Estaria ela deixando de se abracar para ser abracada? Vivendo o percurso da montanha russa como se estivesse, de fato, naquele carrinho? Mudando o cabelo so para experimentar? Estaria ela dando adeus a si mesma?
Quem sabe o nome disso era reinventar. Ja que somos resultado do meio em que crescemos. Quisera eu nascer de novo quando essa vida acabasse, num mundo novo, como no livro. Admiravel mundo novo, aqui vou eu.
Lembrara dos bichos da montanha, do museu ao pe da estrada, do frio que fazia, da distancia que percorria. Guardara as lembrancas de um passeio pelos alpes, de um lago que todo inverno congelava, das rodovias em curvas daquele seu estado americano do oeste.
Pensava ela que o mundo era redondo e por isso girava apenas uma so vez. Algumas coisas voltavam, eh verdade, mas isso chamava-se acidente de percurso. Entao pensara que acidentes podem nao ser ruins. Veio agora uma imagem de algodao doce - logo nela, que o achara tao chato!
No parques de diversao que estivera na vida, la resolvera ficar. Viveria para sempre como em um, toda vez que quisesse, como que a escapar. Enquanto isso, as noites eram todas azuis, o homem perguntava se sua cor favorita era preto e ela respondia que nao, que era azul, pensando que todo mundo ja deveria saber a essa altura. E, ao aproveitar o percurso, dirigia em um carro que nao era seu, embora pudesse tomar o controle nao so do carro, mas da situacao.
Sozinha na rua, voltava para si, observava janelas com jardineiras e se perguntava qual era o significado daquilo. Enquanto andava, tomava notas e se deixava experimentar de novas situacoes que ficariam escritas em seu caderno. Com dedicacao, tomava cuidado para nao perder suas canetas, que eram muitas. Escrevia em tudo quanto eh lugar, desejando ser um dia membro de uma gangue de pixadores. Assim, pensara ela, nao so esse dia mas toda a minha vida ficariam escritos para sempre.
2 de dez. de 2012
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