A descoberta do mundo deu-se assim: parecia que eu estava apenas descobrindo-o.
Descobri-o de duas formas:
1- tirei sua vestimenta, a cor que o cobria, descobrindo-o e deixando-o descoberto.
2- fui por ele passear e, enquanto vivia minhas descobertas, descobria-o. Descobertas com sabor de aventura.
Oh, don't you just love the Portuguese language?! Tenho que apertar os olhos para perseguir a linha de raciocínio, ou me perderei em minhas próprias palavras. Descobrir é então duas coisas: é descoberta, que é como achar-encontrar, e é des-cobrir, que é o contrário de cobrir.
A descoberta do mundo deu-se assim: na frente dos meus olhos. Um dia, caiu uma capa e lá atrás estava ele, a seu modo: o mundo.
Mas, ainda que o mundo fosse a seu modo, eu ainda o fazia meu. Todo mundo tem seu jeito, todo mundo dá um jeito, todo mundo faz um mundo e o mundo já não é mais de si.
A descoberta do mundo, do jeito que a vejo frente aos meus olhos nesse instante agora, parece assim:
uma foto cheia de árvores em tom verde-azulado, mas o fundo é marrom e a vida no leste é cinza; o lápis com que escrevo a reportagem é vermelho, mas a tinta é azul; as palavras que você vê e lê têm gosto de história mundial; a história mundial que perpassa as linhas escritas são relatos pessoais.
Então a descoberta do mundo era assim: cada um tinha uma história para contar. Resta-nos, então, ouvir, narrar, relatar - escrever.
E assim fez-se o mundo: no oitavo dia, às narrações via escrita, por meio das mãos de uma coadjuvante, com o olhar juvenil, em meio a preposições emaranhadas nas frases, em sua língua-mãe e numa língua que-não-era-sua-mas-tomara-posse, sob olhares atentos e corações batendo.
Era a descoberta do mundo: descobriu.
3 de fev. de 2017
22 de jan. de 2017
Seu rosto, por toda parte
Vejo seu rosto na face dos que não são como você: ah, eles me lembram tanto o modo como tu és!
Seu rosto está por toda parte: ainda que eu não me lembre como são seus traços e os detalhes que lhe fazem ser quem tu és.
Vejo seu rosto no modo como andam, como pegam as coisas, como viram de lado, como assobiam e como conversam. Percebo no modo como piscam os olhos e para que canto da boca lhes cai o sorriso. Parece que estou o tempo todo a analisar e o tempo todo sou avisada de quem eles não são como você. Consequentemente, sou lembrada de como tu és. E, então, vejo seu rosto por toda parte.
Vejo seu rosto por toda parte: nos murais espalhados por muros ao redor do mundo, pelos caminhos mais bonitos que caminho, nas tardes frias e vazias, na manhã perpetuada na memória pelos raios de sol. Vejo seu rosto, fecho os olhos. Se fecho os olhos, vejo o seu rosto.
Seu rosto está por toda parte: ainda que eu não me lembre como são seus traços e os detalhes que lhe fazem ser quem tu és.
Seu rosto está por toda parte: ainda que eu não saiba como tu aparentas hoje.
Ainda assim, coloco todas as minhas apostas na certeza do meu coração de que você ainda é um dos rostos mais bonitos que já pisou na Terra. Felizes aqueles que contemplaram mais que seu lindo rosto: esses lhe viram por dentro e sabem da beleza maior que habita dentro de ti.
Seu rosto por toda parte e o mundo torna-se um lugar melhor. Se há seu rosto por toda parte, debruço-me sobre ternura. Teu rosto por toda parte e eu entro em um ônibus cujo destino nem sei.
Teu rosto por toda parte, até em meus sonhos. E, novamente, quando acordo. Acho que o rosto das pessoas que nos marcam não estão mais em nossos olhos e no que eles projetam: passam a morar no coração.
21 de jan. de 2017
Cada dia é uma vida inteira
Cada dia parece que vai demorar a passar. Mas, quando chega ao fim, que é apenas o começo da noite, já passou.
O dia nasce assim: vem na hora que ele quer, mesmo que estejamos dormindo. Vai vivendo cada minuto que lhe é seu de direito, enquanto estamos apenas acordando. Segue seu rumo, pega sua trilha, define sua direção e segue seguindo.
Parece até que o dia só anda para frente - mas, espera, chega o fim da tarde e eu quero voltar lá pela manhã, que foi quando vi os olhos teus ao acordar. Mas já fora a hora e, se tens sorte, o dia amanhã se repete. Se tens sorte.
