31 de mai. de 2013

Esquecer




My biggest wish. My sweet, tender wish. I must take good care of it, so it happens. So it saves me. So it erases you.

As vezes, tudo o que precisamos na vida e' esquecer pessoas, e' esquecer acontecimentos, e' esquecer lugares, e' esquecer historias - historias: talvez seja este o meu problema. Tenho medo de esquecer você por temer esquecer a minha historia. Parte do que fui eu. Parte do que sou. Mas não parte do que serei!

Ah, como eu queria uma mente limpa, tranquila e vazia, sem a sua imagem e sem a memoria de você. Livre-me de você, por favor. Minha memoria não tem boas lembranças de você e, por isso, eu quero que você vá, mesmo tendo ido ha muito tempo.

Quero que você vá, porque não deixou nada bom.

27 de mai. de 2013

Sabotando a felicidade

Era uma vez a menina que ficava na janela a sabotar a felicidade.

Diversas vezes a felicidade passou, ora com olhos azuis, ora com olhos castanhos. A felicidade também teve rosto de cabelos loiros e rosto de cabelos pretos. A felicidade a pegou na mão, a levou no abraco e a soprou para as espumas da satisfação.

Ah, poderia estar sonhando! - pensava ela. E estava mesmo. Mas isso não queria dizer que precisava acordar. Mas ela não conseguia. Ia la e se sabotava. A menina vasculhava em tudo, meio assim muito desconfiava. Contava ate pedrinhas no asfalto, se fosse preciso. A menina, ressabiada, não sabia o que era aquilo - o que foi que causou: o meio em que cresceu, seu horoscopo, seus familiares ou qualquer outra coisa.

Vai ver era mesmo culpa dela. Mas, assim como muitos, ela tendia a achar que tudo tinha uma causa. E esta seria culpa dos outros.

Era uma vez a menina que sabotava a felicidade. A menina que nunca se deixava abracar. A menina que não fechava os olhos. A menina que não aproveitava o momento. A menina que desconfiava da doçura e leveza de algodão-doce.

Era uma vez uma menina.

Lately

Dying
Is an art, like everything else. 
I do it exceptionally well. 

I do it so it feels like hell. 
I do it so it feels real.
I guess you could say I've a call.

(Sylvia Plath)

24 de mai. de 2013

Anyway

Suddenly it comes and it happens and I lost control. I am aware of it though.

I look at myself but I'm not able to see. Yet, I see another self.

Hey, excuse me. Hey, I am sorry. Hey, that's okay. Hey, that's wrong. Hey, that's why.

Sometimes I think I gotta say goodbye. Sometimes I think I gotta say goodbye twice - this time, including me. I often wonder when I'll leave. That must be the case, that must be the consequence, that might be my destiny.

I know it's wrong but I do it anyway. I do it because it feels right.

23 de mai. de 2013

Nada

Eu estaria finalmente aprendendo a dizer adeus. Deixava ir. Deixava ficar. Tanto faz. Muitas vezes eu parava no meio da longa estrada da vida para me perguntar se estaria mesmo. Enquanto isso, ia.

Por muitas vezes desejei não esquecer. Desejei forte. Prometi a mim mesma. Acreditei. Tive certeza. Tinha certeza.

Por muitas vezes, desejei esquecer. Decidi cortas as raízes. Decidi apagar. Tentei não lembrar. Fingi esquecer. Agi vazia por dentro, como alguém que não sente.

A doce lembrança que você deixou muitas vezes e' questionada pelo meu coração  Alias, pelo meu coração  não. Pela minha mente. Porque este meu coração e' mole como uma criança. Confesso que muitas vezes fechei os dedos, como a não deixar escapar das minhas mãos aquilo que eu julgava nunca morrer por dentro. Mas chegou o tempo de eu esquecer - e como eu desejei que este tempo chegasse! Desde que iniciei minha caminhada em uma tarde de neblina fria, sozinha, desejei esquecer você, que se foi.

