Como se só a partir de agora eu tivesse existido, olho em seu olhos que não vejo e não sei aonde estão e me peço com tamanha ternura.
Como se só agora eu tivesse passado a existir, pois nasci e entrei no mundo sem ser consultada - posso fazer um pedido?
Vamos pensar que nasci agora neste momento, e não tenho mácula alguma, pois ainda não vivi e não perdi a paciência com as coisas: olhe a expressão em meu rosto, pois é da mais profunda sinceridade. Eu sou sempre muito sincera até quando não sei que sou. Mas olha para mim, agora estou sendo sincera de propósito e estou contado-me a ti.
Experimentei novamente tudo de novo, eu que tanto fugi e tentei me escapar. Eu perdi todas as recordações e tive que pagar um dinheiro muito caro para tê -las de volta. E agora estou cuidando direitinho, embora o processo esteja me causando muitas reflexões, incômodos e saudade. Estou até com os olhos cheios de lágrimas e vou chorar.
Onde eu guardei as coisas que eu vivi e não escrevi eu não sei. Eu sei apenas que elas existem. Eu fico pensando que, mesmo que eu não me recorde, não lembre, não pense e não de atenção, as coisas existem porque um dia elas aconteceram. Elas mudaram de estado físico, mas não deixaram de existir.
Hoje, meu coração me diz calado em um resmungo contido que tudo ainda está como se fosse a primeira vez. O que estava adormecido estava apenas adormecido e foi reanimado com um toque de minha mão.
Eu, que fui aquela menina e que ainda a sou hoje, olho em seus olhos e peço: seu senhor, faz tudo de novo como se fosse a primeira vez? E como se eu estivesse pisando neste chão que chama-se vida pela primeira vez. E como se eu abrisse a boca para falar pela primeira vez. E nem pensamento eu ainda tivesse formado em minha mente. E como se minhas memórias ainda tivessem sido construídas porque não foram ainda vividas. Quero tudo como se fosse a primeira vez, e quero de novo.
25 de mai. de 2015
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