Cada dia começa de um jeito, embora todos se iniciem pelo amanhecer dos começos. Acho que é por isso que dizem que todo dia é um hora de começar de novo. Mas, se começamos novamente todo novo dia, não estaríamos repetindo sempre a mesma coisa? Mas, e as vezes em que não precisamos começar, mas continuar o que estávamos fazendo? Ainda assim o dia acaba e nasce outra vez? É mesmo um novo dia? Quem sabe não precisaríamos de uns dois, três dias do mesmo dia para fazer a coisa que não deu tempo de fazer na extensão das suas horas, diazinho?
Um novo dia na vida é como uma vida inteira: prestes a se revelar. Parece que fica à nossa frente nos pedindo: viva-me. Cada dia é uma vida inteira e dura o comprimento que ele tem. Vive-se dentro de um espectro e, por isso, cabe a nós fazer dele o mais incrível e inesquecível possível. Há quem já tenha tido uns dias assim, há quem já tenha tido uma vida inteira de dias, e há quem espera para experimentar. Mas, que não se esqueçam: cada dia é uma vida inteira. Não é vez de deixar passar.
E você, tem deixado passar a sua vez?
Que não se esqueçam: cada dia é uma vida inteira.
O dia nasce assim: vem na hora que ele quer, mesmo que estejamos dormindo. Vai vivendo cada minuto que lhe é seu de direito, enquanto estamos apenas acordando. Segue seu rumo, pega sua trilha, define sua direção e segue seguindo.
Parece até que o dia só anda para frente - mas, espera, chega o fim da tarde e eu quero voltar lá pela manhã, que foi quando vi os olhos teus ao acordar. Mas já fora a hora e, se tens sorte, o dia amanhã se repete. Se tens sorte.
Cada dia começa de um jeito, embora todos se iniciem pelo amanhecer dos começos. Acho que é por isso que dizem que todo dia é um hora de começar de novo. Mas, se começamos novamente todo novo dia, não estaríamos repetindo sempre a mesma coisa? Mas, e as vezes em que não precisamos começar, mas continuar o que estávamos fazendo? Ainda assim o dia acaba e nasce outra vez? É mesmo um novo dia? Quem sabe não precisaríamos de uns dois, três dias do mesmo dia para fazer a coisa que não deu tempo de fazer na extensão das suas horas, diazinho?
Um novo dia na vida é como uma vida inteira: prestes a se revelar. Parece que fica à nossa frente nos pedindo: viva-me. Cada dia é uma vida inteira e dura o comprimento que ele tem. Vive-se dentro de um espectro e, por isso, cabe a nós fazer dele o mais incrível e inesquecível possível. Há quem já tenha tido uns dias assim, há quem já tenha tido uma vida inteira de dias, e há quem espera para experimentar. Mas, que não se esqueçam: cada dia é uma vida inteira. Não é vez de deixar passar.
E você, tem deixado passar a sua vez?
Que não se esqueçam: cada dia é uma vida inteira.
20 de jan. de 2017
10 coisas que odeio em você
Amanhã, sábado de manhã, falarei sobre 10 coisas que odeio em você. Mas eu não odeio nada. Nadinha. Nem a ponta do dedo em que está a sua unha que eu nunca notei eu odeio. Nem nada:
"Odeio sua presença: não por fazê-lo ser, mas por mostrar o quanto você não está aqui. Odeio seus olhos claros que desviaram os meus de seu próprio caminho, e, desde então, passaram a olhar você. Odeio o modo como caminha para um lugar que não é. Odeio o calor das suas mãos nos dias mais frios, pois estes são os que jamais esquentam. Odeio seus longos cabelos que lembram todos os girassóis do mundo o tempo todo e em todo lugar. Odeio o modo como escreve poesia ao falar do óbvio, sem nem saber, e odeio mais ainda a sua letra, pois quero encontrar significado - e tentar entendê-la é como desvendar o mistério da criação. Odeio cada marca em seu rosto, pois não são meros acidentes, mas os detalhes finais da obra do Artista: não foram colocadas ali por acaso, mas pensadas a pinceladas só para eu olhar e não tirar os olhos dali nunca. Odeio seus braços, que abraçam o mundo e parecem guias numa tarde de chuva vazia: é como nunca estar só. Odeio todos os barulhos que faz: sua fala, seu sorriso e o som da sua voz, porque ressoam o infinito intangível e parecem um eco eterno, distante, intocável às minhas mãos".
