No meio do caminho, tenho que parar para pegar as folhas que caem no chão, com carinho. Tenho que lembrar de estar atenta ao atravessar a rua. Tenho que parar para observar o tráfego de carros la de cima da ponte onde estou.
Ao longo do caminho, tenho que gravar mentalmente todas as casas que me encantam para desenhar depois, em um futuro não muito distante de um passado renegado de arquiteta que morou dentro de mim. Prometo que vou me lembrar de almoçar, mas sinto muito que a comida seja sorvete. Não sei mudar. Só sei seguir os meus instintos que me danificam a saúde mas me fazem tao feliz.
Enquanto isso, uma visita ao supermercado na lembrança. As coisas que jamais comprei porque não precisava. Nunca precisei de nada! As coisas que comprei e guardei. E toda essa coisa boba que e comprar e pagar. Viva a triste sociedade consumista.
A noite e feita de recortes. Recortes de todas as cores e estampas marcantes. Guardo-os todos em um mural, nos livros que estou lendo, nos cadernos que coleciono e no chão da sala, espalhados. Arrumo o cabelo com carinho, perguntando-me quando e que ele estará novamente tão longo, me ajudando a ser quem sou.
Enquanto isso, os passos que dou são agora mais calmos, certos, reprimidos. Não saio correndo, embora esteja sempre apressada. Vez ou outra, pulo poças de água deixadas pela chuva quando, antes, teimava em me molhar. Respiro o cheiro da chuva que formam meus dias e minhas melhores lembranças. Vou guardando pedrinhas com fomas diferentes que encontro pela rua. Não sei onde começa ou termina a estação do trem, apenas vejo os trilhos pelo caminho. Também não sei chegar na cidade de um país distante que me levariam ate você. Fazer o quê? Posso apenas aproveitar a viagem e observar as propagandas nas ruas, os muros altos e as luzes da cidade. Prometo que comprarei um cartão postal para lembrar esta lembrança.
E assim vou.
30 de set. de 2013
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