Pegue suas roupas, seus cadernos e sua mala. Pegue as folhas de rascunho escritas para a faculdade. Pegue seus livros de politica e a característica que mais te descreve - e que não vou citar aqui. Pegue suas lembranças por onde passou nesse mundo, sua viagem a America Latina e os amores que conquistou. Pegue seu sotaque e as muitas línguas que fala. Pegue sua historia e a historia da formação do mundo como ele e' hoje. Pegue sua participação na II Guerra Mundial e os vestígios que deixou. Pegue sua viagem as terras francesas e outros significados que acrescento a isto. Pegue as comidas que cozinhou e as viagens de ônibus  Pegue os convites para jantar fora e as lições que me deu. Pegue também tudo o que te ensinei e tudo o que não te ensinei porque preferi ficar calada. Pegue as experiencias e as novidades e a bicicleta, que e' para não se perder no caminho. Pegue também o avião  Pegue aquela noite que ficou marcada no meu coração machucado, aquela noite em que você me machucou. Pegue os encontros apos as aulas, a sua espera por mim na porta da faculdade. E nossas brigas. Pegue todos os sorvetes que um dia você me daria porque, de você  eu não quero nada. Pegue bolsas e enche-as de historias para contar para seus familiares quando voltar para casa. Pegue os presentes que me deu também  por favor. Pegue o trem. Pegue os cadáveres dos judeus que foram mortos. Pegue os venenos do campo de concentração.  E não se esqueça de pegar o mau feito aos ciganos europeus. Pegue tudo, menos a minha mão  E pegue o futuro de a guerra aqui não ter chegado. Porque se tivesse chegado, não mais haveria EU.

Pegue tudo isso e transforme em nada.

8 de mai. de 2013

O maior mistério da humanidade

E' que dizem que quando um filho nasce, nascem nos pais novas pessoas. Essas se tornam outras. Nasce também o amor, a mais sincera forma deste sentimento que perpetuou o mundo e que, por onde passou, fez moradia no coração dos jovens.

A medida que o tempo passa e os filhos crescem, os dias ganham tons amarelados e tudo passa a ser um costume. Os filhos cresceram. Os novos dias são agora apenas dias repetidos, pois os filhos já sabem ler, já sabem andar e já sabem quem são, sendo eles mesmos. Não ha' nada de novo a não ser a repetição do mesmo.

E o sentimento que nascera no coração daqueles que se tornaram pais? Continuaria o mesmo? Ou mudaria? Aumentaria com o passar dos tempos? Ou murcharia como flor em muro?

Isso nunca sera possível saber, porque nunca na historia da humanidade alguém conseguiu habitar o coração dos pais - que não fossem os próprios filhos - e estender-se em suas mentes.

Este e' e sempre sera' o maior mistério da humanidade que nenhuma teoria, religião  ciência ou coisa e tal conseguiu responder.

6 de mai. de 2013

Não e' nada não

Pequena mente doente, de onde saem tantas coisas. O estado em que se encontra e' o seu estado neste momento. Neste momento. Quem dirá o próximo. Quem dirá - quem se atreve?

Pequena mente doente, de onde passarinhos fogem das gaiolas, pare de perambular por entre noites escuras, ainda que o dia seja tao chato. Pequena mente doente de onde tantas cores soam suave. Seria você uma pessoa a parte?

Pequena mente doente, que precisa de cuidados, quem se lembrou do ano novo no calendário  E você  pequena mente doente, passaria por aquela ladeira a ser notada? Pequena mente doente, e' preciso esconder os desenhos que se fez. Mas não, pequeno pedaço dela, não e' para afugentar a sina de ser ciente; e' para aliviar a dor de ser.

Pequena mente doente onde tantos habitaram, por que deixou-se habitar? Por que foi dando lugar para tanta gente, e tantas coisas, e tantos lugares a ponto de perder-se? Encontrara o seu lugar?

Pequena mente doente, volte para casa e volte a dormir. E só acorde quando o mundo inteiro tiver sido pintado de apenas uma cor, e as ondas estiverem monótonas, e o charuto tiver chegado ao seu estado de decomposição  e o gato tiver caído da janela do sexto andar, enquanto o trem passa desgovernado e despercebido, como se nada tivesse acontecido.

5 de mai. de 2013

O Fim esta proximo

This is the end, 
beautiful friend,
this is the end,
my only friend,
the end.

(Jim Morrison)

3 de mai. de 2013

Derretendo

E se eu pudesse congelar esta noite para sempre; e se eu pudesse congelar este meu sentimento para sempre; e se eu pudesse congelar estes meus pensamentos assim desse jeito de agora para sempre; e se eu pudesse congelar este meu sorriso assim para sempre ... eu os moldaria a fim de ficarem todos juntinhos em uma moldura que colocarei em uma mesinha da minha sala de visitas - a minha sala de visitas sou eu.

