O inventor da mocidade não sabia o que estava fazendo quando criou você. Quando criou eu. Quando criou todos nós.
Ele, o caro amigo, andava para lá e para cá e, embora sem rumo, chegava a algum lugar. O inventor da mocidade tinha planos maliciosos e um perfume de jasmim. Ele escrevia letras e desenhava frases inteiras que, mais tarde, viravam cartas. Cartas nunca escritas, imaginadas ou enviadas. Estava mesmo era planejando o futuro.
O inventor da mocidade tinha todas as cartas na mão. E um sorriso de lado, do lado esquerdo do rosto. Em seus olhos, podia-se enxergar tudo. E fazer chover. O inventor da mocidade muitas vezes molhou-me com lágrimas.
A mocidade toda vivia o momento, como um que jamais iria chegar. Os dias iam contando, as pessoas iam passando, as rotinas jamais ficaram e as lembranças foram cravadas no solo. Vivia-se um dia de cada vez, até mesmo com um pouco de dificuldade. Isso, porque havia muitas horas para gastar e quase pouco para se fazer quase nada. Tudo, porque eram jovens e formavam a mocidade.
O inventor da mocidade não reparou no erro que cometeu. Se distraiu em uma esquina de um campus, logo ali no local onde não deveria estar. O vento espalhou suas folhas de rascunho e as histórias se encontraram. Como era distraído o inventor da mocidade. E, agora, eles teriam que pagar o preço - mais tarde, ela pagaria pelos dois.
E os dias demorados passam mais lentos, porque são os mais dolorosos. Tudo o que é bonito um dia ficou. As nuvens foram empurradas como sopro de vento e no tecido macio ele encostou. Ficaram apenas as marcas dos dedos.
Ao inventor da mocidade dedicou-se muitas músicas. Muitas leituras. Muitos autores. Poucas flores e um vaso de porcelana. O inventor da mocidade, sempre acreditei, era um cara malvado e sem escrúpulos, que veio este mundo a passeio enquanto escrevia seus poema macabros. Vendo a brisa chegar e vivendo os segundos dos relógios antigos que pararam no tempo, o inventor da mocidade conectou corações, deu de ombros, gargalhou e foi embora.
Tudo o que restou foram eles, um dia jovens.
27 de fev. de 2014
23 de fev. de 2014
A questão humana
A questão humana é muito mais simples do que se imagina. Tudo o que se precisa é um debruçar na janela.
A questão humana envolve dias frios com horas contadas, espera em consultórios como se as horas não valessem nada, a saga do capitalismo, gostar mais de cachorros, a grama sendo cortada e uma mão no bolso.
A questão humana pede que se esqueça as decepções que até então foram guardadas. Que se maneje bem a fechadura da porta. Que tire o cisco do olho com um sopro leve.
A questão humana é muito mais simples do que se parece. Envolve cartas guardadas, miolos de pão, feiras ao ar livre, coisas sem valor, listras de cores não combinando e palavras não ditas. A questão humana é algo assim bem chato.
Pede-se paciência e prudência para a menina que nunca soube esperar. Logo ela que se vê correndo pelas ruas sem freio, quando, na verdade, não sabe nem respirar. Apaga-se então essas contas matemáticas sem rumo, guarda-se as anotações sociais, passa-se a borracha, pula-se um muro. Nada, e tudo mais.
A questão humana nunca envolveu pessoas. E, por isso, ela, a menina, nunca fez parte. Como uma marginal, observa a sociedade da qual não faz parte. Tudo, porque as coisas giram em torno da questão humana.
Na verdade, ao fim do dia ela percebe que a questão humana é muito mais difícil do que se parece. Isso, porque será exigido dela aquela caminhada que ela não fez, os números das casas memorizados, o ônibus que perdeu, as cercas delicadas das casas, as flores que nunca teve interesse em comprar, o Estado estrangeiro ao longe, as grades fixas nas janelas do oriente, as decepções e coração cortado, a tesoura que lhe cortou o cabelo e doeu, o cão do vizinho que ora latia, ora a observava.
Ela, no final, preferiria não estar envolvida em questões como esta.
A questão humana envolve dias frios com horas contadas, espera em consultórios como se as horas não valessem nada, a saga do capitalismo, gostar mais de cachorros, a grama sendo cortada e uma mão no bolso.
A questão humana pede que se esqueça as decepções que até então foram guardadas. Que se maneje bem a fechadura da porta. Que tire o cisco do olho com um sopro leve.
A questão humana é muito mais simples do que se parece. Envolve cartas guardadas, miolos de pão, feiras ao ar livre, coisas sem valor, listras de cores não combinando e palavras não ditas. A questão humana é algo assim bem chato.
