O sol do meio dia chegou para cegar.
Embora brilhante, era assim tão forte que me apertava os olhos de uma maneira tão fina.
Este era então o destino do sol do meio dia - embora alegre de tão terno e quente, arrancava sempre um suspiro meu.
Enquanto isso, no polo norte, vive-se o dia, experimenta-se o gosto que o frio tem ao bater nos ossos, cozinha-se como se comer fosse uma obrigação e não um privilégio, e raramente ouve-se sons vizinhos. É assim então esta história: tão gêmea mas nem tão igual.
A gente pega na mão com um carinho que nem quer mais soltar, mas os dias crescem à medida que o tempo passa. O ar fica mais rarefeito, mas os jornais dirão que é o efeito do Trópico de Capricórnio. Os soldados já se foram, mas deixaram suas marcas.
O sol do meio dia trouxe consigo a lembrança de uma irmã, que habita diariamente minha mente. Ela sempre está aqui, lembrando-me de sua lembrança, fazendo-se presente mesmo tão longe, deixando-me sozinha sem o amor de sua companhia. Como me dói estar longe da minha irmã do meio, meu grande amor. Como dói cada pedacinho de mim se a mão dela não está a uma distância ao alcance.
Mas, enquanto isso, celebra-se, pois é sol do meio dia.
12 de nov. de 2014
14 de out. de 2014
Deixe recado
Irmãos são todos nossos porque são a gente e somos nós e são nossa mãe e nosso pai. E são a posteridade e a continuidade, mas não o que vem antes porque isto é apenas a gente - nós mesmos.
Formam, portanto toda porção de amor e apagam da memória toda a indelicadeza de um dia. Guardam para si como não palma de uma mão o sopro do vento e o ruído do coração. Falam de si ao olhar o mundo. Transgridem as leis antigas e apagam do universo toda a falta de criatividade.
É assim que deixa-se, é assim que se deixa passar. É assim que se vai e se vem como em um balanço no fim de uma rua com características soviéticas. Seria uma boa oportunidade para se falar de história, da ventania, da transgressão, das dietas calóricas de doce que consistem em engordar, das nuvens pesadas que carrego com os dedos, da luz da lua que ilumina um túnel dentro de mim, de todas as informações que meu cérebro não capitou e do amor de dividir um quarto durante a infância.
Se pensar, verá que irmãs moram longe, irmãs vão e vem, ficam aqui pouco tempo pois moram aí, levam consigo sempre um pedaço de mim. Não apenas porque se mudaram para outro país mas porque desde que nasceu divide comigo uma carga genética.
Vejo assim como é bom saber o que se tem do outro na gente, pois somos formados por todas as pessoas que passaram em nossa vida e cruzaram nosso caminho como se fosse flor.
Irmão e irmã deixam recado. Porque tudo o que eles foram e existiram moram embaixo do teto que a gente mora e vai vagando mundo afora aqui dentro do lado esquerdo do peito. Minha irmã foi-se para longe de mim mas deixou recado, porque mora aqui em mim toda ela: o seu sorriso, a sua mãozinha que eu tanto gosto de apertar, suas bochechas fofas que tanto lembram minha mãe, seu nariz que é do meu pai, seus doces que contornam a cozinha e dão forma ao meu corpo com tanto amor, seus olhos castanhos não tão escuros quanto os meus, suas mil línguas, esmaltes brilhantes e tanto mais coisa importante, única, especial e significantes que formam que você é, irmã, e faz de mim ser quem sou.
Irmã deixa recado, porque irmã faz parte da gente, mora na gente ainda que no polo norte, e perpetua o para todo o sempre.
Formam, portanto toda porção de amor e apagam da memória toda a indelicadeza de um dia. Guardam para si como não palma de uma mão o sopro do vento e o ruído do coração. Falam de si ao olhar o mundo. Transgridem as leis antigas e apagam do universo toda a falta de criatividade.
É assim que deixa-se, é assim que se deixa passar. É assim que se vai e se vem como em um balanço no fim de uma rua com características soviéticas. Seria uma boa oportunidade para se falar de história, da ventania, da transgressão, das dietas calóricas de doce que consistem em engordar, das nuvens pesadas que carrego com os dedos, da luz da lua que ilumina um túnel dentro de mim, de todas as informações que meu cérebro não capitou e do amor de dividir um quarto durante a infância.
Se pensar, verá que irmãs moram longe, irmãs vão e vem, ficam aqui pouco tempo pois moram aí, levam consigo sempre um pedaço de mim. Não apenas porque se mudaram para outro país mas porque desde que nasceu divide comigo uma carga genética.
Vejo assim como é bom saber o que se tem do outro na gente, pois somos formados por todas as pessoas que passaram em nossa vida e cruzaram nosso caminho como se fosse flor.