-Márcia
"Odeio sua presença: não por fazê-lo ser, mas por mostrar o quanto você não está aqui. Odeio seus olhos claros que desviaram os meus de seu próprio caminho, e, desde então, passaram a olhar você. Odeio o modo como caminha para um lugar que não é. Odeio o calor das suas mãos nos dias mais frios, pois estes são os que jamais esquentam. Odeio seus longos cabelos que lembram todos os girassóis do mundo o tempo todo e em todo lugar. Odeio o modo como escreve poesia ao falar do óbvio, sem nem saber, e odeio mais ainda a sua letra, pois quero encontrar significado - e tentar entendê-la é como desvendar o mistério da criação. Odeio cada marca em seu rosto, pois não são meros acidentes, mas os detalhes finais da obra do Artista: não foram colocadas ali por acaso, mas pensadas a pinceladas só para eu olhar e não tirar os olhos dali nunca. Odeio seus braços, que abraçam o mundo e parecem guias numa tarde de chuva vazia: é como nunca estar só. Odeio todos os barulhos que faz: sua fala, seu sorriso e o som da sua voz, porque ressoam o infinito intangível e parecem um eco eterno, distante, intocável às minhas mãos".
-Márcia
9 de jan. de 2017
Adeus, até sempre
Adeus, até sempre. Digo-lhe com os olhos para baixo. É que não ouso encarar os olhos seus - seus olhos foram feitos no primeiro dia da criação, seus olhos foram a coisa primeira a ser feita no mundo. Os olhos seus que os meus tanto olharam para ver se via.
Adeus, até sempre. Digo-lhe com um aperto no peito e mãos que lhe deixam ir. Eu sempre quis dizer-lhe adeus mas sempre tive medo. Mas guardá-lo comigo, aonde quer que eu vou, é ainda mais aterrorizante e às vezes corta a alma como se você fosse um dia frio em uma dessas esquinas da vida.
"Adeus, até sempre" parece dois lugares: um, aquele lugar que nunca existiu. Para onde irás e cairá no esquecimento. O lugar onde estão as coisas perdidas. O lugar em que apago a luz. O momento que nunca visito. Uma leve certeza que soa como dúvida.
O outro lugar é aquele de onde viestes e de onde nunca saíras. Para onde sempre irás. O lugar onde moram as coisas repentinas, verdadeiras e formadoras dos dias de primavera - eu nunca penso na primavera, eu sempre gosto mais do outono e do inverno, mas você é como flor que aflora, é como reflexo de raio de sol que bate nos jardins do mundo, é o que reluz dentro de mim e ilumina o caminho à frente. É o que me paralisou, mas o que também me guia - para pegar o outro caminho, para trilhar o caminho contrário, para me encontrar.
Adeus, até sempre, e parece que tudo nunca aconteceu. Adeus, até sempre, e parece que foi tudo logo ali e logo agora. Mas foi ontem, é hoje, será amanhã. É.
Adeus, até sempre: solto-lhe o meu sussurro de saudades, miro a janela para poder olhar para o nada. Tudo é desculpa para não lhe encarar: é que seus olhos foram feitos no primeiro dia da criação do mundo. Um dia eu olhei para eles e nunca mais quis parar de olhar. Meu deus, era tudo perfeição. Quem fizera aquilo? Quem carregara aquilo, era você? E você, o que via com eles, o que via com seus mais lindos olhos? Via-me diante de ti, a te olhar-te?
Adeus, até sempre. Vistes muito mais que eu de uma maneira clara porque meu jeito foi sempre complicar as coisas. Mas no mundo não há culpa: há alguns dias descobri que eu também fui feita em um desses primeiros dias da criação, quando o dono do mundo e fazedor de todas as coisas ainda não estava cansado e havia matéria prima de sobra.
Adeus, até sempre. Deixo-lhe ir, vou-me também - mas até sempre. Até sempre.
Adeus, até sempre. Digo-lhe com um aperto no peito e mãos que lhe deixam ir. Eu sempre quis dizer-lhe adeus mas sempre tive medo. Mas guardá-lo comigo, aonde quer que eu vou, é ainda mais aterrorizante e às vezes corta a alma como se você fosse um dia frio em uma dessas esquinas da vida.
"Adeus, até sempre" parece dois lugares: um, aquele lugar que nunca existiu. Para onde irás e cairá no esquecimento. O lugar onde estão as coisas perdidas. O lugar em que apago a luz. O momento que nunca visito. Uma leve certeza que soa como dúvida.
