16 de jul. de 2015

Feio nao é bonito

Feio não é bonito, e nem nunca foi. E, para a informação da humanidade inteira para todo o sempre: nunca será.

Feio não é bonito e fecho a mão e formo um punho. Depois abro os dedos de novo e respiro uma brisa.

Já diziam os filósofos nas entrelinhas, e os poetas em suas metáforas. Já diziam os vizinhos, os velhos ditados em língua estrangeira e os jornais na banca. Já diziam as árvores, e o rio, e e as pipas que as crianças soltam para colorir meu céu. Já diziam também os cachorros, os gatos e até aquele caixote vazio que deixei na esquina para o lixeiro levar para terra de são nunca.

E, porque feio não é bonito, não há nem discussão. Nem conversa sequer. Nem mesmo meu piscar de olhos. Há, no máximo, meu sorriso meio de lado debochado. E você poderá ver o brilho em meus olhos contidos. E não vou me alongar muito.

Anota aí porque os dias são longos e a gente vai vivendo e há quem acabe esquecendo que feio não é bonito. Depois leva uma rasteira, um cutucão no ombro ou um assobio e, perdido, não presta nem para aprender a lição. Anota aí que na grande guerra muitos não foram punidos, mas feio não é bonito e disso tem-se exatidão. Anota aí que, nas diárias neste país localizado neste local do mundo, feio não é bonito, ainda que se queira e se tente e se vote e se legisle e nunca se siga leis. Feio não é bonito, gente. Eu vou falar mais uma vez.

Feio não é bonito e fecho os olhos do coração. E me guardo toda em uma roupa de passear com vidrilhos, pois estou me preservando. Vou me juntar todinha em pernas cruzadas como sentar de índio, pois vou assistir tudo - muito bem detalhada que sou. Mas, se o vento já vem de longe, sigo em sua direção.

Enquanto isso, os minutos seguem correndo e parecem uma eternidade, mas, no limiar da vida (e esta é uma palavra que pensei agora), a curva é estreita e, o que não é bonito, é feio.

Pronto.

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