Pede-se paciência e prudência para a menina que nunca soube esperar. Logo ela que se vê correndo pelas ruas sem freio, quando, na verdade, não sabe nem respirar. Apaga-se então essas contas matemáticas sem rumo, guarda-se as anotações sociais, passa-se a borracha, pula-se um muro. Nada, e tudo mais.
A questão humana nunca envolveu pessoas. E, por isso, ela, a menina, nunca fez parte. Como uma marginal, observa a sociedade da qual não faz parte. Tudo, porque as coisas giram em torno da questão humana.
Na verdade, ao fim do dia ela percebe que a questão humana é muito mais difícil do que se parece. Isso, porque será exigido dela aquela caminhada que ela não fez, os números das casas memorizados, o ônibus que perdeu, as cercas delicadas das casas, as flores que nunca teve interesse em comprar, o Estado estrangeiro ao longe, as grades fixas nas janelas do oriente, as decepções e coração cortado, a tesoura que lhe cortou o cabelo e doeu, o cão do vizinho que ora latia, ora a observava.
Ela, no final, preferiria não estar envolvida em questões como esta.
16 de fev. de 2014
It's been
It's been so long. It's been tense. It has always been present tense.
It's been through the windows, behind the doors. It's been my steps, it's been the way I look around, it's been how I hide my eyes.
It's been written, it's been reread, it's been many times. It's been blue, it's been warm, it's been real and it's been cold. It's been in the kitchen, perhaps in the garden. It's been all about the books. It's been important. It's been so simple.
It's been forgotten, it'll always be remembered. It's been difficult and it's been done.
It's been high. So fucking high. That kinda high.
It's been it. It's been this. It's been that. It's been all but also none. It's been all I care about, it's been all I am not. It's been a word I created.
It's been fiction, it's been novel, it's been mostly poetry. It's been English as well. It's been grammar and it's been that kinda math. It's been superficial and therefore so deep. It's been whatever.
It's been and it is.
It's been through the windows, behind the doors. It's been my steps, it's been the way I look around, it's been how I hide my eyes.
It's been written, it's been reread, it's been many times. It's been blue, it's been warm, it's been real and it's been cold. It's been in the kitchen, perhaps in the garden. It's been all about the books. It's been important. It's been so simple.
It's been forgotten, it'll always be remembered. It's been difficult and it's been done.
It's been high. So fucking high. That kinda high.
It's been it. It's been this. It's been that. It's been all but also none. It's been all I care about, it's been all I am not. It's been a word I created.
It's been fiction, it's been novel, it's been mostly poetry. It's been English as well. It's been grammar and it's been that kinda math. It's been superficial and therefore so deep. It's been whatever.
It's been and it is.
14 de fev. de 2014
A diferença do mesmo
A mesma mão que aconchega quebra-me em pedaços.
O mesmo rosto que olha para mim, vira em direção contrária.
A mesma luz que brilha de dia faz morada noite afora.
O mesmo vento de outono sacode as flores na primavera.
Os degraus levam para cima e para baixo, os mesmos degraus de uma mesma escada.
O norte e o sul são apenas a mesma direção, distantes.
O frio que me acolhe também gela minha alma e corta meu rosto.
O cheiro que traz alegria é o mesmo que trouxe lembranças doloridas.
O que foi prazer ontem sequer é sabedoria hoje!
A cerca reparte dois lados de um mesmo local.
Os dias são, no fim das contas, apenas números.
Tudo se apaga e só é verdade o que um dia existiu.
O mesmo rosto que olha para mim, vira em direção contrária.
A mesma luz que brilha de dia faz morada noite afora.
O mesmo vento de outono sacode as flores na primavera.
Os degraus levam para cima e para baixo, os mesmos degraus de uma mesma escada.
O norte e o sul são apenas a mesma direção, distantes.
O frio que me acolhe também gela minha alma e corta meu rosto.
O cheiro que traz alegria é o mesmo que trouxe lembranças doloridas.
O que foi prazer ontem sequer é sabedoria hoje!
A cerca reparte dois lados de um mesmo local.
Os dias são, no fim das contas, apenas números.
Tudo se apaga e só é verdade o que um dia existiu.
12 de fev. de 2014
Pedaços de uma vida
Pedaços de uma vida guardam os dias como este na memória. Conta-se os passos. Observa-se o caminho - para não errar, para voltar a trás, para passar por lá outra vez.
