"Odeio sua presença: não por fazê-lo ser, mas por mostrar o quanto você não está aqui. Odeio seus olhos claros que desviaram os meus de seu próprio caminho, e, desde então, passaram a olhar você. Odeio o modo como caminha para um lugar que não é. Odeio o calor das suas mãos nos dias mais frios, pois estes são os que jamais esquentam. Odeio seus longos cabelos que lembram todos os girassóis do mundo o tempo todo e em todo lugar. Odeio o modo como escreve poesia ao falar do óbvio, sem nem saber, e odeio mais ainda a sua letra, pois quero encontrar significado - e tentar entendê-la é como desvendar o mistério da criação. Odeio cada marca em seu rosto, pois não são meros acidentes, mas os detalhes finais da obra do Artista: não foram colocadas ali por acaso, mas pensadas a pinceladas só para eu olhar e não tirar os olhos dali nunca. Odeio seus braços, que abraçam o mundo e parecem guias numa tarde de chuva vazia: é como nunca estar só. Odeio todos os barulhos que faz: sua fala, seu sorriso e o som da sua voz, porque ressoam o infinito intangível e parecem um eco eterno, distante, intocável às minhas mãos".
-Márcia
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