Formosura parecia palavra clássica. Eu nunca a entendi. Mas já vi.
Parecia até que eu a tinha tirado do dicionário.
Formosura é como a forma que a gente tem: alguns se formam, têm forma, são formados, são formosos...
Outros, não. Eu, sim. Eis aqui: a formosura.
Formosura, eu diria, é o contorno do corpo da gente. É ser alto ou ser esperto. É o formato amendoado dos olhos. São as duas pintinhas de sarda que tenho no canto esquerdo ao lado dos olhos. É o meu cabelo quanto acordo com ele bagunçado de manhã.
Formosura é como estar: estou hoje; amanhã, sou.
É também que nem formidade: uma palavra que nem existia. E um dia foi criada. E, criada, passou a existir. Seremos todos formosos um dia? Entraremos todos, então, na mesma forma? Como um bolo? Formados? E sairemos do forno, todos iguais?
Fui me formar longe daqui. Fui ser formosa por ser eu. Fui pegar a formosura da vida em cada gesto meu. Fui dar forma ao que nem existia. Ser formoso é ser inteiro.
Tudo era pura formosura. Cada dia e cada noite e, no intervalo, cada minuto constituinte. Até quando fechava os olhos era formosa. E, quando o via - que formosura ser ele assim tão formoso!
Acho, afinal, que se és formoso, aos meus olhos, é porque gosto da sua forma. E a sua forma, nesse caso, é o que gosto por dentro e por fora de ti. Do fio do cabelo aos dedos do pé, do som da sua voz ao jeito que dormia. Era como o mundo a ser formado diante dos meus olhos; formosura - a forma de você ser.
2 de jul. de 2017
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário