19 de out. de 2018

Acaso sou eu guardador do meu irmão?

Como diria Lispector:

"Porque nem sempre posse ser a guarda de meu irmão, e não posso mais ser a minha guarda, ah não me quero mais"


Eu, que tenho-te guardado, velado e guiado quando dou meus passos à frente. Veja e olha: eis que eu te guio até quando não caminho.

Eu, que tenho guardado o que tens feito comigo: desde que nasceu, já me lembro mais.

Mas a guarda não sou eu. Nem sua sereis guardadora de nada. Nada me foi depositado. Nunca aceitei. A ti não tenho que guardar. Guardo-me inteirinha, assim, de você, para me preservar de ti.

Acaso sou eu a guarda da minha irmã?

Eu, que guardo o guardado, em minhas mãos entrelaço, estou pronta para desfazer o laço.