9 de fev. de 2014

Leste-Oeste

Era era o Leste. Ele, o Oeste.

Ela tinha seus longos cabelos castanhos e fugia do esteriótipo do velho continente. Ele, era a sua encarnação. 


Ela deixava-se levar e balançava quando o vento a tocava.. Ele era rígido como uma pedra.


Ela tinha um sorriso sincero, embora tenha chorado infinitas vezes durante sua jovem vida. Ele, mais jovem ainda, havia chorado poucas vezes e mais raras ainda eram as vezes em que ele sorrira com o coração. -algumas vezes teria sido para ela, como ela esperava acreditar?


Ele era mais alto e ela, embora mais baixa e frágil, sempre fora mais forte. Não tivera escolha. A vida a fizera assim.


Ela, o Leste, tinha sua janela detalhada e por ela via-se sua alma, sua identidade, suas manias, seus defeitos, suas coleções, seus livros espalhados pelo carpete e os outros empilhados, suas presilhas de cabelo, sua vida despedaçada em cores. Ele tinha uma janela monótoma e monocromática que nada mostrava.


Ela escrevia com as mãos, ainda que não no papel. Doava um pouco de si em cada uma das vezes, embora sempre fora inteira. Por isso, era tao verdadeira. Ele era frio e distante, como uma rocha onde coloca-se as estatuas dos ditadores, Führer, presidentes, chanceler, e tantos outros títulos políticos desnecessários que fizeram a diferença na humanidade.


Eles eram dois verões, dois invernos e um outono. Tinham suas almas na primavera quando se encontraram pela primeira vez. Eram dois extremos, dois opostos, dois jovens, dois adultos, duas estações de trem, dois segredos, dois pontos geográficos. 


Ela sempre seria a mais longe e ele sempre seria o mais distante. Ela sempre guardaria os mistérios e os encantos do Leste em sua alma descarada e aberta. Ele sempre mostraria suas mãos abertas, duras, cerradas e prontas para escrever um paragrafo da historia, mesmo que as vezes de forma cruel. 


Quantas pessoas haveriam passado sob os olhos dele e ele teria visto morrer? E ela, por quantas pessoas inocentes havia chorado? Eram dois corações, um gelado e um quente. Um fraco e por isso forte, e um frágil. Ela teve as portas abertas nos lugares de seus outros amigos e jamais encostou os pés onde ele estava. Seria ela destruída também?


Assim continua a historia que começou entre eles, entre o Leste e o Oeste, entre a Lua e o Sol, entre a menina e o forte ditador, entre dois mundos e um sentimento. O Leste seria cada vez mais jogado para leste, para longe, enquanto o Oeste fincaria seus pés no coração do continente, duro como uma pedra que só ele sabe ser, ditando as regras e cortando a alma dela, o Leste, como podia-se ver por meio dos seus olhos castanhos que choraram.

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