Meu coração trapaceou, pegou carona na esquina, colocou máscara de Carnaval e saiu na rua a sambar. Disse que voltaria logo, que todos os dias são datas comemorativas e que eu deveria parar de ser essa menina séria. Pacotinho de pipoca na mão, cheiro de amendoim no ar e ânsia de vômito - claro, esse seria o resultado.
De todos os dias que passaram, ficará aquele ao qual não dei muito importância. Este, será agora lembrado para, mais tarde, ser esquecido. Esse, que nenhuma diferença jamais fez. Veja como as coisas são, na verdade, percepções. E como tudo não passa de vontades. Veja como vemos as coisas, como as deturpamos, como acreditamos sem crer.
Tudo isso falo agora com o estômago embrulhado em palavras embrulhadas, pois não soube abri-las. Queria ter controle sobre elas quando, na verdade, elas me controlam totalmente. Odeio palavras. Odeio porque amo-as. Palavras são sentimentos que deixam de ser abstratos. Palavras são acasos que tornam-se fatos. Palavras são estimativas que tornam-se certezas. Palavras são sopros ao vento. Palavras são armadilhas, amigas, companheiras e, sobretudo, controladoras. Palavras são o que sentimos no momento.
Eu poderia transformar em palavras quase tudo o que vivi na vida. Algumas vezes, no entanto, não quero ou não consigo. Outras vezes, me recuso. Guardo tudo como sentimento, vivendo aqui dentro do peito, mantendo a característica "intocável" da coisa. E isso quer dizer que ela jamais será mudada.
Sim, palavras mudam. Palavras dão toque duro aos sentimentos. Palavras expõem o que há dentro da gente. Palavras não nos deixam esconder aquilo que não queremos mostrar. Palavras são dignas da verdade e é assim: toda vez que se fala, ainda que seja uma mentira, a verdade estará correndo grande risco de ser exposta.
Por isso, guarde-se. Por isso, preserve as palavras. Por isso, faça uso das palavras belas mas, principalmente, das sinceras. Porque tudo, no fim, torna-se verdade. Porque no fim das contas e no fim do mundo tudo cairá por terra, aquele mural de escola de criança será rasgado em pedacinhos e as cortinas de todos os teatros de todos os lugares serão abertas. E a cortina do espetáculo da vida, essa jamais irá se fechar.
Tudo é um mistério mas nada passa de um at a glance.
7 de dez. de 2012
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