ate me arriscando a escrever uns por vontade propria. Pensando na possibilidade de dirigir sem correr. E olhar para arvores que para mim sempre foram ridiculas, mas com outro olhar - quem sabe o dele. Eu quero ver o mundo com os olhos mais bonitos, quem sabe de uma cor diferente desse meu castanho que nao vejo muita graca, e entender as coisas dentro de mim de um jeito meu que eh o da menina doce que permaneceu dentro de mim.

10 de mar. de 2011

Da escrita que me faz "eu"

Descobri o que sempre ja sabia de que so sou eu quando eu escrevo. E a partir de agora, em um momento que nao sei quando nem onde, comecarei a escrever, que eh para eu nao me perder - sem querer, no entanto, me achar.

E a raiva eu vou escrever em caderno, porque cadernos sao grandes e feios, e vou poder jogar fora quando o sentimento feio passar. E jornadas eu escreverei em papeis de carta, que sao delicados, importados, cheirosos e sao a minha colecao comecada por minha mae para mim quando eu era crianca. As alegrias escreverei em bloco de nota colorido, que eh pra soltar a folha e espalhar por ai, espalhar pelo ar, deixar contagiar. Alegria tem que ser dividida. E a saudade eu escreverei em um dos papeis mais bonitos que eu vou achar quando eu comecar a confecciona-lo para mim. E os medos eu escreverei em folhinha, nessas que as pessoas tambem chamam de calendario, porque medo passa, e tem dia para acabar. E os amores, esses eu escreverei em mim mesma, em local guardado para pessoas especiais.

8 de mar. de 2011

Uma saudade de mim

Em uma dessas saudades que invadem a gente da gente mesma descobri que sinto minha falta.

Ando com saudade de mim.

Saudade daquele dia que foi marcado como em agenda, com a diferenca que eu nunca marco. Saudade daquela caminhada comigo mesma onde observei formigas. Saudade do prato de comida especial so porque eu o classifiquei como tal. Saudade da menina em mim que segurava na mao da minha mae, ainda que so em pensamento por saber que ela estava ali. Saudade daquela roupa favorita que voce sempre gostou e soube que a teria consigo guardada em bau. Saudade da personagem do desenho que me deu o apelido pelo qual minha mae me chamava. E daquela outra que me ajudou a crescer e ser quem sou. Saudade de uma janela onde me debrucei para ver a rua passar, quando na verdade eram as pessoas que passavam. Saudade de um lugar bonito que chamei de meu e nao dividi com ninguem, que e para nao deixar de ser segredo e nao deixar de ser especial. Saudade de um relogio que um dia usei mas que hoje eu nao lembro, mas sei que em algum lugar da minha vida esteve presente na minha infancia. Saudade de um desenho que construi um dia, de uma imagem que ficou gravada em minha memoria e de uma gravura que colecionei. Saudade do dia encantador de ontem, saudade do dia alegre de hoje, saudade do dia aconchegante de amanha.

Sempre me encontro numa dessas saudades...

23 de fev. de 2011

Aprendendo a viver

O que sera preciso para se aprender a viver?

Sera preciso um livro de cabeceira, jogo de cartas, pocao magica de um jogo de crianca ou lencol bonito numa cama aconchegante que fez a sua historia?

O que sera preciso para se aprender a viver, quando se tem apenas uma vida, e dias contados, ainda que se esqueca? Colocar ou tirar o calendario da parede, o que ajudaria?

Como se aprende a viver, quando nao te deram professores para a vida, e quando a pessoa bonita e crescida nao ficou para ensinar com varinha de condao? Como aprender a viver, se pela formula magica ninguem se interessou, e o manual de instrucao foi esquecido numa rua deserta?

Aprendendo a viver seria apenas um livro bonito de Clarice Lispector se nao fosse intencao dos seres humanos de verdade.

