11 de ago. de 2014

Estação Doçura

Chegue perto, estação doçura. Pois é em você que eu quero ficar.

Sopra-me os ventos do sul, e com ele traga o cheiro azedo de um alguém muito querido. Seja gelado sob meu corpo frio, envolva-me como em um laço, sem deixar-me ir. Sim, aperta-me, em sua mais doce estação.

Estação doçura é tudo aquilo que fez-me bem. Que tratou-me com carinho. Que falou-me baixinho. Que preferiu me escrever. Que olhou nos meus olhos, apenas esperando que eu abaixasse meu olhar timidamente. Estação doçura tem a aura azul.

Estação doçura é a parte mais forte e presente da vida da gente. Pode não ser a mais longa, mas é a que fica marcada, a que fica para sempre. Estação doçura é o que faz a gente ser quem a gente é, ainda que não sejamos assim diariamente. Porque as vezes a gente se esquece.

Estação doçura tem a forma de um abraço. Soa como palavras recitadas ao pé do ouvido. Parece casal apaixonado em portão com arquitetura medieval de um edifício abandonado de valor histórico. Fica gravada em folhas de um caderno bonito para ser sempre essa coisa especial.

Encanta-se a juventude, amortece os primeiros anos dessa fase adulta. Soa os sinos da igreja abandonada, pergunta-se para onde foram as perguntas. Tudo significa muito e nada faz sentido.

Estação doçura é onde quero estar. Habito um coração amolecido, e deixo-me me matar. Aos pouquinhos a gente se enfraquece toda, porque a estação doçura ficou parada em outra estação ... Dá vontade de pegar de volta o trem.

Estação doçura tem a cor que eu mais amo, tem lembrança cheirosa, tem segredos cheios de simbolismos. Ela trouxe para mim meus amigos fraternos, o carinho de uma mão, uma risada sem compromisso, uma comida que faz mal ao colesterol, e um sorvete ao fim do dia para provar que a perfeição existe.

Quero parar na estação doçura, onde habitei ternamente, e estar para sempre lá, assim cheia de ternura.

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