29 de abr. de 2014

Coisas belas e sujas

Coisas belas e sujas, porque hoje estou assim, mas amanhã estou de outro modo.

Coisas belas e sujas, porque a ordem das palavras foge a qualquer indício de lógica existente ou criada. Belas e sujas, porque preciso comer mas também sobreviver. Belas, porque mantenho os cabelos soltos. Sujas, porque não os dou importância.

Coisas belas e sujas, porque esta não foi a vida que eu esperei para mim. Coisas belas e sujas, porque os portões da rua nunca deveriam ser trancados. Belas e sujas, porque tudo é tão simples que chega a ser complicado. E o complicado faz-se tão simples: basta não entender.

Coisas belas e sujas onde as pegadas marcaram de forma forte e envolvente. Onde soam como um abraço e uma sensação de sufocamento. Onde o toque deixou marcas dos dedos. Onde o sussurro fez-se ouvir. Coisas belas e sujas, quando olha-se os meus olhos escuros. Belas e sujas, nesta minha alma transparente mas também tão escondida. Minha.

As coisas do mundo são belas e sujas, são minhas e suas, são deles e de ninguém. São minhas sem ser. As coisas são belas e sujas, porque são sem existir. Belas e sujas como tudo.

Coisas belas e sujas, todos os dias.

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