Eu, quando sou invadido pela lembrança de você, penso em duas ou três coisas:
Sei que você tinha o olhar contido e já me olhava sem olhar para mim. Sei que reparou quando eu passei pelo corredor e você conseguiu me ver pelo vidro e, desde então, sei que você me olhou com os mais profundos olhos castanhos que eu já vi na vida, e que me olhava sem parar e sem piscar os olhos, porque, como diria você: "hey, handsome: you're the most beautiful thing. Ever."
Sei que você me escreveu nas horas em que o sol e a lua se alinhavam no céu: pôs no papel todo sentimento e pensamento e pedaço de você. Falava sobre mim, mas acabava por revelar-se. Me escreveu as mais doces e tenras cartas, e cartões escondidos pelos cantos, pelas malas, pelas pilhas de roupas, pela vida, que eram para ser achados de surpresa. Sei que deve haver mais cartões e cartas suas pelas esquinas da vida, e eu espero poder encontrar. Você, que sempre me escreveu tão doce, e tão difícil, e tão verdadeiramente, e tão explícito, e tão longe, e tão quente, e tão carinhosamente de um jeito só seu para mim.
Sei que seus braços eram fortes e fracos mas firmes envoltos em mim. E que poderia para sempre se esconder no meu abraço. E que me abraçaria como se eu fosse a coisa mais preciosa na sua vida. E me envolveria no calor deles, chamando-me de frio, quando era eu quem a esquentava, oras. Mas, apesar de tudo, seus braços eram leves e, quando soltei-me deles, você me deixou ir - isso, porque eu já havia deixado-a ir embora primeiro. Como pude eu? Eu, um homem com suas escolhas, e você, uma mulher refém do que eu decidi para mim e que afetaria nós dois.
(E sigo os dias e caminhos que o mundo tem para mim e vejo lá na frente. Caminho e sigo e tenho o olhar fixo, por isso não a vejo, ela. Mas, se a vida me perguntar, tenho duas ou três coisas que sei dela, pois a levo atrás do pensamento).
Nenhum comentário:
Postar um comentário