Sob o peso da história, e eu estaria mais leve.
Eu até jogaria meus cabelos ao vento, eu, com cara emburrada mas coração tão terno. Eu falaria baixinho um monte de repetições insensatas como se fossem criptografias. E seguiria meu caminho.
Sob o peso da história, e eu estaria mais leve. E seria mais eu. E piscaria meus olhos escuros sem parar. E ainda ousaria soltar uma gargalhada contida, pois não sou fã de barulhos demais. Seria uma celebração singela e as cores em branco representariam a vitória dos aliados. E estaríamos livres e sem o peso da história.
E neste momento eu não estaria falando mais do que de mim mesma. Então, pegue as anotações e lembre-se: falo do peso da história que alguns trazem consigo e, por isso, esqueça países. Falo de pessoas, falo de sentimentos e problemas, falo do que não quero viver, falo de um bebê chorando, falo de uma criança pirracenta e de um idoso segurando flores ao atravessar a rua, falo de um senhor mal humorado e paro para pensar se mau se escreve com "u" ou com "l" e, como sei que é com os dois - ah, como sinto o peso da história neste momento! - desmancho-me em pedaços de mim e sigo o vento disfarçado de brisa. Mas eu não me engano.
Um dia eu lhe disse que o caminho era duro. Não havia tanques de guerra nem trovões, mas era duro. Não havia rajadas de vento e nem cortinas as minhas janelas tinham, mas havia um peso, e um sobrepeso, e havia eu tão pequenininha. Pai, você está aí? Olhe aqui para mim deste lado, abre a porta pois a fechadura é pesada, puxa uma cadeira e se assenta para ouvir a estória que eu vou contar. Pai, você poderia? Você faria isto por mim?
Mas, neste momento, saí correndo.
E não se engane: não me refiro aqui aos noticiários e nem ao zum-zum-zum de comentários da imprensa internacional. Também apaguei as linhas dos mapas com minha borracha de escola e eu nem me lembro do dia. Mas eu gostaria muito de conversar sobre o assunto dos últimos tempos com você. Não estou fazendo julgamentos sobre a história vivida e nem sobre a história construída. Não estou colocando a culpa nas potências e nem redimindo os oprimidos.
Estou apenas carregando em mim e comigo o peso da história ...
E como pesa!
9 de set. de 2015
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