29 de abr. de 2013

Tem algo muito errado

E as vezes, ao chegar em casa, sinto-me distante do lar. Olho para trás para onde me encontro, sinto falta dos meus livros e meus escritos, me pergunto quem sou.

Este lugar não e' meu, eu não deveria estar aqui, você não deveria estar ai'. Tem algo muito errado e quem e' que irá mudar o modo como o mundo onde habitamos anda girando? Quem fará com que a Terra volte ao seu eixo original? Quem será o todo-poderoso a mudar tudo isso e voltar com as coisas para o lugar?

Tem alguma coisa muito errada, porque meu desejo não foi atendido. E o meu desejo e' o eco da voz da Terra. Eu só queria o bem de ser feliz. Eu só queria experimentar o êxtase da primavera. Eu só queria sorrir mais um milhão de vezes nas noites mais geladas. Eu só queria poder andar de encontro ao vento sem me importar com minhas bochechas gordinhas sendo cortadas pelo frio. Eu só queria ser eu novamente, quando estou com você.

O mundo não mudou de lugar. O mundo continua o mesmo. Mudaram as estações  que jamais foram as mesmas, embora repitam-se todo ano...

Tem algo muito errado e eu ainda não entendi o motivo. Sim, logo eu, tão cheia de perguntas, tão cheia de respostas e tão cheia de metáforas. Tem algo muito errado e, mais do que descobrir o motivo, eu preciso mudar isso.

Eu preciso tanto mudar isso!

To you, my Dears

Days that cannot bring you near
or will not,
Distance trying to appear
something more obstinate,
argue argue argue with me
endlessly
neither proving you less wanted nor less dear.

Elizabeth Bishop

27 de abr. de 2013

Hello I must be going

Então, quem sabe-talvez, o dia de você ir embora finalmente tenha chegado. Porque o dia de você ir não e' o dia que você escolheu, mas o dia que EU escolhi.

Quem sabe-talvez não tenha sido nenhum de nós dois a escolher nada; o dia chegou no dia que ele tinha que chegar.

Passaram-se ano, passaram-se meses, passaram-se datas e só você não passava, pois continuava aqui, embora já tivesse ido. Mas, quem sabe-talvez, este dia tenha chegado ontem a noite.

Sonho que não te deixo ir e, ao acordar, interpreto como já permitindo que você vá. Meu inconsciente, que habita esta minha mente desgovernada mas que me agrada muito, quer mantê-lo aqui, por costume, por birra, por mania, por acomodação ... quem sabe por amor. Mas você precisa ir.

Ficarão guardados em um porão distante as cartas, as promessas, os dias passados juntos, as viagens, as mãos dadas, as comidas experimentadas, os olhares, as palavras trocadas, os beijos molhados, os sonos divididos na mesma cama, os estudos também divididos, os filmes assistidos, o que aprendi, a saudade, os presente que recebi, os presentes que te comprei e guardei, os cheiros, as manias, o sorriso e os olhos que nunca esquecerei, a esperança  as fotos ... e tantas, tantas, tantas outras coisas vividas, e ainda tantas outras guardadas porque poderiam ter sido vividas e não foram.

Mas segue-se a lei da vida. Quem tem mapa em mãos direciona-se melhor; quem está perdido vai sendo empurrado, mas mesmo assim vai com a multidão. Chama-se ciclo.

Então aqui ficam minhas esperanças alimentadas de verde por um partido Nazista, e minhas dúvidas pintadas de vermelho e preto por um simbolo da Suástica. Não sei mais do amanhã porque não sei fazer contas e acho todas as profissões que lidam com números muito chatas. Mas sei do que vivi e isto não se conta - se vive, se ama, se guarda.

Hello, I must be going.

21 de abr. de 2013

Não se esqueça que você vai morrer

Não se esqueça que você vai morrer. E entao morrerao os sapatos, os passos nao dados, as maos dadas, os abracos partidos. 

Não se esqueça que você vai morrer. E a caixa onde guardo todos os presentes que ganhei de voce sera apenas uma coisa a mais a ocupar espaco neste espaco de tempo. Os cheiros ja nao sinto mais e, quando voce morrer, as lembrancas estarao tao secas que serao varridas como folhas de outono.