16 de fev. de 2011

uma descoberta

E quem eh que vai descobrir o que se passa dentro desse coracao, escondido por uma blusa roxa que mostra um pouco de amarelo-limao? E o olhar que se volta para o fundo de uma casa que nao se constuiu. Maos que soltam baloes pelo ar, um spray que eh pra deixar cheiro cheiroso e um potinho de pudim esquecido na geladeira, porque pudim eh uma das sobremesas mais pobres e sem graca que criaram e, assim, passou a existir. Guardo num lugar escondido que ate chamo de esconderijo coisas que nunca existiram e cultivo num caderno poemas deixados por ai antes de eu escrever. E fecho a porta como quem guarda sonhos e experimento um pouco do doce que deixaram pra mim com notinha anotada, sem prestar atencao. E desconverso o que conversei comigo mesma, jogo dados, extrapolo, adivinho pensamentos, pinto o fundo de azul e vejo com os olhos que fechei. E eu, que sou assim, digo a voce e ao meu eu interior, que eu chamaria de minha eu interior: me diz para mim mesma, quem eh que vai descobrir?

8 de fev. de 2011

meu lado desconstrutivista

E eu hoje usarei meu diploma sob um angulo de uma teoria que eu me apaixonei mas nem segui. Eh que, na maioria das vezes, eu sou mesmo eh realista. Mas quando fico assim, comigo mesma, e me pego de bobeira, e ate me perco pensando na vida demais, eu sou mesmo eh desconstrutivista.

E hoje, que ainda eh de manha, eu vou desconstruir, ao fim da tarde, aquele tempo que nao agradou. Eh que ta frio demais. Vou desconstruir aquele lado da cidade que nao foi bonito aos olhos de ninguem, e vou desconstruir esse negocio de jogar lixo nas ruas. Vou desconstruir onibus lotado de gente feia e desinteressante, e materias desnecessarias. Vou desconstruir tudo o que nao envolva arte, seducao, e imaginacao. Vou desconstruir maldade e falsidade, e vou desconstruir uma cidade inteira que montei em maquete so para montar de novo. Vou desconstruir os edificios cinzas, porque "predio", na minha mente, eh sinonimo de cinza. E todas as pessoas ignorantes e fans de axe tambem serao desconstruidas. Nao me esquecerei, me lembrando, que tambem desconstruirei males em relacao a saude, comecando nao pelo sorvete, que esse nao me faz mal, so me faz bem (embora a minha medica nao acredite. Mas medico eh tudo cetico mesmo, ne?), mas pelo meu colesterol, que vou desconstruir ate ele ficar baixinho, como o de uma crianca que eu fui.

E vou desconstruir,como disse, durante a tarde, que eh a hora em que desconstruo as horas so para o dia durar mais e mais.

7 de fev. de 2011

sobre a irma

Eu acho que irma deveria pensar em irma que eh irma de verdade e passar a ser assim. E, pra comeco de mudanca, passar a ate a se comportar assim-como-tal. Quem sabe um dia a vida nao fica bonita, com brilho de graca, e mostra pra irma da gente o lado bom de tudo, ate da gente mesma, que ela olhou e esqueceu de ver enquanto estava com raiva, mal humorada, grosseira.

Quem sabe a vida nao pega na mao, e diz "olha", e mostra, com carinho. Quem sabe a vida nao faz tudo isso, como quem sopra ao ouvido, embaixo de uma arvore que seja um pinheiro, e pede a irma pra anotar em pagina de caderno especial que deve ser guardado pra sempre.

Quem sabe a vida nao carimba no coracao dela tudo o que ela precisa saber e as vezes nem sabe, e precisa lembrar mas esqueceu.

Porque um dia a vida para de soprar ao ouvido e grita para o mundo inteiro ouvir. E ai a gente ve que o vida ja escureceu...

3 de fev. de 2011

mae, estive pensando

Hoje a noite chamei por minha mae, quando numa rua larga-imensa-sem-fim caminhei para comprar itens de primeira necessidade. E ate parei pra pensar no que seria mesmo primeira necessidade. E vi que nao sao coisas.

Hoje pensei nela, e em mim, em nos, e desejei que ela estivesse pensando em mim. E que de longe me mandasse um abraco, mas bem apertado que eh pra chegar ate aqui. E ate imaginei que maes sao como eu, sentem os sentimentos que estao por ai soltos pelo ar. E entao pensei que minha mae saberia, naquele minutinho, que era o mesmo pra ela e pra mim, embora em horas diferentes, o que eu estaria sentindo, desejando e dizendo. Falei comigo mesma, que era pra minha mae ouvir. Fiz uso do vento, que era frio e forte, torcendo para que ele levasse minhas palavras ate ela. E que ela as guardasse, e me abracasse, respondendo todas as perguntas e duvidas que nutro dentro de mim mas nao contei para ninguem.