Irmão e irmã deixam recado. Porque tudo o que eles foram e existiram moram embaixo do teto que a gente mora e vai vagando mundo afora aqui dentro do lado esquerdo do peito. Minha irmã foi-se para longe de mim mas deixou recado, porque mora aqui em mim toda ela: o seu sorriso, a sua mãozinha que eu tanto gosto de apertar, suas bochechas fofas que tanto lembram minha mãe, seu nariz que é do meu pai, seus doces que contornam a cozinha e dão forma ao meu corpo com tanto amor, seus olhos castanhos não tão escuros quanto os meus, suas mil línguas, esmaltes brilhantes e tanto mais coisa importante, única, especial e significantes que formam que você é, irmã, e faz de mim ser quem sou.
Irmã deixa recado, porque irmã faz parte da gente, mora na gente ainda que no polo norte, e perpetua o para todo o sempre.
26 de set. de 2014
Dias
E isto é apenas um dia comum. Com as cores gélidas de um centro da cidade em um dia insuportavelmente quente, e a correria das pessoas que quebram a lei.
Nunca se sabe qual scarf escolher, mas sempre se sente quando a escolha certa foi feita. O caminho é tão íngreme para se subir a pé - por que não uma carona?
Os olhos de gato staring at you. Para sempre perdida entre dois idiomas, flutuando entre ter ganho conhecimento mas ter perdido um pouco de si. Penso que as flores são tão bonitas de se olhar, mas é tão chato ganhá-las de presente.
Mais um dia.
Estão a milhas de distância a mão que eu mais gostei de apertar. O que me envolve mais ternamente. O azul que vejo longe da janela. As manias a serem superadas e os defeitos a serem corrigidos.
Tudo parece tão longe e distante que nem se consegue alcançar com um grito. Assim nascem as fraquezas e, quem sabe, aptidões. Basta escolher, como se dar passos fosse algo simples. Há de haver disposição para as coisas belas e sujas, e o caderninho com pedaços de carinho anotados nunca sai de vista.
Era uma vez uma multidão, um local inóspito, a mania de você, a certeza de ser quem se é, o coração apertadinho e o intuito de sobreviver em mais um quarto.
Afinal, trata-se apenas de uma dia comum.
23 de set. de 2014
Uma noite sobre a Terra
Uma noite
sobre a Terra aconteceu em um dia qualquer. Mas o dia qualquer ganhou importância
e veio habitar o meu coração.
Uma noite
sobre a Terra volta-se a viver quando se deita a cabeça no travesseiro e
fecha-se os olhos. Quando se perde em meio a tantas preposições ridículas do Português.
Quando o espaço é um curto período de tempo. Quando a luz se apaga e nasce o
dia.
Em uma
noite sobre a Terra, todos os acontecimentos de horas são revividos em segundos
intensos – quem sabe minutos. E a menina, a protagonista da história mas não de
sua própria vida, esta a contar os passos que da ao viver novamente um sonho.
Soa assim tão
estranho como as coisas imaginadas são tão fortes e presentes a ponto de
fazerem-se sentir. Soa como o vento, que não se vê mas sabe-se que existe.
Passa rápido e levemente, mas deixa marcas. E ninguém pode negar sua presença,
ainda que nunca seja visto.
Aconteceu
ontem na noite. Voltou acontecer e fui transportada para o local onde mais vivi
e onde um pedaço de mim pra sempre irá viver, ainda que eu morra. Porque o que
foi vivido com afeto dura-se uma vida inteira, e uma vida inteira acontece e,
se tem sorte, é revivida em uma noite sobre a Terra.
22 de set. de 2014
Sublime
O toque das
mãos, o coração às vezes frio e o corpo tão quente. E a sensação que desperta
em mim. O que chama a minha atenção e ganha importância para ser escrito. O que
escrevo e transformo em para sempre, pois fica registrado no papel.
Tão sublime
aquela camisa preta, e como realça a brancura de sua aura. A sua aura, que só
eu vejo.
Tão sublime
o olhar, por onde atravesso até chegar a seus mais obscuros pensamentos. Era
uma vez um local na Terra, cenário para tudo sublime que um dia poderia
acontecer em um período de tempo, não tão longo, mas tão intenso!
Sublime são
as palavras, mas, mais ainda, o jeito de falar. O jeito de não falar. O barulho
da risada. As manias. O modo como eu digo ainda algumas coisas como você.
Aprendi contigo. Sublime é escutar a sua voz que me causa arrepios, que soa tão
doce ao meu ouvido, que desperta as lembranças que fazem metade de eu ser quem eu
sou. Tão sublime.
Sublime importância.
Pois cuidarei com um zelo de mãe que tem um tesouro. Sublime, e tão leve, que
deixa pesados meus braços e pernas, pois perco a forca. Isso tudo é desejo.
Sublime
melodia, assovios que ecoam. Passeios de trem, a mão que me guia, os passos com
os pés abertos – anda como o pai? Diz-se que sim, e eu lembrei.
Sublime colo quentinho, onde me refugio e escondo-me de quem sou. Encaro-o nos olhos e recito os poemas e acordos internacionais e as ultimas noticias da política – tudo tem tão pouca importância. E, você, você me é tão sublime!
