O futuro já começou: começou ontem. Começou naquele momento que você não saberia dizer. Naquele instante que passou despercebido. Começou com um som característico que tocava em lugar nenhum. Começou quando achava que não dava.
O futuro já começou e se parece com as janelas abertas de um casarão. É quando piso em uma rua de calçamento - coisa antiga que ainda existe. É quanto toca no rádio a música gravada quando eu ainda nem havia nascido. O futuro já começou e tem cor e gosto - e dá até para ver.
O futuro começou num dia específico. No momento da hora. Na eternidade do estado das coisas. Começou quando eu nem havia começado. Quando eu não estava pronta e pedi para esperar. Quando saí correndo apressada e esqueci algumas coisas pelo caminho.
O futuro já começou e soa como palavras aos meus ouvidos. Eu pensava que ele seria feito hoje para acontecer amanhã, mas o futuro ganhou lugar, na verdade, anos atrás.
O futuro já se iniciou com um sorriso. Ele veio no dia em que você disse um não, no momento em que aceitou um sim, quando abriu a porta e tornou a fechar porque estava com vontade. Ele se parece com uma criança, mas eu diria que ele se parece com a gente mesmo.
O futuro começou na vida quando você fez as suas escolhas, quando dependurou a roupa no varal, quando folheou o jornal e o fechou abruptamente. Era como colocar o telefone no gancho sem a ligação ter terminado: apenas porque queria, sabe como é?
O futuro já começou e tem a cor que a gente pinta. Parece ter tons pastel. Ouvi falar que tem cheiro doce e é de uma profundidade sem igual. Cabe nele toda a poesia e, por mais intrigante que pareça, pode ser escrito em uma folha de papel.
O futuro já começou ontem: vá vivê-lo neste momento que ele se torna amanhã.
14 de jul. de 2016
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