Esta história
começa como todas as outras – aquelas que não começaram. Estas são as palavras
que descrevem, de maneira debochada, a campeã.
Tudo começou
com uma adolescência que veio, e as escolhas de uma mãe, e as malas pesadas, e
os passos que trilham o caminho. Vem-se dias, vão-se anos, fica-se a menina –
torna-se a campeã.
Era assim a
campeã. Dessas que, acredita-se, é habitada por potencial. Dessas que
vislumbram a lua e projeta-a em desenho para dar de presente e, assim, torna o
passageiro algo eterno. Dessas que sacodem o cabelo sem notar as pequenas
coisas irrelevantes que fazem-se pedras no caminho.
Então era
assim a campeã. Tão precoce e porem tão forte, Já perdera a inocência porque
experimentara o mundo e seu gosto mais amargo – aquele que fica no fundo do
copo. Já enxergara as pessoas, já colhera as flores que murcharam, já diferenciava
a subida da descida, já cantava antes do soar dos sinos. Era assim a campeã,
como galo de igreja em montanha deserta, sabe como? Não, ninguém sabe.
Foi-se
assim uma campeã. Assim tão jovial por dentro e tão responsável por fora.
Sempre cheia de espelhos. Sempre atenta mas sem olhar. O peso das nuvens era a
medida da vida, e um sopro calado era um soco no estômago.
A campeã perdeu
muitas lutas. A campeã já nem sabe mais lutar. A campeã tem as mãos leves agora
pesadas. A campeã descuida dos detalhes como cor de esmalte. A campeã notava as
coisas que não eram escritas de forma bela e aquilo a machucava tanto.
Era uma vez
uma campeã. Dessa que ganha luta enquanto perde-se um pouco da vida. Esta, que
um dia esperou secar a água que irriga os olhos. Ah, como desejara ser forte,
fria e malvada. Ah, como era difícil ser quem não era.
E viva a ironia. E o cansaço do mundo sobre os ombros, pois vive-se em exaustão - ou seria êxtase?
Devia-se
ser a campeã, ainda que ela perdesse, ainda que ela ganhasse, ainda que ela não lutasse, conquanto
que ela vivesse.
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