O outro lugar é aquele de onde viestes e de onde nunca saíras. Para onde sempre irás. O lugar onde moram as coisas repentinas, verdadeiras e formadoras dos dias de primavera - eu nunca penso na primavera, eu sempre gosto mais do outono e do inverno, mas você é como flor que aflora, é como reflexo de raio de sol que bate nos jardins do mundo, é o que reluz dentro de mim e ilumina o caminho à frente. É o que me paralisou, mas o que também me guia - para pegar o outro caminho, para trilhar o caminho contrário, para me encontrar.
Adeus, até sempre, e parece que tudo nunca aconteceu. Adeus, até sempre, e parece que foi tudo logo ali e logo agora. Mas foi ontem, é hoje, será amanhã. É.
Adeus, até sempre: solto-lhe o meu sussurro de saudades, miro a janela para poder olhar para o nada. Tudo é desculpa para não lhe encarar: é que seus olhos foram feitos no primeiro dia da criação do mundo. Um dia eu olhei para eles e nunca mais quis parar de olhar. Meu deus, era tudo perfeição. Quem fizera aquilo? Quem carregara aquilo, era você? E você, o que via com eles, o que via com seus mais lindos olhos? Via-me diante de ti, a te olhar-te?
Adeus, até sempre. Vistes muito mais que eu de uma maneira clara porque meu jeito foi sempre complicar as coisas. Mas no mundo não há culpa: há alguns dias descobri que eu também fui feita em um desses primeiros dias da criação, quando o dono do mundo e fazedor de todas as coisas ainda não estava cansado e havia matéria prima de sobra.
Adeus, até sempre. Deixo-lhe ir, vou-me também - mas até sempre. Até sempre.
21 de dez. de 2016
O fio da memória
O fio da memória é tão delicado: se quebra a qualquer momento. É que a memória é um fio.
A memória é um fio: um sorriso, um riso, ou a cor dos olhos dele.
A memória é um fio que risco: vou de uma página à outra. Rabisco letras abertas, que são nomes de pessoas como a gente. Somos nós. Posso dizer seu nome aqui para você saber que é você? É de você que falo quando escrevo.
O fio da memória hoje passou por aqui: peguei um caderno e escrevi. Escolhi uma foto. Lembrei do jeito, do dia, da temperatura, para que lado ia o vento e o cheiro da água da chuva. A memória tem tantas facetas e faces. A memória tem a cara da gente, e eu te vejo nela.
O fio da memória hoje passou por aqui: cruzou a rua quando eu menos esperava, e eu me peguei sorrindo. Bati a mão, dei de ombros e continuei caminhando, porque minhas memórias levo comigo.
O fio da memória parece tão fino mas, se vem rente, corta e traz dor. Parece um fim de domingo, mas tudo aconteceu num sábado. Claro, são tudo metáforas porque a vida é o significado que a gente dá para ela: qual livro você está lendo neste momento?
O fio da memória tem a cor dos fios do seu cabelo. Tem o sorriso do seu rosto. Tem o cheiro do seu corpo. Tem a voz da sua fala. E, tudo isso, porque eu lembro assim. Porque a memória, num primeiro momento, sequer existia. Mas, depois que se vive, ela aparece e pronto: taí.
Eu hoje cruzei com o fio da memória e o encarei nos olhos - não com coragem, mas com ternura: eu sempre precisei ser corajosa, mas sou fraca no coração. Derreto-me como manteiga, sigo o caminho por não ter jeito. Mas, hoje, o fio da memória passou e eu não disse não. O aceitei, porque o criei um dia na vida e agora só me resta carregá-lo comigo. Ora choro, ora alivio, mas sei que é tudo o modo como olho para ela, a memória doce das coisas que vivi.
O fio da memória: será que eu me lembro?
A memória é um fio: um sorriso, um riso, ou a cor dos olhos dele.
A memória é um fio que risco: vou de uma página à outra. Rabisco letras abertas, que são nomes de pessoas como a gente. Somos nós. Posso dizer seu nome aqui para você saber que é você? É de você que falo quando escrevo.
O fio da memória hoje passou por aqui: peguei um caderno e escrevi. Escolhi uma foto. Lembrei do jeito, do dia, da temperatura, para que lado ia o vento e o cheiro da água da chuva. A memória tem tantas facetas e faces. A memória tem a cara da gente, e eu te vejo nela.
