O direito do mais forte é ilustrado pelos livros que compõem uma estante.
Com um sopro de vento, apaga-se toda uma história. Já não se sabe o que aconteceu. Tudo agora faz parte do passado, onde jaz a consciência.
O direito do mais forte não dá chance e nem vez. Passa rápido como um vulto, cobre inteiro um coração. Habita onde a memoria apaga, cala um grito na escuridão.
Um quadro negro foi pintado pelo direito do mais forte. De fundo vermelho, lembrando uma cruz. Mais tarde, veio tons amarelos, em formato daquilo que habita o céu. E as pessoas - estas, consideradas não-pessoas - teriam que o vestir.
O direito do mais forte expulsa-os de casa. Faz-se habitar guetos. Manda pra fora o que é seu. Toma o que é propriedade privada. Já não existe lar.
O mais forte, penso eu, deveria ajudar. Mas, por apropriar-se do seu direito, o mais forte toma, rouba, mata e extermina. Assim é o direito do mais forte.
Passam-se os anos mas ficam as memórias, e as falas, e os filmes e livros, e os testemunhos. E você.
O direito do mais forte bate-me no rosto toda vez que vejo os seus olhos em minhas lembranças. Seus olhos claros, porém manchados com sangue pela culpa que perpetua a história.
O direito do mais forte jamais irá se calar, porque para sempre será falado. Mas, agora, pela voz dos outros. Os vivos. Os fugitivos. Os que tiveram sorte. Os que se esconderam. Os que habitaram sótãos. Os que tiveram uma chance. Os que mentiram. Os que não pareciam o que eram. Os que sobreviveram... os mais fracos.
12 de mai. de 2014
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