Eu hoje vi uma menina igualzinha a ela, minha Ana querida. Entrei, olhei e vi: lá estava. Eu sabia que não era aquela menina que, nas minhas lembranças, é do sul mas é de São Paulo, mas eu fingia que era. Só para sentir-me mais perto. Olhei o nariz, olhei os olhos e o contorno do rosto. Então, pensei: "e agora? será que ela vai fazer aquela cara?". E fez. Enquanto isso, eu não conseguia piscar, eu não parava nem de olhar, e me dei conta que estava com o coração a bater na palma da mão.
Eu hoje fiz um caderno. E pensei em quantos cadernos na vida eu tenho, e quantas vidas cabem em um caderno, e quantos cadernos serão precisos para escrever a minha vida. Enquanto isso, era invadida pela leveza do desejo, da paixão e desespero, pois meu sonho mais próximo estava prestes a se realizar: confeccionar cadernos. Ah, meu coração, que naquele momento batia fora do peito.
Eu hoje caminhei por um lugar cheio de árvores floridas em tons quentes só que era inverno. Eu olhei para elas mas não olhei muito, sentei, tirei um livro cor-de-rosa de um assunto muito sério que estou lendo e fui deixar o dia passar: e meu coração, batendo fora do peito.
Eu hoje sei que em algum momento do dia você apareceu. E me invadiu da sua maneira, sem pedir licença e se esparramando sobre o meu peito, até tomar conta de mim. Para depois ir embora, mas só depois de me roubar de mim. E, neste momento, eu provavelmente estava dirigindo e passando por algum local que me despertaria a nostalgia, e fico dividida entre ser uma boa motorista fria e atenta, ou uma menina toda sentimental a chorar de saudade. Ah, meu coração, que me habita fora do peito!
Eu hoje cheguei em casa e vi uma coisa linda que aconteceu uma vez. Eu recitei todos os detalhes que estão marcados em mim como poesia da qual não me esquecerei nunca. Eu sorri até me emocionar. Eu corri ficando parada. Eu dei um grito dentro de mim. Ah, para a perfeição daquilo que habito, empresto o meu coração fora do peito.
E, para todas as coisas que me são queridas, para todas as coisas que foram vividas, e desejadas, e amadas, e lembradas e guardadas - para todas elas: ai de mim, que sobrevivo sem o coração no peito!
19 de jul. de 2016
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