Um beijo para minha mae de quem eu queria um abraco agora e para sempre.

1 de fev. de 2011

contando defeitos

E fui contando os defeitos que, empilhados um a um, formam quem sou eu. E aprendi que tenho jeito genioso, manias que viraram personalidade e opiniao para um pouco de tudo. Mas as vezes simplesmente "acho". E percebi que sou meio assim, mas de vez em quando sou meio assado. E ate dediquei esse meu lado para o lado mistico que diz que sou geminiana porque nasci em dia bonito de junho. E me lembrei que implico com muitas coisas, como textos sem virgula, pessoas que se vestem mal, vocabulario pobre, jeitos que me lembram manias mal embasadas, erros ortograficos e falsidade - o que me levou a outro defeito meu: falar demais. Nao que eu conte casos e segredos, isso nao. Conto, na verdade, como estou com raiva e como nao concordei com tal coisa, ainda que eu nao fale. Conto, por exemplo, que fiquei magoada, ainda que apenas por caras e bocas, e frases que deixei de falar.

E sao tantos defeitos, que ate penso que fui feita apenas de defeitos. E me pergunto se foi Deus que, ao me criar, colocou todos eles em mim, ou se eu os fui adquirindo, na medida em que passava por cada esquina da vida.

31 de jan. de 2011

Sonhos

As vezes eu acho que estou sonhando.

E nao falo isso apenas como "maneira de dizer". Eu REALMENTE penso que estou sonhando. E dai nem penso muito. Vou mesmo eh vivendo e empurrando os outros e a mim mesma para esse mundo de nuvens coloridas. Brega ne?

Mas entao. Eu acho mesmo que eu estou sonhando. E o sonho parece tao real que as vezes paro e digo para o sonho "para", e analiso o instante em que estou vivendo so para ver se no instante seguinte eu irei acordar. Mas nao acordo, porque ja estou acordada, ou ainda estou dormindo.

Eh tudo um sonho. E nessa hora me sinto Sofia e, quando penso no livro e fico ainda mais confusa, volto para o sonho.

26 de jan. de 2011

um pouco de mim

Eu sou assim. Basta alguem ou alguma coisa me decepcionar para eu mudar. Mudar a rota dos sentimentos. E eu que antes queria, e antes ligava, e ate me importava, ja nao ligo mais. E ate li em um lugar da minha agenda, que vem com quotes de gente por ai, que pior que nao gostar eh nao se importar. E ate penso que entao esse meu jeito eh ruim, mas ai mudo de ideia quando esse pensamento ve como alvo meu coracao. Estou falando do pensamento de que quem eh que sabe o que eh bom ou ruim, ou se eh assim ou assado. Vai ver a vida fez a gente do jeito que a gente precisava ser para passar pelas coisas que a gente tem que passar na vida.

E eu que ligava, queria, e me importava, por causa de varios acontecimentos, e ate de um gesto seu, um gesto que voce nem notou, passo a nao ligar. E comeca assim: primeiro acontece no vento, depois em um lugar do meu coracao, e depois em um lugar real. E nao mais no mundo das ideias.

E penso ate que ontem fui o que hoje deixei de ser.

25 de jan. de 2011

estive querendo

De repente estive querendo cores coloridas, nuvens vivas, ceu azul, arvores bonitas. Estive querendo cartoes fora de epoca, escada com degraus, atendimento simpatico das secretarias. Sorvete sempre-sempre, carrinho de pipoca numa praca, janelas imensas, olhar misterioso e chuva ao fim de um dia de sabado. Estive querendo colecao de livros guardados com amor, locao com cheiro bom, esmalte de uma marca personalizada e letra caprichada. De repente quis passeios de carro por estradas desertas, fotografias bonitas, coletanea de poemas da Sylvia Plath, anel de infancia e jogo que ficou guardado na estante. E quis tambem vizinhas legais, flores colhidas num jardim por ai, biscoito de vo, roupa nova, tesouro descoberto sem querer e telefonemas inesperados que trazem alegria. E nao posso me esquecer do saco de coisas que ate aqui ja aprendi.

