31 de jan. de 2011

Sonhos

As vezes eu acho que estou sonhando.

E nao falo isso apenas como "maneira de dizer". Eu REALMENTE penso que estou sonhando. E dai nem penso muito. Vou mesmo eh vivendo e empurrando os outros e a mim mesma para esse mundo de nuvens coloridas. Brega ne?

Mas entao. Eu acho mesmo que eu estou sonhando. E o sonho parece tao real que as vezes paro e digo para o sonho "para", e analiso o instante em que estou vivendo so para ver se no instante seguinte eu irei acordar. Mas nao acordo, porque ja estou acordada, ou ainda estou dormindo.

Eh tudo um sonho. E nessa hora me sinto Sofia e, quando penso no livro e fico ainda mais confusa, volto para o sonho.

26 de jan. de 2011

um pouco de mim

Eu sou assim. Basta alguem ou alguma coisa me decepcionar para eu mudar. Mudar a rota dos sentimentos. E eu que antes queria, e antes ligava, e ate me importava, ja nao ligo mais. E ate li em um lugar da minha agenda, que vem com quotes de gente por ai, que pior que nao gostar eh nao se importar. E ate penso que entao esse meu jeito eh ruim, mas ai mudo de ideia quando esse pensamento ve como alvo meu coracao. Estou falando do pensamento de que quem eh que sabe o que eh bom ou ruim, ou se eh assim ou assado. Vai ver a vida fez a gente do jeito que a gente precisava ser para passar pelas coisas que a gente tem que passar na vida.

E eu que ligava, queria, e me importava, por causa de varios acontecimentos, e ate de um gesto seu, um gesto que voce nem notou, passo a nao ligar. E comeca assim: primeiro acontece no vento, depois em um lugar do meu coracao, e depois em um lugar real. E nao mais no mundo das ideias.

E penso ate que ontem fui o que hoje deixei de ser.

25 de jan. de 2011

estive querendo

De repente estive querendo cores coloridas, nuvens vivas, ceu azul, arvores bonitas. Estive querendo cartoes fora de epoca, escada com degraus, atendimento simpatico das secretarias. Sorvete sempre-sempre, carrinho de pipoca numa praca, janelas imensas, olhar misterioso e chuva ao fim de um dia de sabado. Estive querendo colecao de livros guardados com amor, locao com cheiro bom, esmalte de uma marca personalizada e letra caprichada. De repente quis passeios de carro por estradas desertas, fotografias bonitas, coletanea de poemas da Sylvia Plath, anel de infancia e jogo que ficou guardado na estante. E quis tambem vizinhas legais, flores colhidas num jardim por ai, biscoito de vo, roupa nova, tesouro descoberto sem querer e telefonemas inesperados que trazem alegria. E nao posso me esquecer do saco de coisas que ate aqui ja aprendi.

23 de jan. de 2011

a cor das palavras

As palavras tem cores.

E a cor vai depender do tom da palavra. Porque, sim, palavras tem tom, embora, muitas vezes, tudo depende do tom que voce da para elas.

E aquela palavra bonita, soprada com carinho ao pe do ouvido num dia especial, tem a cor vermelha. E as palavras inteligentes tem cor azul, regadas com vento frio, num tempo ao entardecer. Os conselhos dos avos, pais e pessoas sabias sao de um tom verde claro, e passam confianca e leveza. Palavras que saem da boca do pai e da mae sao rosa-choque. Palavras que vem nas brigas de irmaos sao cinza, porque nao chegam a ser escuras como o preto. E as palavras que merecem um tom escuro, triste e negro... bem, essas a gente esqueceu.

17 de jan. de 2011

it's "just" a matter of feelings

Here I am, with all these feelings that belong to me (but I wish they didn't). Since yesterday. So I could say it's been almost one day, and I will have to see how long they last to see if I can trust them or not.

And, at this time, I won't say anything. Which doesn't mean I don't see, feel, think or know. I will just keep them for myself. I don't want to give explanations for something I don't understand.

I also don't want to talk. Because, if I talk, I say. I can't stay quiet about what I think I should talk about. I'm like this. It's God's fault, if you wanna an explanation.

15 de jan. de 2011

quebra-cabeca de montar

Pedi assim correndo, que desligassem o ventilador, que me trouxessem algo da cor azul, colocassem o sorvete no freezer e se aconchegassem no sofa. Que era xadrez.

Fechei as janelas. Pra ficar escuro, gelado e dar um ar de medo. Esqueci as folhas que cairam no quintal. O portao da rua, sempre trancado. E aquela rua de descida que marcou a minha memoria, continua la.

A pracinha, deserta. As pessoas, em casa. Ou viajando. Ou vivendo. O mercado, ainda aberto, porque era dia de sabado. E sabado todo mundo trabalha porque, no sabado, trabalho eh diversao. Eu ate comprei balao. E nao cuidei do jardim. Passei minha vez. Tem coisa que "a gente nao nasce pra elas", sabe como eh? E me lembrei da bandeira. Gosto de bandeiras.

