Seria a hora de parar o mundo e de experimentar tudo em sua pureza: penso que deva ser como uma ingestão de heroína.
E sempre seria sexta de tarde, ou domingo de manhã, ou sábado o dia inteiro. É também como a véspera do dia pelo qual tanto esperamos.
Se acaso você chegasse, eu me revelaria. Você veria meus olhos e a descoberta do mundo. Leria os meus cadernos e entenderia o significado das poesias.
Se acaso você chegasse, todo o céu do mundo inteiro ficaria azul celeste. De longe, numa nuvem qualquer, sairia um raio único de sol, da cor do seu cabelo. E eu me atentaria para o desenho das suas mãos, porque elas me são tão queridas e seguram a cor do mundo.
O abraço apertado e longo, e também da cor azul, seria sempre o mesmo, se acaso você chegasse. Meus pés são como se estivessem em meias, meu carro como recém-lavado e sempre com cheiro de automóvel novo, uma ponte sempre como a mais alta porque sobre ela caminha a humanidade, os ponteiros do relógio como insignificantes e todo o mistério
da gramática como algo que me seria revelado - ah, se ao menos você chegasse!
E eu diria "oi" para todo mundo sem ressalvas - até para quem eu não conheço - e atravessaria o viaduto com um sorriso no rosto. Teria paixão por câimbras, cozinharia com ainda mais amor, observaria a porta que se abre e como ela move, e o fim do dia teria cheiro daquilo que a gente mais gosta.
Neste instante, sinto-me toda e abraço o meu corpo, porque isso é como se acaso você chegasse...
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