23 de jan. de 2011

a cor das palavras

As palavras tem cores.

E a cor vai depender do tom da palavra. Porque, sim, palavras tem tom, embora, muitas vezes, tudo depende do tom que voce da para elas.

E aquela palavra bonita, soprada com carinho ao pe do ouvido num dia especial, tem a cor vermelha. E as palavras inteligentes tem cor azul, regadas com vento frio, num tempo ao entardecer. Os conselhos dos avos, pais e pessoas sabias sao de um tom verde claro, e passam confianca e leveza. Palavras que saem da boca do pai e da mae sao rosa-choque. Palavras que vem nas brigas de irmaos sao cinza, porque nao chegam a ser escuras como o preto. E as palavras que merecem um tom escuro, triste e negro... bem, essas a gente esqueceu.

17 de jan. de 2011

it's "just" a matter of feelings

Here I am, with all these feelings that belong to me (but I wish they didn't). Since yesterday. So I could say it's been almost one day, and I will have to see how long they last to see if I can trust them or not.

And, at this time, I won't say anything. Which doesn't mean I don't see, feel, think or know. I will just keep them for myself. I don't want to give explanations for something I don't understand.

I also don't want to talk. Because, if I talk, I say. I can't stay quiet about what I think I should talk about. I'm like this. It's God's fault, if you wanna an explanation.

15 de jan. de 2011

quebra-cabeca de montar

Pedi assim correndo, que desligassem o ventilador, que me trouxessem algo da cor azul, colocassem o sorvete no freezer e se aconchegassem no sofa. Que era xadrez.

Fechei as janelas. Pra ficar escuro, gelado e dar um ar de medo. Esqueci as folhas que cairam no quintal. O portao da rua, sempre trancado. E aquela rua de descida que marcou a minha memoria, continua la.

A pracinha, deserta. As pessoas, em casa. Ou viajando. Ou vivendo. O mercado, ainda aberto, porque era dia de sabado. E sabado todo mundo trabalha porque, no sabado, trabalho eh diversao. Eu ate comprei balao. E nao cuidei do jardim. Passei minha vez. Tem coisa que "a gente nao nasce pra elas", sabe como eh? E me lembrei da bandeira. Gosto de bandeiras.

Fiz um jogo pro meu pai, fui na sapataria que custei achar, andei de carro, voltei para o destino. Vi alguem na rua, um alguem desses que eu geralmente noto, e anotei recado onde nao era para anotar. Vi mais um portao, grande, e imaginei o que havia por tras dele. Uma casa, dessas que eu vou desenhar. Mas os lapis eu tenho que negociar como minha irma. E eh dificil, viu.

E isso tudo, porque estou correndo, e juntei cada pedacinho do que um dia ja aconteceu.

11 de jan. de 2011

Seria bom

Seria bom se a vida fosse uma mera questao de escolhas. E que a gente pudesse escolher tudo o que a gente quisesse. E que a gente fosse hoje "assim", e amanha "assado". E que, a cada seis meses, a vida se renovasse e pudessemos comecar tudo de novo de novo. Sempre sorrindo.

Seria bom se nos fossem dadas cartas. Dessas de baralho, mas com desenhos caprichados, como vindos de um pais distante, pintados especialmente para o nosso destino. E cada carta falasse de um dia, mas so coisa boa, alegre, feliz. So surpresa, dessas de presente.

Seria bom se o tempo nem passasse tao depressa. E a gente pudesse viver 1 ano em uns 2 ou 3. E a gente tivesse tempo de parar e observar cada mudanca da estacao. Sem pressa.

Seria bom se aquele livro que a gente le, estuda e aprende, nao acabasse quando acaba a historia. Porque, devido as inumeras interpretacoes, ele nem acaba mesmo.

E que uma estacao fria fosse tao fria que fizesse a gente sentir todo frio do mundo nela, so pra dar valor e entender. Eh assim que funciona esse negocio de regra da vida. E as pegadas na neve, quando nossas, ficassem por la.

Seria bom se o tempo fosse nosso amigo. Ate porque, ele eh. Precisa eh saber ver e entender. Mas quem disse que eu sou compreensiva, quando sou, na maioria das vezes, muito eh geniosa?