Fiz um jogo pro meu pai, fui na sapataria que custei achar, andei de carro, voltei para o destino. Vi alguem na rua, um alguem desses que eu geralmente noto, e anotei recado onde nao era para anotar. Vi mais um portao, grande, e imaginei o que havia por tras dele. Uma casa, dessas que eu vou desenhar. Mas os lapis eu tenho que negociar como minha irma. E eh dificil, viu.

E isso tudo, porque estou correndo, e juntei cada pedacinho do que um dia ja aconteceu.

11 de jan. de 2011

Seria bom

Seria bom se a vida fosse uma mera questao de escolhas. E que a gente pudesse escolher tudo o que a gente quisesse. E que a gente fosse hoje "assim", e amanha "assado". E que, a cada seis meses, a vida se renovasse e pudessemos comecar tudo de novo de novo. Sempre sorrindo.

Seria bom se nos fossem dadas cartas. Dessas de baralho, mas com desenhos caprichados, como vindos de um pais distante, pintados especialmente para o nosso destino. E cada carta falasse de um dia, mas so coisa boa, alegre, feliz. So surpresa, dessas de presente.

Seria bom se o tempo nem passasse tao depressa. E a gente pudesse viver 1 ano em uns 2 ou 3. E a gente tivesse tempo de parar e observar cada mudanca da estacao. Sem pressa.

Seria bom se aquele livro que a gente le, estuda e aprende, nao acabasse quando acaba a historia. Porque, devido as inumeras interpretacoes, ele nem acaba mesmo.

E que uma estacao fria fosse tao fria que fizesse a gente sentir todo frio do mundo nela, so pra dar valor e entender. Eh assim que funciona esse negocio de regra da vida. E as pegadas na neve, quando nossas, ficassem por la.

Seria bom se o tempo fosse nosso amigo. Ate porque, ele eh. Precisa eh saber ver e entender. Mas quem disse que eu sou compreensiva, quando sou, na maioria das vezes, muito eh geniosa?

Sei que seria bom.

10 de jan. de 2011

lagrimas de tempo

Estive chorando. Um dia inteiro. Sobre tudo e sobre nada. O que inclui todos e ninguem, tambem.

E estive chorando sobre tudo. E isso inclui tudo o que vi, vivi, e senti. E me admira caber tanta coisa dentro de mim, e poder chorar essas coisas.

E fico me perguntando, ao me deparar com tanta agua salgada saindo dos meus olhos: onde eh que eu fui guardar tanta lagrima?

=(

7 de jan. de 2011

conversas jogadas dentro

Hoje dei uma parte de mim ao que seriam os serial killers, indios, culturas diferentes, seguranca social nos Estados Unidos, China, meninas e meninos, plano de saude privado, funcao do governo, antropologia de meia tigela, rituais, crimes, filmes que ficaram famosos porque eram historias antes de acontecer, a Suecia num livro vista de cima, e todas as outras coisas que eu aprendi ontem e guardei pra mim.

5 de jan. de 2011

Pensamentos soltos em nuvens

E ultimamente estou pensando em tanta coisa que penso ate em coisa que nunca tinha pensado antes.

Eh incrivel como as situacoes da vida, que sao varias, colocam, na nossa frente, os mais diversos pensamentos que a gente pode um dia pensar.

Precisa eh ser esperto pra reagir no mesmo minuto, estender a mao e pegar. Fica escondido nessas nuvens que passam na frente da gente, nos momentos tristes, e que tentam atrapalhar a nossa visao.

Precisa eh ser esperto, e corajoso, pra pegar pensamentos. Porque, como eh surpresa, nao se sabe o que vai pegar. E pensar.

Pois entao, pensamentos. Nao sei se voces existem ou se sou eu que os crio na minha cabeca. Se aqui voces moram ou se os trago pra mim quando eu nem precisaria. Eh que estou muito a toa ultimamente, e ate deveria seguir o conselho da minha avo e fazer alguma coisa.

Mas eh bom pensar...

4 de jan. de 2011

Me entregando

Eh que eu sou critica de um jeito tao critico que eu nem sei descrever. Apenas ser.

E rio dos nomes que nao combinam, que chamo de "bregas, muito bregas". E dos nomes feios, que nem deveriam existir. E nem vou citar exemplos porque a diferenca entre nomes bonitos e feios deveria ser um conceito universal.

E guardo na bolsa que carrego comigo um pouco de ironia e sarcasmo, que uso 23 horas por dia, e quando nem deveria usar. Assim sou eu.

E embrulho o estomago, num ato meio que sem querer, quando vejo, como vi hoje por exemplo, que algumas pessoas nao apenas gostam como mostram que gostam de axe. Tipo "axe brasil".

E me recuso a ter qualquer tipo - qualquer tipo mesmo - de relacionamento com pessoas que escrevem coisas como "miguxa", usam muitas abreviaturas, escrevem errado e vao na onda dos outros nesse negocio de "escrita ridicula".

E ainda acho muito de voce, ainda que eu nao fale, passe ao seu lado 'despercebida' ou te de um sorriso. Foi mal.

