6 de mai. de 2014

Let the writers speak

"So ugly they looked - German, English, French - so stupid."

(Virginia Woolf)

5 de mai. de 2014

The magic pen

I was given a magic pen. It was given to me the day I was born. I bet mom never knew and dad never really cared. Neither did I.

The magic pen writes. It does its best. It writes the history of the world. And it writes my history as well.

The magic pen goes forward and back. It writes even when my hands shake. There can't be regrets.

The magic pen has gone through many pages. Some lovely, nice pages. Some tough pages too. But they say it's the way people's books are written. I guess I just don't know.

My pen lives in my heart, and it can be friends with my mind sometimes. It has got some blue ink, some blue ink difficult to be erased. You know?

This pen of mine has read some others' pens. Things people have written. Things that have happened. Things that have got their mark. It's History after all. You can't run away from it. You can only feel guilty, my dear.

Pens have gone through shame, through cruelty and wars. They have gone through the life of the winners, who never lost any battle, if you think about it. That's the mystery they won't solve, them the pens. The justice of life. Is there any?

I was given a pen the day I became someone. I was probably only a child, but I started to write. I had no idea what it was, though. I have written so much, even though some of the stuff I've wrote were actually lived. I was given a pen I'm not supposed to lose. And sometimes I just wanna throw it away. Have it away from me. Have it where the things I write about are - kinda far.

I don't know what I'm writing about. That's why it makes sense.

1 de mai. de 2014

A dor

Um adeus dói. Um dia de fome dói. Muitos dias aguentando a fome quando o corpo já não consegue mais aguentar dói mais ainda. Frio dói. Calor dói muito mais. Soltar as mãos de quem se gosta dói. Andar por horas a fio dói. Mas faz bem. Andar por horas a fio sem saber onde se quer chegar dói mais ainda. Graduar-se dói. Não ter possibilidades dói. Felicidade extrema dói. O músculo do cotovelo sempre dói. Não viajar dói. Arrancar as flores de um canteiro, de certa forma, dói. Algo muito gelado dói. Lembrar-se dói. Não lembrar dói em alguém. Vê-lo dói. Não vê-lo dói. Escrever muito dói. Não escrever dói demais. A saudade dói. A saudade dói de maneira gostosa mas dói também de maneira cruel. A dicotomia dói. Os erros gramaticais doem muito. As chances perdidas doem. O céu rosa ao fim da tarde fria, de tão lindo, dói. As alegrias doem. Não sabem quando usar a vírgula, que é o meu caso agora, dói. Usa-la de maneira correta também dói. Olhar através do vidro dói. As páginas escritas falam da dor. As não escritas doem. 


A dor estar aí. Basta senti-la.

29 de abr. de 2014

Coisas belas e sujas

Coisas belas e sujas, porque hoje estou assim, mas amanhã estou de outro modo.

Coisas belas e sujas, porque a ordem das palavras foge a qualquer indício de lógica existente ou criada. Belas e sujas, porque preciso comer mas também sobreviver. Belas, porque mantenho os cabelos soltos. Sujas, porque não os dou importância.

Coisas belas e sujas, porque esta não foi a vida que eu esperei para mim. Coisas belas e sujas, porque os portões da rua nunca deveriam ser trancados. Belas e sujas, porque tudo é tão simples que chega a ser complicado. E o complicado faz-se tão simples: basta não entender.

Coisas belas e sujas onde as pegadas marcaram de forma forte e envolvente. Onde soam como um abraço e uma sensação de sufocamento. Onde o toque deixou marcas dos dedos. Onde o sussurro fez-se ouvir. Coisas belas e sujas, quando olha-se os meus olhos escuros. Belas e sujas, nesta minha alma transparente mas também tão escondida. Minha.

As coisas do mundo são belas e sujas, são minhas e suas, são deles e de ninguém. São minhas sem ser. As coisas são belas e sujas, porque são sem existir. Belas e sujas como tudo.

Coisas belas e sujas, todos os dias.

