Aboli o mundo em um dia de pensamento.
Aboli as algemas que prendem as cabeças que não pensam. E desfiz as construções religiosas. Soprei nos ouvidos das pessoas velhinhas o soar do vento, sempre tão distinto. Amarrei com fita vermelha em forma de laço o carinho entre as pessoas.
Aboli este mundo em um dia de pensamento, e chacoalhei meus cabelos a fim de dizer não. Lembrei-me de que não sou ninguém, pois sou apenas alguém - eu mesma. Recortei com cuidado as memórias de um tempo bom que existiu e mantem-se para sempre.
No fim da rua, onde começa a União Soviética, pintei todos os muros sem vida e sem cor. Apenas para desafiar. Reli os livros que ando lendo para entender um pouco da história sobre outro ângulo - na verdade, os "maus" da história serão para sempre maus. Não há como mudar os fatos.
E, os detalhes, logo eles - sempre tão grandes aos meus olhos, embora tao pequenos e despercebidos para a humanidade! - foram sublinhados primeiramente de azul, mas depois pintei de cor de rosa, que é para alegrar este pedaço da história. A história é tão bonita e doída. E nem sei porque estou falando tanto dela - é que estou estudando em forma de lazer.
Aboli minhas mãos, as mangas das minhas blusas, cortei os cardaços dos sapatos, embora me refuse a andar descalço. Não gosto mesmo, não tem jeito. Retoquei o espelho com batom vermelho bem contornado, com traços delicados, mantendo-me viva. Olhei pela janela que mostrava a rua iluminada e escondi-me, tao tímida que sou.
Aboli este mundo em um dia de pensamento, porque os pensamentos acabam com tudo.
20 de jul. de 2014
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