Em uma cidade grande como essa, ela fica perdida, indecisa em meio à suas opções de escolha que seriam mais úteis se fossem menos. Nessas horas lembrava-se como era difícil decidir, via-se em um abismo e, no fim, culpava seu signo do zodíaco ao contar para a irmã.
No caminho, notava as rodas gigantes. Perguntava-se se faltava muito para chegar, como se fosse possível responder. Torcia para torcidas que não existiam e procurava na loja a camisa de um time de futebol que não deveria estar ali.
Pensava sempre tão mal dos taxistas. Cruzava os dedos de medo e para não trazer azar. Lembrava-se que era sexta-feira santa e que, por isso, nada podia dar errado porque as pessoas devotas estariam rezando no lugar dela.
Ainda, por todo o caminho, perguntava-se se estava indo mesmo para o lugar certo - ela é assim, cheia de perguntas, cheia de respostas. Um shopping, em seu julgamento, jamais seria um lugar certo. Enquanto isso, era distraída pelas palmeiras que enfeitavam e enfeiavam o caminho. Ah, que cheiro de praia. Que roupa de praia. Que tudo de praia! - estou cansada. Não vou adaptar-me à situação e também colocar biquíni. Só dizendo por dizer.
Compraria as coisas o dinheiro? Mas dinheiro também não era uma coisa, e uma coisa inventada? Por que uns tinham tão pouco e outros tinham tão muito e outros tinham mais ou menos? Porque esse negócio de fazer copos de vidro e copos de plástico em vez de definir um só modo sem igual? Ah, as complicações.
Vamos pensar no caminho. Nos corredores sem fim que sempre levam aos mesmos lugares. Nas escadas rolantes que são usadas da forma errada por essas pessoas, os brasileiros. No moço de terno cumprindo o seu dever. Na menina, que sou eu, cumprindo o meu dever também indo lá perguntar, já que o trabalho dele é responder. Vou só para ele sentir-se útil. É que todo mundo é útil. Vamos pensar nos pensamentos calados que não saíram da minha boca e, por isso, não viraram palavras. Nas lojas caríssimas que eu não fui e nem me deixei olhar, porque acho de uma grande falta de respeito. Nas moças que trabalham nas lojas mas são pagas mesmo só para olhar. Olhar para o nada. Deve ser chato ser assim, né? Vestindo cachecol de zebra, então, nem pensar.
Mas ó céus com a sombra feita pelos coqueiros à beira mar onde passam os taxistas: como isso tem pouca importância.
29 de mar. de 2013
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