Houve uma vez um verão.
Um momento que dediquei-me ao teu, ao que não era meu, ao que estava ao meu lado, ao que mais gostava, ao que mais desejava, ao que mais olhava, ao que mais existia.
Houve uma vez um verão e notei os pássaros a cantar. Eu, que nunca prestei atenção nestas coisas. Sei que a construção gramatical não está correta, mas esta sou eu e eu adoro quebrar regras.
Houve uma vez um verão em que te dediquei. Chamei-o de seu, dando-lhe o seu nome. Criei-o do nada, como quem cria um mundo que nunca existiu. No fundo, nada existia, pois as coisas todas foram criadas. E, durante a criação, esqueceram de você. Logo você, meu bem tão especial.
Houve uma vez um verão, listras coloridas que formavam ele, lábios frios contra o vento, cabelos longos batendo em meu rosto, leituras nunca em dia. Afinal de contas, o que valia a pena eu não havia escrito ainda.
Houve uma vez um verão, e eu te escrevi muitas letras que formavam palavras. E as palavras, significados. Formei-me a mim, dei-me a você. Tirei uma parte do meu braço, até hoje a sangrar, a doer. Ofereci o meu sorriso mais sincero, o meu raro sorriso. E meus olhos escuros, embora sempre muito claros, a fitar você.
Houve uma vez um verão e uma criação toda que criei para lhe comemorar. Um local ao subsolo. Comidas baratas, musica ao fundo, noite escura sem estrelas porque era sinal de chuva. Houve uma vez um verão e eu o criei com todo o cuidado, carinho e pedaço de mim.
Houve uma vez um verão que nunca deixou de ser e sempre irá existir. Este verão não entra no calendário e por isso foge das estações. Mas está ali, mais real do que nunca, porque me lembra você.
5 de mar. de 2014
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