14 de mar. de 2011

"dulce de leche"

Em contato com aquele lado meu que eh doce e simplista, num ato simples de nao reclamar. Num encontro com o meu eu que nao desconfia, nao questiona tanto, e sorri para estranhos na rua. Ao lado de uma menina que presta atencao nas pequenas coisas, nos detalhes, e nas casas. De mao dada com a personalidade de filha, da estudante colecionadora de papeis, da menina que cresceu antes de crescer. Procurando a inocencia e a ternura que restou em mim quando a vida me bateu. Salvando sorrisos e palavras doces para o "ele especial" com quem esbarrei nessa vida. Respondendo mensagens e emails, e quem sabe ate me arriscando a escrever uns por vontade propria. Pensando na possibilidade de dirigir sem correr. E olhar para arvores que para mim sempre foram ridiculas, mas com outro olhar - quem sabe o dele. Eu quero ver o mundo com os olhos mais bonitos, quem sabe de uma cor diferente desse meu castanho que nao vejo muita graca, e entender as coisas dentro de mim de um jeito meu que eh o da menina doce que permaneceu dentro de mim.

10 de mar. de 2011

Da escrita que me faz "eu"

Descobri o que sempre ja sabia de que so sou eu quando eu escrevo. E a partir de agora, em um momento que nao sei quando nem onde, comecarei a escrever, que eh para eu nao me perder - sem querer, no entanto, me achar.

E a raiva eu vou escrever em caderno, porque cadernos sao grandes e feios, e vou poder jogar fora quando o sentimento feio passar. E jornadas eu escreverei em papeis de carta, que sao delicados, importados, cheirosos e sao a minha colecao comecada por minha mae para mim quando eu era crianca. As alegrias escreverei em bloco de nota colorido, que eh pra soltar a folha e espalhar por ai, espalhar pelo ar, deixar contagiar. Alegria tem que ser dividida. E a saudade eu escreverei em um dos papeis mais bonitos que eu vou achar quando eu comecar a confecciona-lo para mim. E os medos eu escreverei em folhinha, nessas que as pessoas tambem chamam de calendario, porque medo passa, e tem dia para acabar. E os amores, esses eu escreverei em mim mesma, em local guardado para pessoas especiais.

8 de mar. de 2011

Uma saudade de mim

Em uma dessas saudades que invadem a gente da gente mesma descobri que sinto minha falta.

Ando com saudade de mim.

Saudade daquele dia que foi marcado como em agenda, com a diferenca que eu nunca marco. Saudade daquela caminhada comigo mesma onde observei formigas. Saudade do prato de comida especial so porque eu o classifiquei como tal. Saudade da menina em mim que segurava na mao da minha mae, ainda que so em pensamento por saber que ela estava ali. Saudade daquela roupa favorita que voce sempre gostou e soube que a teria consigo guardada em bau. Saudade da personagem do desenho que me deu o apelido pelo qual minha mae me chamava. E daquela outra que me ajudou a crescer e ser quem sou. Saudade de uma janela onde me debrucei para ver a rua passar, quando na verdade eram as pessoas que passavam. Saudade de um lugar bonito que chamei de meu e nao dividi com ninguem, que e para nao deixar de ser segredo e nao deixar de ser especial. Saudade de um relogio que um dia usei mas que hoje eu nao lembro, mas sei que em algum lugar da minha vida esteve presente na minha infancia. Saudade de um desenho que construi um dia, de uma imagem que ficou gravada em minha memoria e de uma gravura que colecionei. Saudade do dia encantador de ontem, saudade do dia alegre de hoje, saudade do dia aconchegante de amanha.

Sempre me encontro numa dessas saudades...