Não se esqueça que você vai morrer. E entao irao embora os bons momentos, as lembrancas, as pirracas, as brigas, as idas ao nosso restaurante favorito, as vezes que esperamos pelo taxi e os textos de politica. Quando voce morrer, sei que o ceu ficara de um tom azul escuro em homenagem a mim. Este sim sera o meu dia.


Não se esqueça que você vai morrer. E as fotos que tenho de ti, e as fotos que tiramos juntos, nao mais serao historia. Serao apenas fotos, como em papel. Por que quando voce morrer, nao vou mais me lembrar de ti ao ir ao supermercado, e nem mais sentirei falta da sua companhia nas sextas a tarde. Quando voce morrer o trem tera cruzado o caminho e passado por cima de mim, buzinando atras da montanhas que enfeitam o fim da rua onde fica a minha casa.


Não se esqueça que você vai morrer. E esse dia chegara sem que voce faca nada. E foi exatamente porque voce nao fez nada que este dia chegara. O dia em que voce morrer. 


O dia em que voce morrer nao necessariamente quer dizer que voce deixara de existir. Pode ser para voce o dia do seu nascimento, ou o dia da sua ressurreicao, como uma fenix, sem qualquer tom religioso. Para nao lembrar de mim em nenhum momento sequer.


Não se esqueça que você vai morrer e com isso irao a pulseira de pedar de um aquario, os cachecois gemeos, as blusas que esquentam o frio, os sneakers pelos quais dividimos a paixao, os cabelos grandes, os apelidos que significam nossos nomes, os filmes que prometemos ver e nao vimos, as cartas e cartoes com escritos, a ajuda naquele trabalho da faculdade, minha critica realista, minha defesa pelo desconstrutivismo, as fotos da sua linda familia, a comida mexicana, as caminhadas pela cidade, os edificios abandonados, o trem que nao nos leva a lugar nenhum mas nos deixa vislumbrar nossa cidade, a saudade que nao pude matar e tive que enterrar em mim, o barco na beira do rio que divide os dois paises, a mendiga de rua que gostou de voce, a ida aquele restaurante que nao quero citar o nome, as noites que nunca mais dormiremos juntos, seus olhos verdes caidos que me dizem tanto, seu sorriso que ilustrou meu dia, os presentes que nunca jamais enviei, os segundos que nao foram gastos.


Não se esqueça que você vai morrer, e quando este dia chegar, tera chegado. 

13 de abr. de 2013

Estaríamos mortas




I have always been scare of you,
With your Luftwaffe, your gobbledygoo.
And your neat mustache
And your Aryan eye, bright blue.
Panzer-manpanzer-man, O You--

Not God but a swastika
So black no sky could speak through.
Every woman adores a Fascist,
The boot in the face, the brute
Brute heart of a brute like you.
(Sylvia Plath)

....


How could You do that? How could YOU do that!!!?

Conversas com minha irmã comecam em um sábado pela manha, quando ela vem, deita em minha cama e começa a lamentar: "o que fizeram os alemães? Por que fizeram aquilo os alemães? Ah, Anne Frank! Márcia, um alemão?! Ah, que raiva. Por que os nazistas eram assim? E se os nazistas tivessem ganhado a guerra...?".


"Estaríamos mortas", respondo eu à minha irmã - "by a brute, brute heart of a [German] brute like You".

8 de abr. de 2013

You

Perhaps she wanted to say she was sorry even though it wouldn't change a bit. Perhaps things are supposed to happen the way they do, and then she could not blame herself. Yet, she was the master of her life and thus she had the last word regarding guilty. But then her mind comes to scene, and there's no control anymore. She can't judge, she can't say. She can only listen and see. And agree. Will you ever know?

Hey, I am sorry. For all I did, for all I did not. I was sick inside my mind and I really didn't know what was going on. I just wanted to say I was and am sorry, and leave the rest to you. I just don't want to have anything to do with this. I just wanted to say I am sorry, hey, You, because I want to be sure the decision was yours. I just want to feel I wasn't part of this. I just want to be sure I didn't take part in the process of breaking my heart. You, only you, did.

