Um livro de capa azul que te leva para dentro de lugar nenhum. Esse lugar, por toda parte, traduzido em palavras.
Um dia a amanhecer de manhã cedo, permitindo-me espreguiçar-se o dia inteiro.
Os detalhes do meu bem que nunca te farão mau. Todos os detalhes do mundo inteiro anoto num caderno depois de ver com os olhos. Isso, é para guardar no coração.
Eu, que vim primeiro. E desbravei todo o território de ser. Fui sendo eu até quando deixei de ser minha, deixei de ser única e passei a dividir amor de pai e de mãe.
Penso que essa mania de ser indecisa é riqueza de ser humano. É quando a pessoa tem tanta alternativa simples na vida que torna complexo a questão de escolher. Deve haver de tudo um muito em uma pessoa que vê 8 lados de uma coisa, porque dizem que tudo tem 2 lados, e ainda há gente que só vê um.
Se um dia você pegou um autógrafo, obrigada pelo favor que me fez. O meu lugar, você não pega de jeito nenhum. Nem aqui, nem aí, do outro lado do mundo mais ao norte onde as calotas polares, neste momento, degelam. O meu lugar você não toma de jeito nenhum.
Um dia eu era filha única, porque sou única todinha. E, depois de um dia, chegou uma pessoa que se envergonhou de não o ser: é que eu já existia. Sinto muito, havia nascido.
Escolhi estudar um negócio que eu nem sei muito bem o que significava. Fui estudando, mas fui mais era lendo. Porque estudar para mim é ler, e ler é estudar. E aí eu fui para a aula e levei um caderno, desci e subi as escadas que ligavam os andares, virei as tardes na biblioteca para não dormir na hora errada. Um dia chegou alguém e quis fazer tudo igualzinho - mas eu já fazia. E essa pessoa nem podia ser autêntica, porque as pessoas autênticas são aquelas que vão primeiro, são primeiro, desbravam primeiro - embora fiquem por último. Mas a contagem do relógio da vida é outro, e não há fuso horário. Nem onde há calotas de gelo, nem onde há calotas de gelo...
Enquanto isso, leio-te todinha, pisco os olhos para disfarçar o que não consigo, desenvolvo um estudo do seu ser e te eternizo em uma revista literária de psicopatia.
O mau do malando é achar que nem todo mundo é esperto.
6 de jul. de 2016
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