Meu pé esquerdo carrega comigo todas as coisas que já vivi na vida, e carrega a mim também.
Nele, apoio os ombros e meus pensamentos.
Desenho em folha de papel branca e crua a menina que fui e sou, não sabendo o que um dia serei - e se serei. Marco os contornos do meu corpo no desenho de leve, porque estou cansada dos conflitos históricos que não saem do lugar e não levam a lugar nenhum. O mundo é complicado demais, e eu faço parte dele assistindo.
Derramo tinta azul para dar alma a quem sou, porque sei que não há nada além disso e nada além de mim. Sou apenas quem sou, aqui e agora. E mantenho-me em pé sob meu esquerdo que me segura, me sustenta, divido comigo o mundo que levo nos ombros e anda comigo em círculos quando não sei para onde vou.
Diz-se que começa-se um bom dia com o pé direito mas eu muito desconfio que isto seja apenas um ditado desta região do mundo. Porque minhas duas irmas são canhotas e então o pé esquerdo só poderia trazer carinho e afeto a mim, e trazer-me para a vida.
27 de jul. de 2014
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