Vejo seu rosto no modo como andam, como pegam as coisas, como viram de lado, como assobiam e como conversam. Percebo no modo como piscam os olhos e para que canto da boca lhes cai o sorriso. Parece que estou o tempo todo a analisar e o tempo todo sou avisada de quem eles não são como você. Consequentemente, sou lembrada de como tu és. E, então, vejo seu rosto por toda parte.
Vejo seu rosto por toda parte: nos murais espalhados por muros ao redor do mundo, pelos caminhos mais bonitos que caminho, nas tardes frias e vazias, na manhã perpetuada na memória pelos raios de sol. Vejo seu rosto, fecho os olhos. Se fecho os olhos, vejo o seu rosto.
Seu rosto está por toda parte: ainda que eu não me lembre como são seus traços e os detalhes que lhe fazem ser quem tu és.
Seu rosto está por toda parte: ainda que eu não saiba como tu aparentas hoje.
Ainda assim, coloco todas as minhas apostas na certeza do meu coração de que você ainda é um dos rostos mais bonitos que já pisou na Terra. Felizes aqueles que contemplaram mais que seu lindo rosto: esses lhe viram por dentro e sabem da beleza maior que habita dentro de ti.
Seu rosto por toda parte e o mundo torna-se um lugar melhor. Se há seu rosto por toda parte, debruço-me sobre ternura. Teu rosto por toda parte e eu entro em um ônibus cujo destino nem sei.
Teu rosto por toda parte, até em meus sonhos. E, novamente, quando acordo. Acho que o rosto das pessoas que nos marcam não estão mais em nossos olhos e no que eles projetam: passam a morar no coração.