E fico assim nesta alegria, meio derretida e meio forte, com sorriso no canto do rosto e meus olhos castanhos vivos mais brilhantes do que nunca. Meus bracos ficam pesados, indicando o quão leve estou. Ei, não consigo me controlar e segurar meu sorriso.

Que delicia e' existir aquele alguém que te liga no fim da noite e faz com que tudo não signifique nada e tudo signifique tudo e você agradeça pelos segundos e sorri de canto a canto da boca e ...

agradece por estar viva, perdoa a si mesma, lembra o valor que tem e valoriza quem realmente significa muita coisa preciosa!

Ai, acho que estou derretendo.

:)   :)   :) !!!


Deixando de ser eu

Decidi que não vou mais escrever, que é para não dar ouvido aos meus sentimentos. Preciso parar de alimentar este ser que sou eu, me deixar de lado, sem atenção, que é para ir dormindo e nunca despertar para a vida.

Precisa parar de prestar atenção nos detalhes e notar as construções históricas pelos caminhos que passo. Preciso me acostumar com o que há de errado no mundo sem esta minha ânsia de lutar por justiça. Preciso me acostumar com o atraso do trem e agora não mais reclamar do ônibus, já que tenho um carro lindo e novo e meu. Vamos ignorando a vida e vamos vivendo.

Preciso me desfazer de todas as minhas canetas coloridas que são reverenciadas como verdadeiros tesouros e esconder meus cadernos delicados com desenhos importados. Sempre tive pena de escrever neles, pois são tão bonitos, e agora chegou a hora de me proibir de vez.

Preciso assistir televisão no domingo, que é para não ativar meu cérebro. Preciso queimar meus filmes e doar meus livros. Preciso esconder todos os cartões postais que recebi de amigos ao redor do mundo e que comprei pelas lugares que perambulei. Preciso esvaziar as caixas que estão cheias de memórias.

Preciso me segurar e não me permitir opinar sobre as guerras no mundo, sobre a situação da Palestina e sobre como morrem mais pessoas no Brasil do que no conflito da Síria. Preciso não notar ou fingir que não observei aquele vestido roxo com laço amarelo super brega que a senhora atravessando vestia. Preciso não me informar sobre o aborto, não lutar pelo direito à informação e banir de vez, pelo menos do meu mundo, qualquer documentário.

Preciso passar vontade e sofrer um pouquinho, me negando a encher de alegria este meu corpo com sorvete. Preciso me dessensibilizar, evitando escutar música. Preciso fazer os mesmos caminhos de sempre, não descobrindo uma só estrada só minha, a fim de cair nesta chata rotina. Preciso não esperar pela inspiração que os dias nublados me trarão.

E, por vim, preciso me despir de mim. Pois só assim deixarei de ser eu.

2 de mai. de 2013

Stopping by Woods on a Snow Evening

Hoje meu querido Frost veio me fazer uma visita. Sussurrou sua poesia em meus ouvidos e deixou recados por onde eu não queria passar.

Nomeei os "woods" com seu nome e vi como tudo na vida faz sentido quando usa-se poesia. Seria você capaz de entender?

A mensagem de minha irmã também veio para abrir meus olhos. E' que ela me escreveu que, se te visse, te daria um murro. Sorte sua que ha' tantos imigrantes em sua casa ocupando o lugar dos judeus que se foram e, por isso, você não encontraria ela. Ela seria apenas mais uma na multidão  com seus lindos olhos castanhos e lindos cabelos castanhos lisos. E uma delicadeza de donzela e um cérebro de cientista. E, ainda por cima, minha irmã - para tomar minhas dores, lembrar-se de mim e querer te dar um murro na cara.

Como isso não soa poético, não é mesmo? Soa até violento - até para um "povo" como o seu!

Voltamos a poesia:

Whose woods these are I think I know.
His house in the village, though;
He will not see me stopping here
To watch his woods fill up with snow.

....

The woods are lovely, dark [not really...ha, hi hit...ha!], and deep
But I have promises to keep,
And miles to go before I sleep,
And miles to go before I sleep.

(Robert Frost helping me to illustrate You, my dear).