Sei que seria bom.

10 de jan. de 2011

lagrimas de tempo

Estive chorando. Um dia inteiro. Sobre tudo e sobre nada. O que inclui todos e ninguem, tambem.

E estive chorando sobre tudo. E isso inclui tudo o que vi, vivi, e senti. E me admira caber tanta coisa dentro de mim, e poder chorar essas coisas.

E fico me perguntando, ao me deparar com tanta agua salgada saindo dos meus olhos: onde eh que eu fui guardar tanta lagrima?

=(

7 de jan. de 2011

conversas jogadas dentro

Hoje dei uma parte de mim ao que seriam os serial killers, indios, culturas diferentes, seguranca social nos Estados Unidos, China, meninas e meninos, plano de saude privado, funcao do governo, antropologia de meia tigela, rituais, crimes, filmes que ficaram famosos porque eram historias antes de acontecer, a Suecia num livro vista de cima, e todas as outras coisas que eu aprendi ontem e guardei pra mim.

5 de jan. de 2011

Pensamentos soltos em nuvens

E ultimamente estou pensando em tanta coisa que penso ate em coisa que nunca tinha pensado antes.

Eh incrivel como as situacoes da vida, que sao varias, colocam, na nossa frente, os mais diversos pensamentos que a gente pode um dia pensar.

Precisa eh ser esperto pra reagir no mesmo minuto, estender a mao e pegar. Fica escondido nessas nuvens que passam na frente da gente, nos momentos tristes, e que tentam atrapalhar a nossa visao.

Precisa eh ser esperto, e corajoso, pra pegar pensamentos. Porque, como eh surpresa, nao se sabe o que vai pegar. E pensar.

Pois entao, pensamentos. Nao sei se voces existem ou se sou eu que os crio na minha cabeca. Se aqui voces moram ou se os trago pra mim quando eu nem precisaria. Eh que estou muito a toa ultimamente, e ate deveria seguir o conselho da minha avo e fazer alguma coisa.

Mas eh bom pensar...

4 de jan. de 2011

Me entregando

Eh que eu sou critica de um jeito tao critico que eu nem sei descrever. Apenas ser.

E rio dos nomes que nao combinam, que chamo de "bregas, muito bregas". E dos nomes feios, que nem deveriam existir. E nem vou citar exemplos porque a diferenca entre nomes bonitos e feios deveria ser um conceito universal.

E guardo na bolsa que carrego comigo um pouco de ironia e sarcasmo, que uso 23 horas por dia, e quando nem deveria usar. Assim sou eu.

E embrulho o estomago, num ato meio que sem querer, quando vejo, como vi hoje por exemplo, que algumas pessoas nao apenas gostam como mostram que gostam de axe. Tipo "axe brasil".

E me recuso a ter qualquer tipo - qualquer tipo mesmo - de relacionamento com pessoas que escrevem coisas como "miguxa", usam muitas abreviaturas, escrevem errado e vao na onda dos outros nesse negocio de "escrita ridicula".

E ainda acho muito de voce, ainda que eu nao fale, passe ao seu lado 'despercebida' ou te de um sorriso. Foi mal.

E reparo na roupa das pessoas. Porque tudo eh questao de estilo: tem o estilo classico; o estilo punk daqueles que so usam preto; o estilo romantico, que inclui bata de renda e florzinha; o estilo chique; e outros que estou com preguica de pensar. Mas, "estilo brega" nunca sera aceito como estilo, mil desculpas ai!

E ainda vejo como andam as combinacoes. Das roupas e acessorios. Porque listrado com listrado vira "muito", rosa escuro com rosa claro vira "tristeza", e bolinhas com xadrez nem existe.

Tambem rio. Quando eu nao deveria rir. E, se assim o faco, penso ate que nao sou eu e arranjo desculpa para me defender.

"E ao meu contrario, quero chamar de Deus"

3 de jan. de 2011

Supposing

I am supposed to remember flowers, garden, windows that tell me something.

I am supposed to go for a walk in those empty streets, in my home town, on a Saturday afternoon. I am supposed to think of that. Because it makes me happy in a way that I don't know how.

I am supposed to do laundry. I am supposed to think about that soap opera that I watched twice and elected as my favorite one.