24 de abr. de 2014

The Sun Also Rises

" 'Oh, Jake,' Brett said, 'we could have had such a damned good time together.' Ahead was a mounted policeman in khaki directing traffic. He raised his baton. The car slowed suddenly pressing Brett against me. 'Yes', I said. 'Isn't it pretty to think so?' "

(Ernest Hemingway)

8 de abr. de 2014

Laurence Anyways

(A princípio, seria apenas um filme)

O sentimento vem. Ao fim do dia, quando a pressa da rotina já perdeu o seu lugar e sumiu da minha frente.

Há espaço para você.

Por vezes a raiva me toma as mãos que comandam a minha vida. E, por mais que dure, ela é derrotada ao fim do dia, quando vem a lembrança e volta você, "anyways". Eu diria que correto é "anyway", by the way.

E por falar em raiva, as vezes pego-me questionando até quando ela virá e vai passar. Fico me perguntando se um dia ela vira e ficará para sempre, tomando o lugar de todo e qualquer sentimento carinhoso que ainda perdura por aqui. I wonder. Let's see.

Vivo em uma balança; ora tendo para um lado, ora tendo para o outro. Ora sou roubada por um, ora sou roubada por outro, quando quero ser apenas minha. Mas, ao fim do dia, vem aquele, anyways.

Meus pensamentos fogem de mim. Agrada-me tanto quando não me pego pensando no ato de pensar. Quando meus pensamentos adormecem. Ou quando eles tornam-se simples. Estou cansada dos pensamentos complexos. Eles me deixam exausta e não me levam a lugar nenhum. Afinal, nunca descobrirei nada com eles - tudo já foi descoberto - a não ser viajar sem sair do lugar.

Gosto também quando fico um dia todo sem ser visitada pela lembrança de você, pois, assim, garanto a mim mesma que ainda estou sob o meu controle. A lembrança da sua existência é uma coisa linda, mas também me doí muito. E, independente do decorrer dos acontecimentos, com certa frequência você visita algum cantinho meu - anyways.

Sinto-me leve, e acredito que estou me movendo. Mas então recebo a lembrança do seu rosto bonito e penso comigo: oh, anyways...

No matter what, it seems it's Laurence anyways.

Laurence, anyways...

1 de abr. de 2014

Entardecer

O entardecer me traz a lembrança de muitas coisas. Ele traz consigo a menina que fui eu. Ele sopra o vento com cheiro específico, pinta o fundo do céu, no fim da tarde, das cores doloridas.

O entardecer vem como um sopro doce. Chega de mansinho e vai tomando conta de quem sou eu. Cuida bem de mim. Mas, então, me da um soco no estômago.

O entardecer trouxe consigo minhas melhores horas, aquelas que nunca contei porque jamais conseguiria quantificar tamanha alegria. Ele traz consigo rastros de quadros em uma parede no fim do corredor, onde, logo mais, ficaria um quarto repleto de lembranças, almofadas, cheiros, desejos e beijos. E outro quarto logo a frente, nunca usado - apenas uma vez. Eu queria testá-lo, recorda-se?

O entardecer é frio. Ele é também escuro. Pesado. Profundo. Misterioso. Cheio de pensamentos que possuem significados. O entardecer, eu carrego comigo na manga da blusa. 

O entardecer me conta histórias vividas. Vividas em seu máximo. Vividas com o mais profundo amor. E, por isso e outras coisas mais, o entardecer, vez ou outra, dói. O entardecer grita comigo. Enxuga uma lágrima transparente que cai dos meus olhos escuros. Bagunça meus cabelos com o vento que traz no cair no dia. Tenta me levar para longe, como seu eu fosse leve. Prende-me ao presente. Soa como o futuro. Leva e traz de volta o passado.

O entardecer é meu amigo. Traz consigo o maior amor que eu já senti na vida. Faz doer minha barriga. E doem também as minhas mãos, os meus olhos, as minhas bochechas, o meu sorriso, o meu olhar, o meu falar e, principalmente, o meu coração.

O entardecer termina no fim do dia. Mas vem um novo amanhecer e, em seu decorrer, volta aqui o entardecer em minha vida.