Pedaços de uma vida tem cheiro e cores, e uma marca guardada no cimento de um prédio antigo abandonado de arquitetura medieval. Contorna-se de vermelho, preenche-se de azul. Vive um dia inteiro. Guarda a noite na palma da mão com carinho. Pedaços de uma vida são escritos.
Pedaços de uma vida guarda para si os lembretes doces de alguém que um dia existiu. Tenta-se esquecer qualquer dor, qualquer choro e qualquer ruído a fim de manter intacta a memória de um amor. Pedaços de uma vida são difíceis de rasgar.
Pedaços de uma vida, se correr, vê passando na beirada da estrada. Lá longe, onde não há mais nem horizonte. Pega-se um trem, fica-se perdida, conjuga-se verbos, rasga-se mapas e desiste-se de tudo. Principalmente da língua - quero dizer, idioma.
Pedaços de uma vida são as mensagens escritas carinhosas que recebo vez ou outra no telefone. A caixa inútil dos correios de Budapeste que era cheia de propagandas. O jardim das tulipas que nunca reguei e sempre floriu - que nunca entendi. Os enfeites que não tinham nada a ver comigo e por isso joguei fora. Minha curiosidade em manter-me segura. A casa do vizinho. O menino que escutava rock. A noite cheia de estrelas comigo na madrugada. E uma rua vazia.
Pedaços de uma vida sou eu andando sem rumo, pois assim sempre fui eu - descobrindo pelo caminho. Mudando a rota. Nunca fazendo ninho. Pedaços de uma vida são estralha746278 - eu não sei como escrever esta palavra! Mas algumas pessoas sabem o que quero dizer. Desenvolvi uma coisa só minha, em que falo com os olhos, com mímicas e em outra língua. Coisas dessa minha memória fraca, forte e teimosa.
Pedaços de uma vida estão espalhados em todos os lugares em que fui. Eles concentram-se em alguns locais especiais, é verdade. Mas estão em toda parte, basta cheirar. Pedaços de uma vida fazem pirraça, cansam-se fácil, tentam correr mas no fim apenas respiram fundo.
Pedaços de uma vida a gente tenta manter antes de desaparecer.
Pedaços de uma vida tem cheiro e cores, e uma marca guardada no cimento de um prédio antigo abandonado de arquitetura medieval. Contorna-se de vermelho, preenche-se de azul. Vive um dia inteiro. Guarda a noite na palma da mão com carinho. Pedaços de uma vida são escritos.
Pedaços de uma vida guarda para si os lembretes doces de alguém que um dia existiu. Tenta-se esquecer qualquer dor, qualquer choro e qualquer ruído a fim de manter intacta a memória de um amor. Pedaços de uma vida são difíceis de rasgar.
Pedaços de uma vida, se correr, vê passando na beirada da estrada. Lá longe, onde não há mais nem horizonte. Pega-se um trem, fica-se perdida, conjuga-se verbos, rasga-se mapas e desiste-se de tudo. Principalmente da língua - quero dizer, idioma.
Pedaços de uma vida são as mensagens escritas carinhosas que recebo vez ou outra no telefone. A caixa inútil dos correios de Budapeste que era cheia de propagandas. O jardim das tulipas que nunca reguei e sempre floriu - que nunca entendi. Os enfeites que não tinham nada a ver comigo e por isso joguei fora. Minha curiosidade em manter-me segura. A casa do vizinho. O menino que escutava rock. A noite cheia de estrelas comigo na madrugada. E uma rua vazia.
Pedaços de uma vida sou eu andando sem rumo, pois assim sempre fui eu - descobrindo pelo caminho. Mudando a rota. Nunca fazendo ninho. Pedaços de uma vida são estralha746278 - eu não sei como escrever esta palavra! Mas algumas pessoas sabem o que quero dizer. Desenvolvi uma coisa só minha, em que falo com os olhos, com mímicas e em outra língua. Coisas dessa minha memória fraca, forte e teimosa.
Pedaços de uma vida estão espalhados em todos os lugares em que fui. Eles concentram-se em alguns locais especiais, é verdade. Mas estão em toda parte, basta cheirar. Pedaços de uma vida fazem pirraça, cansam-se fácil, tentam correr mas no fim apenas respiram fundo.
Pedaços de uma vida a gente tenta manter antes de desaparecer.
9 de fev. de 2014
Leste-Oeste
Era era o Leste. Ele, o Oeste.
Ela tinha seus longos cabelos castanhos e fugia do esteriótipo do velho continente. Ele, era a sua encarnação.
Ela deixava-se levar e balançava quando o vento a tocava.. Ele era rígido como uma pedra.