6 de abr. de 2013

Doce

Que doce eh a noite e o dia e os momentos e as historias e as mensagens e a espera e os motivos ... que envolvem voce.

Que ainda mais doce tornou-se o ja tao doce sabado, e a sexta e os minutos.

Que leve eh acordar em um dia de nao fazer nada, sabendo que muito podera ser feito com voce.

Que doce eh assim.

5 de abr. de 2013

Deixa ela entrar

Se deixasse a porta aberta, juro que ela escaparia, escalaria muros, pularia obstáculos para até chegar neste lugar impossível a quem ela chama de você.

Os carros que cruzam as ruas, o ciclista que espera o sinal fechar, a mãe que leva o filho e a senhora idosa que empurra o carrinho de compras - nada disso ela iria notar. Nada disso fariam parte da imensidão porque estariam fora, já que imensidão ela escolheu ser você. Você, tão grande.

Se a deixasse entrar, ela invadiria. Se a deixasse entrar, ela viria com passos leves como o de uma bailarina a perder suas sapatilhas de balé. Ela viria a deixar os cabelos longos ao vento, porque não se importa que estejam bagunçados e parecidos com os seus. 

Deixa ela entrar, e se fazer em casa, e se sentir em casa. Espreguiçar sobre o seu peito, passar os pés nos seus, cruzar dedos, cozinhar sem saber. Pintar o ambiente de azul, pôr aquela música que ela não sabe cantar e, ainda assim, cantar para você. Pegar a máquina mágica, registrar seu rosto e congelar no passar dos tempos uma memória que nunca se foi. Deixa ela entrar e ficar.

Se a deixasse entrar, ela tocaria na porta de uma leveza tão delicada que o mundo se abriria. As nuvens, tão leves, não mais se sustentariam e viriam a desabar. O planeta Terra, então, tornaria céu, e o mundo também.

2 de abr. de 2013

Meus pensamentos

E às vezes, como agora, eu me pergunto quem é que manda nos pensamentos da gente: os próprios pensamentos, nós mesmos, ou aquele que nunca deixa o nosso pensamento?

A espuma dos dias

Dias passam correndo e muitas vezes o garoto que brinca na esquina não consegue alcançá-los. Muito tempo para poucos dedos. Dedos demais com pouca desenvoltura. Vá saber.

Dias também passam devagar porque vêm longos. Há de se evitar? Diga-nos como.

O dia da vida passará em frente à janela alta, solitária e antiga, com vasos de flores em armação de ferro. Uma velha professora estará a ensinar a lição e a madame tentará cuidar da cortina. É preciso muita atenção mas, mais do que isso, é preciso sensibilidade.

Há que se sentir o correr do tempo. Há que se reconhecer que aquilo que tinha tanta importância já nem importa mais. Muitas vezes a questão da importância não é mérito nosso, pois se dependesse de nós ainda insistiríamos. É questão da vida. É a vida que escolhe. A vida, essa criatura devoradora que anda em círculos.

E, com o tempo que se vai, vão também nossos anéis. E nossos brincos, e batons, e buchas, e presilhas, e espelhos, e reflexos, e imagens, e memórias, e os beijos, e os diários, e a cristaleira, e tudo o mais. Vão-se tudo, ficam apenas os momentos.

Um dia na vida passa de carona na esquina. Quem pegou foi quem correu. Correu, muitas vezes, sem precisar sair do lugar. Porque se correu em espírito. Porque se foi sensível. Porque soube reparar. E estralou o dedo, e olhou de lado, e se foi. Como em uma aventura.

Os dias que passam já não voltam mais. Voltam apenas aqueles que não se foram. E esses não voltam mais, porque não se volta o que nunca se foi para longe da gente. Sempre ficou e ficará aqui. Porque os dias são assim: quando gastamos, eles vão. Quando desperdiçamos, eles desaparecem. Quando usamos de forma proveitosa, eles vêm. E quando vivemos os dias, eles permanecem.