A bota que bate no solo, a passos firmes, e me provoca arrepios. Olho para cima e o contorno do seu corpo é moldado por um uniforme militar.
Perco-me em suas não-curvas, em seu corpo magro, em suas pernas bonitas, como me inspira. Paro-me em seus olhos. Encaro-os profundamente até me perder e me encontrar outra vez.
O cheio forte. Os cabelos ao vento que me chamam a atenção. As palavras rudes - ou seria apenas características da língua? Os gestos pequenos, o bosque logo acima, as ruas vazias e a neve derretida.
Embaixo dos meus braços, carrego um caderno. Nele escrevo aventuras. Suspiros. Sentidos. Desejos. Nele revivo tudo o que vivi um dia. Nele, está a minha vida.
E os passos largos, com pisadas fortes, continua a caminhar. Vai para um local ao norte que eu não sei onde, e neste momento me perco sozinha no caminho. Fui deixada para trás e sinto-me como uma aluna desorientada diante da tese. Estou no vazio deste mundo imenso. Estou pequena se vista do céu. Estou desatenta. Mas estou eu mesma.
Recordo-me dos livros de história e dos debates acadêmicos. Sou invadida por indagações gélidas que me cortam os dedos mas, ao lembrar teu nome, sou consumida por palpitações.
Fica-se as marcas. A cicatriz grande e profunda, mas pela qual tenho tanto carinho. Fica-se a minha mão estendida e, de volta, uma mão que me bate o rosto. Vai embora o meu sorriso, embora tenha-o cuidado com estima para ti. Todas as pequenas coisas que ocuparam tanto espaço - não porque eram pesadas, mas porque me eram queridas.
Vai-se, o que ficou.
26 de mai. de 2014
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