29 de mai. de 2010

a note to God

Dearest God,

I've heard you hear everything; even if I hadn't heard it, I would know it anyway.
Well. I'm so glad you hear everything (it includes hearing my mistakes and sins too). But that's okay. I just hope, God, that you write down all you hear so you won't forget. I know you forgive, God, but, until there, until you can finally forgive the ones who hurt us in a cruel way, please God, do not forget.

Thank you so much.

Love, much love,

Marcia. But you may call me daughter.

21 de mai. de 2010

Guardei no coração

Hoje, vi como um telefonema faz a diferença e pode mudar o seu dia.

É assim:

vem de repente, sem você esperar. É surpresa, porque você gosta de surpresas. Geralmente, é uma pessoa da qual você gosta quem liga. Liga pra papear. Liga pra perguntar. Liga pra falar. E pra ouvir. Conversa-se, deixa-se o tempo passar. Sem se preocupar em desligar, em tempo, em gastos. Nesses telefonemas preocupa-se em alegrar, dividir, ajudar. A conversa varia, as risadas ganham lugar, os assuntos legais são comemorados, elogios são feitos, os assuntos delicados são tratados delicadamente.

No fim, desliga-se, como em qualquer outro telefonema. A diferença é que esse, fica. Fica guardado no coração. Num lugar especial, durante todo o dia, ou toda noite. Na verdade, durante a vida inteira. Porque essas coisas, sim, a gente deve lembrar. E aprender que, no fundo, "a gente liga é pra quem liga".

Quem dera

Quem dera nossa chateação fosse com o email mal respondido, com o ônibus perdido, com a atendente indelicada. Quem dera nossa chateação fossem as contas para pagar, a unha que quebrou, o objeto de estima que não lembramos onde está. Quem dera fosse só aquela roupa favorita que a moça que trabalha na nossa casa passou e estragou. E quem dera nossas preocupações fossem a expectativa da nota daquela prova difícl, o compromisso esquecido, o prazo que se aproxima.

Mas isso é só pra perguntar se alguém sabe quem foi que inventou essa expressão, "quem dera", e, afinal, o que ela significa. É que pensando bem, acho-a estranha. É só isso.

Quem dera... quem dera fosse só isso.

9 de mai. de 2010

Que perfume é domingo

Que perfume é domingo!

Geralmente, acordo tarde e lamento ter perdido um pouco do seu cheirinho. Mas, penso eu, domingo de manhã não é lá muito útil mesmo. Foi feito pra dormir, dormir tudo o que não foi dormido durante a semana.

Domingo é o dia de almoçar na casa da minha avó favorita, mãe do meu pai. E no domingo, penso que casa de vó tem mesmo cara de casa de vó. Tem rádio ligado e televisão ligada, tudo junto ligado, e ninguém dando a mínima. Está todo mundo na cozinha fazendo todo tipo de comida. Eu escapo, porque na cozinha não sou útil. Fico só pra papear.

No almoço sirvo muito, falo pra minha avó e pra minha tia que está tudo uma delícia, sem dizer, no entanto, que é tudo um exagero (a comida; a delícia, não). É que minha avó faz todas as comidas do mundo no almoço, todo domingo. É a maneira dela de agradar.

Joga-se conversa fora, cansa-se e volta-se pra casa para descansar. "Descansar de que?", me ingado. E vejo as casas, todas cheias de gente, porque domingo é dia de curtir a casa que não se curte durante a semana. E de tarde dá-se o luxo de fazer o que quiser, o que inclui também fazer nada. Mas só de vez em quando.

Ah, que perfume é domingo!

5 de mai. de 2010

Só pra lembrar:

querida Márcia,

- "o interessado vai atrás".

"Mas eu também estou interessada!", disse eu, Márcia.

- "Mas é o interessado que vai atrás. A interessada, fica", disse o meu lado sensato (que não tem nome, coitado).

"Fica quieta", completei eu, pra mim mesma, com a cabeça baixa, o olhar triste e o bico de emburrada que me é característico quando sou contrariada.

Que eu lembre, todos os dias da minha vida, que o interessado é que vai atrás. E que isso é que é bonito. Às vezes a gente fica ansiosa, na expectativa, doida pra fazer alguma coisa, mas é feio. Bonito é ele correr atrás. Correr atrás, não. Chamar, ligar, procurar. Correr atrás também é feio: pra quem corre e pra quem deixa o outro se prestar a um papel desses.

Pois então, que eu não me esqueça, nem quando eu me esquecer e nem quando eu lembrar. Porque às vezes eu "tô numa boa" ("que linguagem é essa?", minha voz sensata diria, mas aqui disse eu), sem se importar, mas outras vezes eu "tô a fim". E, nas duas vezes, e em qualquer outra vez, é o interessado que corre atrás. E que eu também tenha paciência, pra esperar ou pra aceitar o que vier (ou não vier, vai saber...).

P:S.: Só pra lembrar. Ou nunca esquecer.