O fio da memória hoje passou por aqui: cruzou a rua quando eu menos esperava, e eu me peguei sorrindo. Bati a mão, dei de ombros e continuei caminhando, porque minhas memórias levo comigo.
O fio da memória parece tão fino mas, se vem rente, corta e traz dor. Parece um fim de domingo, mas tudo aconteceu num sábado. Claro, são tudo metáforas porque a vida é o significado que a gente dá para ela: qual livro você está lendo neste momento?
O fio da memória tem a cor dos fios do seu cabelo. Tem o sorriso do seu rosto. Tem o cheiro do seu corpo. Tem a voz da sua fala. E, tudo isso, porque eu lembro assim. Porque a memória, num primeiro momento, sequer existia. Mas, depois que se vive, ela aparece e pronto: taí.
Eu hoje cruzei com o fio da memória e o encarei nos olhos - não com coragem, mas com ternura: eu sempre precisei ser corajosa, mas sou fraca no coração. Derreto-me como manteiga, sigo o caminho por não ter jeito. Mas, hoje, o fio da memória passou e eu não disse não. O aceitei, porque o criei um dia na vida e agora só me resta carregá-lo comigo. Ora choro, ora alivio, mas sei que é tudo o modo como olho para ela, a memória doce das coisas que vivi.
O fio da memória: será que eu me lembro?
18 de dez. de 2016
Levo meu rumo na minha mão
Mãe combina com mão. E é isso, mãe: levo meu rumo na minha mão.
Caminho para onde vou. Quase a chegar lá. Passos contidos, porém largos. Passos sozinhos. Passos meus.
Mãe, caminho nos trilhos e levo o meu rumo na minha mão.
Filho nasce e faz seu caminho, e então lembra que o rumo é seguir o / com o coração.
Um dia eu nasci e logo em seguida me dei conta. Mas, até lá, passaram-se anos. Mas era como se tudo fosse colocado num espectro do tempo e, como não havia nome, pensou-se que suficiente era respirar.
Mãe, se hoje caminho, levo meu rumo nas minhas mãos.
Um dia eu cresci aos olhos e eu fui ser quem eu era. Eu sempre era eu mesma, até de cabeça para baixo. O pai tenta ter influências, o pai apita com precisão - mãe, se hoje caminho, levo meu rumo nas minhas mãos.
Vieram as outras, aquelas que são depois de mim. Eu continuaria a ser a mesma, a primeira na escuridão. Seguia meus próprios passos, e levava meu rumo na minha mão. Mãe, quem é que me deu o que deveria ser dado naquele momento? E amanhã, quem será? E o dia de ontem, já passou?
Pois pisco meus olhos, pois há cisco nos cílios. Eu lembro que há de seguir e que para baixo é para cima, só não se vê bem porque são dias maravilhosamente nublados. Mãe, que rima com mão, falamos baixo para não acordar o pai, que é resumido pela falta de todas as palavras que existem - elas fogem, é sempre segunda guerra mundial: hoje eu caminho, e levo meu rumo nas minhas mãos.
Caminho para onde vou. Quase a chegar lá. Passos contidos, porém largos. Passos sozinhos. Passos meus.
Mãe, caminho nos trilhos e levo o meu rumo na minha mão.
Filho nasce e faz seu caminho, e então lembra que o rumo é seguir o / com o coração.
Um dia eu nasci e logo em seguida me dei conta. Mas, até lá, passaram-se anos. Mas era como se tudo fosse colocado num espectro do tempo e, como não havia nome, pensou-se que suficiente era respirar.
Mãe, se hoje caminho, levo meu rumo nas minhas mãos.
Um dia eu cresci aos olhos e eu fui ser quem eu era. Eu sempre era eu mesma, até de cabeça para baixo. O pai tenta ter influências, o pai apita com precisão - mãe, se hoje caminho, levo meu rumo nas minhas mãos.
Vieram as outras, aquelas que são depois de mim. Eu continuaria a ser a mesma, a primeira na escuridão. Seguia meus próprios passos, e levava meu rumo na minha mão. Mãe, quem é que me deu o que deveria ser dado naquele momento? E amanhã, quem será? E o dia de ontem, já passou?
Pois pisco meus olhos, pois há cisco nos cílios. Eu lembro que há de seguir e que para baixo é para cima, só não se vê bem porque são dias maravilhosamente nublados. Mãe, que rima com mão, falamos baixo para não acordar o pai, que é resumido pela falta de todas as palavras que existem - elas fogem, é sempre segunda guerra mundial: hoje eu caminho, e levo meu rumo nas minhas mãos.
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