Estava a correr em campos de trigo ou a caminhar por entre ruelas da cidade de cimento?
Ela, que sempre adiava a vida; ela, que num momento de inspiracao tremia; ela, que percebia sem olhar - estava ela fazendo a coisa certa?
E, enquanto escrevia isso, perguntava-se o que era certo, sabendo que so ela mesma poderia responder a si.
E todos os dias chegavam assim: com aquele portao em cor desbotada que ela notava e perguntava-se por que, com as musicas que ficou de escutar, com os numeros que prometeu lembrar, com os inumeros papeis que colecionou e nunca deu a devida atencao, com bugingangas que se amontoavam em bolsas, com seu amor por chuveiros, por girassois que nunca viu nem ligou, por roupas que ela sabia que iria arrepender-se em comprar mas mesmo assim o fazia, com o pensamento no qual pensaria depois, com o anel no dedo que ela usava mais como fuga para distracao, com sua colecao de relogios de horas paradas, com seus suspiros soltos e guardados, com sua memoria fazendo-se valer, com a imagem que carimba o coracao, com o cheiro de comida barata, com passos rapidos e leves, com guarda-chuvas que nunca quis usar.
Essa era ela, ainda que nao se conhecesse. E por ai vagava, fosse campo ou rua em meio ao cimento - sendo cimento essa mesma.
13 de nov. de 2012
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