Ela tinha um sorriso sincero, embora tenha chorado infinitas vezes durante sua jovem vida. Ele, mais jovem ainda, havia chorado poucas vezes e mais raras ainda eram as vezes em que ele sorrira com o coração. -algumas vezes teria sido para ela, como ela esperava acreditar?
Ele era mais alto e ela, embora mais baixa e frágil, sempre fora mais forte. Não tivera escolha. A vida a fizera assim.
Ela, o Leste, tinha sua janela detalhada e por ela via-se sua alma, sua identidade, suas manias, seus defeitos, suas coleções, seus livros espalhados pelo carpete e os outros empilhados, suas presilhas de cabelo, sua vida despedaçada em cores. Ele tinha uma janela monótoma e monocromática que nada mostrava.
Ela escrevia com as mãos, ainda que não no papel. Doava um pouco de si em cada uma das vezes, embora sempre fora inteira. Por isso, era tao verdadeira. Ele era frio e distante, como uma rocha onde coloca-se as estatuas dos ditadores, Führer, presidentes, chanceler, e tantos outros títulos políticos desnecessários que fizeram a diferença na humanidade.
Eles eram dois verões, dois invernos e um outono. Tinham suas almas na primavera quando se encontraram pela primeira vez. Eram dois extremos, dois opostos, dois jovens, dois adultos, duas estações de trem, dois segredos, dois pontos geográficos.
Ela sempre seria a mais longe e ele sempre seria o mais distante. Ela sempre guardaria os mistérios e os encantos do Leste em sua alma descarada e aberta. Ele sempre mostraria suas mãos abertas, duras, cerradas e prontas para escrever um paragrafo da historia, mesmo que as vezes de forma cruel.
Quantas pessoas haveriam passado sob os olhos dele e ele teria visto morrer? E ela, por quantas pessoas inocentes havia chorado? Eram dois corações, um gelado e um quente. Um fraco e por isso forte, e um frágil. Ela teve as portas abertas nos lugares de seus outros amigos e jamais encostou os pés onde ele estava. Seria ela destruída também?
Assim continua a historia que começou entre eles, entre o Leste e o Oeste, entre a Lua e o Sol, entre a menina e o forte ditador, entre dois mundos e um sentimento. O Leste seria cada vez mais jogado para leste, para longe, enquanto o Oeste fincaria seus pés no coração do continente, duro como uma pedra que só ele sabe ser, ditando as regras e cortando a alma dela, o Leste, como podia-se ver por meio dos seus olhos castanhos que choraram.
Ela tinha seus longos cabelos castanhos e fugia do esteriótipo do velho continente. Ele, era a sua encarnação.
Ela deixava-se levar e balançava quando o vento a tocava.. Ele era rígido como uma pedra.
Ela tinha um sorriso sincero, embora tenha chorado infinitas vezes durante sua jovem vida. Ele, mais jovem ainda, havia chorado poucas vezes e mais raras ainda eram as vezes em que ele sorrira com o coração. -algumas vezes teria sido para ela, como ela esperava acreditar?
Ele era mais alto e ela, embora mais baixa e frágil, sempre fora mais forte. Não tivera escolha. A vida a fizera assim.
Ela, o Leste, tinha sua janela detalhada e por ela via-se sua alma, sua identidade, suas manias, seus defeitos, suas coleções, seus livros espalhados pelo carpete e os outros empilhados, suas presilhas de cabelo, sua vida despedaçada em cores. Ele tinha uma janela monótoma e monocromática que nada mostrava.
Ela escrevia com as mãos, ainda que não no papel. Doava um pouco de si em cada uma das vezes, embora sempre fora inteira. Por isso, era tao verdadeira. Ele era frio e distante, como uma rocha onde coloca-se as estatuas dos ditadores, Führer, presidentes, chanceler, e tantos outros títulos políticos desnecessários que fizeram a diferença na humanidade.
Eles eram dois verões, dois invernos e um outono. Tinham suas almas na primavera quando se encontraram pela primeira vez. Eram dois extremos, dois opostos, dois jovens, dois adultos, duas estações de trem, dois segredos, dois pontos geográficos.
Ela sempre seria a mais longe e ele sempre seria o mais distante. Ela sempre guardaria os mistérios e os encantos do Leste em sua alma descarada e aberta. Ele sempre mostraria suas mãos abertas, duras, cerradas e prontas para escrever um paragrafo da historia, mesmo que as vezes de forma cruel.
Quantas pessoas haveriam passado sob os olhos dele e ele teria visto morrer? E ela, por quantas pessoas inocentes havia chorado? Eram dois corações, um gelado e um quente. Um fraco e por isso forte, e um frágil. Ela teve as portas abertas nos lugares de seus outros amigos e jamais encostou os pés onde ele estava. Seria ela destruída também?
