Vou chamar isto de o instante zero em que adormeço.
Porque este é exatamente o momento em que deixo de ser eu e passo a ser eu mesma. Porque somos o que sempre nos será permitido ser.
Este é o instante em que adormece pois coloco meu caderno de lado. Fecho a folha em branco e encaro minhas canetas coloridas como se fossem apenas tons de preto. Encaro-as tão fortemente como se eu fosse um pássaro predador. Mas estou apenas sendo eu mesma ao deixar de ser.
No instante em que adormeço desperto todos os meus dedos e meus sentidos interiores e os arrepios e os sussurros ao ouvido, e apago a luz. E espero os segundo a passar, contando-os como se fossem apenas barulho de chuva.
Ultimamente não tenho sequer escutado música, que é para eu me dessensibilizar. E se você acha que quando sou sensível sou fraquinha, engano seu: é nesta hora que preciso ser mais forte, e eu já me cansei há tanto tempo.
O instante em que adormeço chega sempre próximo aos meus pés, e eu o deixo tomar conta de mim. Deito em minha cama com um livro na mão, pois esta é a hora de se menos pensar e apenas absorver. Enquanto leio, não faco nada, apenas aprendo. E só aprender sem precisar viver soa-me como uma cantiga antiga destas em que vejo os tons musicais nas cores azul.
Neste instante, nada tenho escrito e nada estou fazendo sentido, porque o sentido quem faz sou eu. Prefiro ir deixar existindo e esperar pelo momento em que adormeço, que pode ser doce como o meu cheiro esta noite.
31 de ago. de 2015
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