Eis o lobo da estepe: você.
Um dia eu ganhei um livro de uma colega de trabalho no meu último dia. Eu havia decidido ir seguir o meu caminho mas, antes, me deram alguns livros. E uma bebida alcoólica, e um chocolate.
Era a segunda vez que eu me encontrava com o lobo da estepe. Olhei para a capa do livro e pensei: "era ele". (na verdade, "é você". É que estou falando de algo que aconteceu no passado)
Eu havia posto todas as minhas expectativas em O Lobo da Estepe e, por isso, li o livro sem ler, sabe como? Eu lia, mas não nutria. Eu não queria assimilar nada, nem aprender nada, nem saber nada: eu só queria experenciar. Eu olhava para as letras e as deixava dizer uma coisa para mim, esperando.
Um dia eu encontrei um lobo da estepe e era um lobo com os olhos mais bonitos que eu já vi. Tinha também o sorriso mais derretedor do meu coração no mundo. Mas era um lobo da estepe.
Eu hoje fazia colagens com minha irmã quando escutei Wolf Girl, de uma banda norueguesa-não-indicada-pela-minha-outra-irmã (e por isso descobri sozinha). [Não ficava necessariamente alegre quando escutava esta música, pois used to listen to it quando eu morava em Budapeste - mais precisamente, no espaço de um tempo que foi o dia em que li uma coisa escrita que ele me escreveu. Eu morava com a Angela e passei a gastar a maior parte do meu dia no quarto dela. Eu comia torrada com Nutella e nada mais. Eu perdi 7 kg nessa de só comer torrada com Nutella e nada mais. Eu li uma coisa que alguém me escreveu e encheu meu olho d'água como resultado do processo que se desenvolvia dentro do meu coração. Eu acordava e corria para a cama da Angela. Eu passava a maior parte do meu tempo no quarto dela, com ou sem ela.] - Neste momento, minha irmã levanta o rosto, me fita os olhos e diz: ele te disse isso? Oh, minha irmã, ele é um lobo da estepe, don't you know?
E, como os olhos mais belos do mundo, o lobo da estepe engana como folhas no verão: vão morrer logo, pois do verão ninguém escapa.
Era uma vez eu e um livro que encontrei jogado em meio a um monte de bagunça em um quarto dividido onde não se dormiu. Ficava na cidade do fim do mundo. O livro se chamava O Lobo da Estepe e tenho em mente a capa até hoje: uma mulher, e um lobo, e umas coisas num fundo branco. Lembro que quem lia o livro também era o lobo da estepe. Passado alguns anos, o livro veio parar nas minhas mãos como um presente de uma amiga: eu leria, mas já havia descoberto quem era o lobo da estepe e o motivo daquele ser o nome.
Era uma vez o lobo da estepe - e seu pêlo era tão lindo! - mas era um lobo.
28 de ago. de 2016
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