E reparo na roupa das pessoas. Porque tudo eh questao de estilo: tem o estilo classico; o estilo punk daqueles que so usam preto; o estilo romantico, que inclui bata de renda e florzinha; o estilo chique; e outros que estou com preguica de pensar. Mas, "estilo brega" nunca sera aceito como estilo, mil desculpas ai!

E ainda vejo como andam as combinacoes. Das roupas e acessorios. Porque listrado com listrado vira "muito", rosa escuro com rosa claro vira "tristeza", e bolinhas com xadrez nem existe.

Tambem rio. Quando eu nao deveria rir. E, se assim o faco, penso ate que nao sou eu e arranjo desculpa para me defender.

"E ao meu contrario, quero chamar de Deus"

3 de jan. de 2011

Supposing

I am supposed to remember flowers, garden, windows that tell me something.

I am supposed to go for a walk in those empty streets, in my home town, on a Saturday afternoon. I am supposed to think of that. Because it makes me happy in a way that I don't know how.

I am supposed to do laundry. I am supposed to think about that soap opera that I watched twice and elected as my favorite one.

I am supposed to smile. To show my smile. I am supposed to see and appreciate the snow. And to notice the sun. I am supposed to forget the cold. I mean the winter.

I am supposed to think of the hugs that my dad, mom and sisters can give me. I am supposed to think of ice cream 24 hours a day. I could also think of that chocolate that I don't really like but makes my sister's life sweeter. Sweeter.

I am supposed to think of my dad's friends, for instance, for they really make me laugh a lot. I am supposed to drive a car on a Sunday morning, in order to give my dad a ride. I'm a good driver, he once told me. I can run a lot. He once told me, worried.

I am supposed to look, and see, those houses that I think are a way cute. And to freeze them in my memory, so I can draw them later.

I am supposed to enjoy the conversation I am having with my "little" sister right now. And to learn from the conversation I was having, and will have again, with my middle sister.

I am supposed to play games. To play with life. To enjoy it. To laugh at it. To smile. To be happy.

I was supposed to have a notebook, a special one, to write myself on it. I didn't bring it with me though. And I didn't write anything on it yet. I guess I have to study myself first. I am hard.

I am supposed to like the smell of candies. I am supposed to learn from a movie I've seen. I am supposed to create words, to use them the way I want, knowing a little bit of grammar though. Just in case.

Hey, I am supposed to do so many things, so many things that I think my mind is too small to think about them. I better run. Life is too short, time is cold.

That's life. Who said it would be fair? I just have to think about the things I am supposed.

And you, do you know about "supposed things"? I don't really mention them, and that's why they say a lot.

Me justificando

"I didn't know why I was going to cry, but I knew that if anybody spoke to me or looked at me too closely the tears would fly out of my eyes and the sobs would fly out of my throat and I'd cry for a week. I could feel the tears brimming and sloshing in me like water in a glass that is unsteady and too full"
(Sylvia Plath, The Bell Jar)
Today.

2 de jan. de 2011

Hoje entrei num gueto. Num desses guetos da vida, e ate pensei que poderia ter entrado no meu. Mas eu teria que pegar um carro, que entrasse nos pensamentos que passam pela minha cabeca e que nem eu entendo.

Vi historias, fotos que criei atras dos meus olhos, lembrancas, restos, pedacos, e pneus.

Vi mato crescendo, num tom marrom que eh pra deixar o cenario ainda mais bonito, ainda mais magico, ainda mais marcado no pensamento da gente - que a gente chama de memoria.

E entrei numa dessas casas, para encontrar maes e filhas, bebida, brigas, e abandono. Tristeza. Eh o que restou nos guetos.

Perigo. Registros. Cuidado. Misterio. Protecao. Expedicao. Foi tudo o que eu encontrei la.

E isso tudo, devo dizer, eu descobri "so de pensamento", so de sentir, so olhando fotos e vendo video no youtube. E fiquei por horas pensando como magico seria entrar num gueto desses, e entrar em si propria, pra saber interpretar.

Eu estava falando dos guetos de Detroit.

1 de jan. de 2011

Hoje

E hoje eu so queria ser Clarice Lispector e Sylvia Plath pra me justificar. Me justificar de quem sou. Me justificar pra mim mesma, me justificar pra voce.

Hoje eu so queria ser o que eu teria sido e nao fui. Hoje eu so queria ser voce. Mas o seu "eu" verdadeiro.

Hoje eu so queria um sofa num cantinho, com cobertor quentinho, de preferencia xadrez.

Hoje eu so queria conversar. Te olhar. Abracar. E sentir. Eu queria muito sentir a verdade verdadeira da vida, e principalmente a verdade sobre as pessoas.

Hoje eu queria me descuidar. E o primeiro esbarro seria com as palavras. Porque para a pontuacao eu nao ligo mais.

Hoje eu queria ver um pouco de azul, e vestir azul que eh e sempre sera a cor mais bonita e cheia de misterios e significados do mundo.

Hoje eu queria olhar no seus olhos, porque assim eu vejo. Hoje eu me esconderia atras de uma colina, depois de dirigir um carro antigo. Usando lenco no pescoco. E fazendo parte de um filme de suspense dos anos 70.

Hoje eu queria que fosse um hoje so meu, assim do meu jeito, em relacao a voce.