1 de mai. de 2014

A dor

Um adeus dói. Um dia de fome dói. Muitos dias aguentando a fome quando o corpo já não consegue mais aguentar dói mais ainda. Frio dói. Calor dói muito mais. Soltar as mãos de quem se gosta dói. Andar por horas a fio dói. Mas faz bem. Andar por horas a fio sem saber onde se quer chegar dói mais ainda. Graduar-se dói. Não ter possibilidades dói. Felicidade extrema dói. O músculo do cotovelo sempre dói. Não viajar dói. Arrancar as flores de um canteiro, de certa forma, dói. Algo muito gelado dói. Lembrar-se dói. Não lembrar dói em alguém. Vê-lo dói. Não vê-lo dói. Escrever muito dói. Não escrever dói demais. A saudade dói. A saudade dói de maneira gostosa mas dói também de maneira cruel. A dicotomia dói. Os erros gramaticais doem muito. As chances perdidas doem. O céu rosa ao fim da tarde fria, de tão lindo, dói. As alegrias doem. Não sabem quando usar a vírgula, que é o meu caso agora, dói. Usa-la de maneira correta também dói. Olhar através do vidro dói. As páginas escritas falam da dor. As não escritas doem. 


A dor estar aí. Basta senti-la.

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