Sublime colo quentinho, onde me refugio e escondo-me de quem sou. Encaro-o nos olhos e recito os poemas e acordos internacionais e as ultimas noticias da política – tudo tem tão pouca importância. E, você, você me é tão sublime!
15 de set. de 2014
A falta que me faz
A falta que
me faz habita dentro de mim. Lembra a si mesma todos os dias. Parece um corte
no dedo, de onde sai sangue azul. Parece chuva de prata em um mundo tão longe.
A falta que me faz deixou presente uma neblina cinza. Parece que vai chover, mas a sensação é ao contrario. Como é suave e intensa a falta que a presença dela me faz.
Todos os dias, iguais, não mais são diferentes, porque a lembrança de ela não estar aqui soa sempre tão viva. Recordo-me de cada pedacinho de dia passado junto e, como uma dor dilacerante no peito, espero a hora passar.
O sino da meia noite toca sozinho e eu não escuto mais as muitas línguas que ela fala. Eu também não entrego a ela todas as minhas duvidas, e todos os meus desentendimentos com a tecnologia, e tudo o que eu não sei na vida! - tudo por causa da falta que ela me faz.
Quando eu nasci, vim sozinha. Mas eu depois ganhei um presente que habitou comigo a mesma calçada 20 e tantos anos ... Ah, como é dolorido um pedacinho da gente sair de perto do que é nosso, de quem somos.
Ando azul porque sou assim mesmo, desta cor tão bonita, até quando estou triste. Mas dentro de mim há o som de chuva que quer passar. Grito calado o nome dela pelo caminho - o nome dela é precioso como o vidro: chamo-a de irmã.
Irmã-irmãzinha, que falta você me faz. Desde que você saiu de perto dos meus braços, perdi metade de mim. E olha que eu já havia-me perdido toda anteriormente, mas ninguém na vida é mais amorosa e amada do que você!
Como eu queria ser menos egoísta, ficar feliz por você estar feliz, mesmo ai neste caminho do norte tão longe de mim. Mas acabo contorcendo-me toda, pois perdi a doçura da sua companhia. Tudo lembra você. Você esta aqui o tempo todo: nos lugares em que vou, nos locais em que fomos, nas coisas que deixou para trás, no meu pensamento, em minha casa, em meu coração. Você divide espaço dentro de mim com tão poucas pessoas, porque tão poucas pessoas me são tão preciosas como você!
A falta que me faz nasce com o amanhecer. Perdura ao longo do dia pelas tardes compridas e monótonas, e acentua-se ao cair da noite. A falta que me faz não falta, porque esta sempre aqui, gritando alto. A falta que me faz sera sempre sua, pois apenas você ocupa um lugar tão especial em meu coração.
12 de set. de 2014
A Campeã
Esta história
começa como todas as outras – aquelas que não começaram. Estas são as palavras
que descrevem, de maneira debochada, a campeã.
Tudo começou
com uma adolescência que veio, e as escolhas de uma mãe, e as malas pesadas, e
os passos que trilham o caminho. Vem-se dias, vão-se anos, fica-se a menina –
torna-se a campeã.
Era assim a
campeã. Dessas que, acredita-se, é habitada por potencial. Dessas que
vislumbram a lua e projeta-a em desenho para dar de presente e, assim, torna o
passageiro algo eterno. Dessas que sacodem o cabelo sem notar as pequenas
coisas irrelevantes que fazem-se pedras no caminho.
Então era
assim a campeã. Tão precoce e porem tão forte, Já perdera a inocência porque
experimentara o mundo e seu gosto mais amargo – aquele que fica no fundo do
copo. Já enxergara as pessoas, já colhera as flores que murcharam, já diferenciava
a subida da descida, já cantava antes do soar dos sinos. Era assim a campeã,
como galo de igreja em montanha deserta, sabe como? Não, ninguém sabe.
Foi-se
assim uma campeã. Assim tão jovial por dentro e tão responsável por fora.
Sempre cheia de espelhos. Sempre atenta mas sem olhar. O peso das nuvens era a
medida da vida, e um sopro calado era um soco no estômago.
A campeã perdeu
muitas lutas. A campeã já nem sabe mais lutar. A campeã tem as mãos leves agora
pesadas. A campeã descuida dos detalhes como cor de esmalte. A campeã notava as
coisas que não eram escritas de forma bela e aquilo a machucava tanto.
Era uma vez
uma campeã. Dessa que ganha luta enquanto perde-se um pouco da vida. Esta, que
um dia esperou secar a água que irriga os olhos. Ah, como desejara ser forte,
fria e malvada. Ah, como era difícil ser quem não era.
E viva a ironia. E o cansaço do mundo sobre os ombros, pois vive-se em exaustão - ou seria êxtase?
Devia-se
ser a campeã, ainda que ela perdesse, ainda que ela ganhasse, ainda que ela não lutasse, conquanto
que ela vivesse.
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