17 de jun. de 2011

o bom do mau humor

Quem sabe eu nao sou apenas uma pessoa mal humorada, de bico na cara, pe batendo no chao e dando de ombros por ai? Nunca vi pessoa interessante que se contentasse com tudo, gostasse de tudo, sorrisse para tudo e para todos - o nome disso para mim eh idiotice (ou idiotisse - foda-se esse idioma ridiculo!). E todos os que conheci, aka meus poetas favoritos, aqueciam suas vidas, e hoje aquecem a minha, com suas criticas sensatas, ironias finas, uma pitada de sarcasmo e um piscar de olhos. Porque tem que ter charme. Como minha mae sempre falou: alem de ser bonita, precisa ser charmosa. E para minha mae eu era e sempre sou. Ate quando eu ficar velha-gorda-deus-me-livre. Mas eu vim aqui falar de mau humor, ne?

14 de jun. de 2011

facil eh chato

Acho que tudo seria mais facil. Tudo seria mais facil se seguissemos ordens num papel, placas de transito, mapas coloridos e cadernos de receita. Seria tudo tao mais facil se respeitassemos datas, seguissemos horarios, impusessemos limites aos outros e, principalmente, a nos mesmos. Se mandassemos nos pensamentos que fogem para dar voltas por ai. Se descessemos escadas degrau por degrau. Se fechassemos a janela assim que a chuva se aproximasse num horizonte azul-sombrio. Se a televisao so ligasse na hora certa e no canal certo. Se nossas maos digitassem de forma correta. Se os olhos vissem o que precisam ver.

Vai ver seria mesmo facil. Mas seria tambem TAO chato.

6 de jun. de 2011

o dia que ela pensou que era dela

Em um dia dela, haveria frio de outono, quem sabe inverno com muito abraco, luvas nas maos que se dao, ou um sol de primeiro mundo. Viria vento encontrando de frente, empurrando pra tras, levantando franja pra cima e abrindo boca para os lados - eh sorriso.

Haveria flores pelos caminhos, nao porque ela presta muita atencao nas flores, mas na estrada, no local de destino, na jornada. E, dentro de si pergunta sem parar: "esta chegando, esta chegando?". Mas ha mais caminhar. As vezes devagar, outras vezes em passos agitados - eh culpa do horario, a gente nao manda no tempo que nao quis parar - corridinhas leves, corridas bruscas como em apostas, ou aquele jeito de caminhar que ela usava na infancia mas descobriu outro dia ai com ele. Ah, e que alegria saber que alguem, alguem tao especial, compartilhava com ela esse segredo-vergonha que a gente chama de crianca que mora dentro da gente.

E caberia tambem um presente. Pode ser muito, muitos pequenininhos, que assim alegra mais. Pode ser um grande tambem, um grande mas simples. Uma escrita em letra bonita, um papel que trouxe o seu cheiro, um cartao que veio com vento de um lugar que eh so meu e seu.

Quem sabe a tarde nao se prolonga, porque eh so dela, toda pra ela. E ela se perca em meio as oportunidades - o que fazer? O que fazer de mais especial para tornar especial? E ela ate pensaria que a tarde se prolonga porque eh longa, e que seu dia eh pra sempre.

Mas, porque nao eh, desejou eleger como o dia especial. Como o dia em que nasceu. O dia em que escolheu, com Deus, quando ela ainda nem tinha consciencia, para nascer. O dia, que por ser tao mistico e magico e frio e bonito e junino, eh sim um dos melhores dias do ano. E assim sempre seria, sendo aniversario ou nao. O dia bom ja existia, foi ela que foi escolhida, de dentro daquela caixinha de presente em que residia, para nele nascer.

E um dia como esse, um dia que chamou de "dela", e ate nome ela procurou mas enjoou de pensar no segundo segundo, ficou mais especial com o sorriso, e os beijos, e o chamego, e a mensagem, e o cartao, e a surpresa, e a presenca e tudo mais de uma pessoa especial. E essa pessoa, olha so, nem era ela. Era ele.

Obrigada, Deus, pelo dia especial, pela pessoa especial, pela especialidade.