I am supposed to smile. To show my smile. I am supposed to see and appreciate the snow. And to notice the sun. I am supposed to forget the cold. I mean the winter.

I am supposed to think of the hugs that my dad, mom and sisters can give me. I am supposed to think of ice cream 24 hours a day. I could also think of that chocolate that I don't really like but makes my sister's life sweeter. Sweeter.

I am supposed to think of my dad's friends, for instance, for they really make me laugh a lot. I am supposed to drive a car on a Sunday morning, in order to give my dad a ride. I'm a good driver, he once told me. I can run a lot. He once told me, worried.

I am supposed to look, and see, those houses that I think are a way cute. And to freeze them in my memory, so I can draw them later.

I am supposed to enjoy the conversation I am having with my "little" sister right now. And to learn from the conversation I was having, and will have again, with my middle sister.

I am supposed to play games. To play with life. To enjoy it. To laugh at it. To smile. To be happy.

I was supposed to have a notebook, a special one, to write myself on it. I didn't bring it with me though. And I didn't write anything on it yet. I guess I have to study myself first. I am hard.

I am supposed to like the smell of candies. I am supposed to learn from a movie I've seen. I am supposed to create words, to use them the way I want, knowing a little bit of grammar though. Just in case.

Hey, I am supposed to do so many things, so many things that I think my mind is too small to think about them. I better run. Life is too short, time is cold.

That's life. Who said it would be fair? I just have to think about the things I am supposed.

And you, do you know about "supposed things"? I don't really mention them, and that's why they say a lot.

Me justificando

"I didn't know why I was going to cry, but I knew that if anybody spoke to me or looked at me too closely the tears would fly out of my eyes and the sobs would fly out of my throat and I'd cry for a week. I could feel the tears brimming and sloshing in me like water in a glass that is unsteady and too full"
(Sylvia Plath, The Bell Jar)
Today.

2 de jan. de 2011

Hoje entrei num gueto. Num desses guetos da vida, e ate pensei que poderia ter entrado no meu. Mas eu teria que pegar um carro, que entrasse nos pensamentos que passam pela minha cabeca e que nem eu entendo.

Vi historias, fotos que criei atras dos meus olhos, lembrancas, restos, pedacos, e pneus.

Vi mato crescendo, num tom marrom que eh pra deixar o cenario ainda mais bonito, ainda mais magico, ainda mais marcado no pensamento da gente - que a gente chama de memoria.

E entrei numa dessas casas, para encontrar maes e filhas, bebida, brigas, e abandono. Tristeza. Eh o que restou nos guetos.

Perigo. Registros. Cuidado. Misterio. Protecao. Expedicao. Foi tudo o que eu encontrei la.

E isso tudo, devo dizer, eu descobri "so de pensamento", so de sentir, so olhando fotos e vendo video no youtube. E fiquei por horas pensando como magico seria entrar num gueto desses, e entrar em si propria, pra saber interpretar.

Eu estava falando dos guetos de Detroit.

1 de jan. de 2011

Hoje

E hoje eu so queria ser Clarice Lispector e Sylvia Plath pra me justificar. Me justificar de quem sou. Me justificar pra mim mesma, me justificar pra voce.

Hoje eu so queria ser o que eu teria sido e nao fui. Hoje eu so queria ser voce. Mas o seu "eu" verdadeiro.

Hoje eu so queria um sofa num cantinho, com cobertor quentinho, de preferencia xadrez.

Hoje eu so queria conversar. Te olhar. Abracar. E sentir. Eu queria muito sentir a verdade verdadeira da vida, e principalmente a verdade sobre as pessoas.

Hoje eu queria me descuidar. E o primeiro esbarro seria com as palavras. Porque para a pontuacao eu nao ligo mais.

Hoje eu queria ver um pouco de azul, e vestir azul que eh e sempre sera a cor mais bonita e cheia de misterios e significados do mundo.

Hoje eu queria olhar no seus olhos, porque assim eu vejo. Hoje eu me esconderia atras de uma colina, depois de dirigir um carro antigo. Usando lenco no pescoco. E fazendo parte de um filme de suspense dos anos 70.

Hoje eu queria que fosse um hoje so meu, assim do meu jeito, em relacao a voce.