Quero voltar sozinha por aquele caminho frio que já conheço. Quero andar sem medo de perder meus livros emprestados. Enquanto isso, soletrar palavras estrangeiras enquanto converso comigo mesma em uma outra língua qualquer. E, ao longo do caminho, ter meus olhos fixos nas janelas que são a alma das casas.
Hoje eu quero voltar sozinha, cuidar da minha casa como se ela fosse o meu coração. Reler meus trabalhos escritos que me deram tanto trabalho mas também tanta alegria. Quero correr pelo chão de cimento. Até me cansar, perder o folego, mas sorrir para vida.
Hoje eu quero voltar sozinha sob um céu azul escuro atrás de mim. Como protagonista da minha própria vida e concorrente a realizar meus sonhos. Quero escrever em um papel todas as minhas dúvidas, tristezas, pensamentos, memórias doces e conquistas. Quero tirar fotos com meus olhos e guardá-las la no fundo da minha mente distraída.
Hoje eu quero voltar sozinha por um caminho desconhecido, que passa por trás de um museu. Onde ninguém irá me ver porque quero estar sozinha. Quero fazer-me companhia porque gosto muito da minha própria presença, embora nem sempre eu me seja doce. Quero rabiscar as coisas inacabadas, dando um fim a elas. E levantar da cama ainda sem tirar as meias, sem a gastura de pisar no chão.
Desejo guardar comigo os meus segredos, porque são só meus e eu só os dividiria com minha mãe, a quem sei que me quer mais bem do que qualquer pessoa. Mas hoje eu quero voltar sozinha, voltar para um lugar que nunca deixei. Pular o muro porque acho que assim vou mais rápido. Não me importar com a semântica das palavras.
Hoje eu quero voltar sozinha por um caminho que é meu.