Assim continua a historia que começou entre eles, entre o Leste e o Oeste, entre a Lua e o Sol, entre a menina e o forte ditador, entre dois mundos e um sentimento. O Leste seria cada vez mais jogado para leste, para longe, enquanto o Oeste fincaria seus pés no coração do continente, duro como uma pedra que só ele sabe ser, ditando as regras e cortando a alma dela, o Leste, como podia-se ver por meio dos seus olhos castanhos que choraram.
6 de fev. de 2014
Sonata de Inverno
Na sonata de inverno, encontram-se os mundos desconhecidos. Os mundos que nem existem, pois não foram ainda imaginados.
A sonata de inverno comporta xícaras de cafe com as quais enfeito minha sala, longos passeios distantes que levam a lugar nenhum, uma rua sem saída no fim do mundo e os cabelos na cara. O vento, que vem em direção oposta, leva para longe as folhas de caderno escritas. Guarda-se para si o que fora escrito mas nunca enviado. Repara-se nos carros antigos estacionados em garagem. O mundo parou no tempo, não vale a pena mais evoluir. Já foi tudo, humanidade.
Em minha sonata de inverno, há uma musica triste tocando ao fundo. Quem toca é um cigano que encontrei em uma esquina qualquer porque, na querida velha Europa, a dona Sabedoria fala-se assim. Vamos discutir questões de colonização - todas as que não estão nos livros. Vamos fugir pelas portas do fundo. Vamos nos esconder e colocar a culpa na economia. Vamos aproveitar as férias e fugir para os países colonizados. Vamos ser nós mesmos.
E a sonata de inverno, que continua, some pelo caminho de forma suave. Se eu tivesse direito a uma sonata de inverno, eu nunca jamais deixaria-a parar de tocar. Ela ficaria se repetindo em minha cabeça e contornando os meus pensamentos. Dando forma para as minhas ideias não tão brilhantes.
Em minha sonata de inverno, quem escreve a letra sou eu. Escrevo quando me dá vontade. Vivo a minha vida do meu jeito e, por isso, vou tomar sorvete no jantar. E, quando escuto a música, vejo a cor azul, em seus diferentes tons, e lembro que as pessoas dão nome para isso.
Em uma sonata de inverno, cabem meus versos, meu silencio e meu desejo. Cabem as coisas que abandonei, as coisas que nem comecei e as coisas que ainda não existem. Cabem flores não muito coloridas, papéis e mais papéis, minhas mãos firmes mas suaves, minha memória, as marcas do tempo e tudo aquilo que não sou.
Pois isso, sou eu também.
A sonata de inverno comporta xícaras de cafe com as quais enfeito minha sala, longos passeios distantes que levam a lugar nenhum, uma rua sem saída no fim do mundo e os cabelos na cara. O vento, que vem em direção oposta, leva para longe as folhas de caderno escritas. Guarda-se para si o que fora escrito mas nunca enviado. Repara-se nos carros antigos estacionados em garagem. O mundo parou no tempo, não vale a pena mais evoluir. Já foi tudo, humanidade.
Em minha sonata de inverno, há uma musica triste tocando ao fundo. Quem toca é um cigano que encontrei em uma esquina qualquer porque, na querida velha Europa, a dona Sabedoria fala-se assim. Vamos discutir questões de colonização - todas as que não estão nos livros. Vamos fugir pelas portas do fundo. Vamos nos esconder e colocar a culpa na economia. Vamos aproveitar as férias e fugir para os países colonizados. Vamos ser nós mesmos.
E a sonata de inverno, que continua, some pelo caminho de forma suave. Se eu tivesse direito a uma sonata de inverno, eu nunca jamais deixaria-a parar de tocar. Ela ficaria se repetindo em minha cabeça e contornando os meus pensamentos. Dando forma para as minhas ideias não tão brilhantes.
Em minha sonata de inverno, quem escreve a letra sou eu. Escrevo quando me dá vontade. Vivo a minha vida do meu jeito e, por isso, vou tomar sorvete no jantar. E, quando escuto a música, vejo a cor azul, em seus diferentes tons, e lembro que as pessoas dão nome para isso.
Em uma sonata de inverno, cabem meus versos, meu silencio e meu desejo. Cabem as coisas que abandonei, as coisas que nem comecei e as coisas que ainda não existem. Cabem flores não muito coloridas, papéis e mais papéis, minhas mãos firmes mas suaves, minha memória, as marcas do tempo e tudo aquilo que não sou.
Pois isso, sou eu também.
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