É de manhã e parece sábado de dia.
Enquanto dirijo pelas ruas, noto como todas as folhas de uma árvore estão em seus devidos lugares. Pingo um ponto na letra "i", sigo em frente, noto tons de verde e penso que poderia ser outono.
É de manhã e estou contigo. É de manhã e desfaço os nós do meu cabelo que nunca existiram. Fecho as cortinas, ou então as abro - tanto faz. Tiro o cisco dos meus olhos, pisco então como se estivesse tomada por uma paixonite aguda e, no fim da rua, vejo que os tons do fim do dia são rosa e laranjado. Parece tão quente e está só acabando o verão.
Quando é de manhã eu faço meu caminho pela praça. Eu avisto o acenar de uma mão. Eu dou significados para os meus entendimentos. Eu fecho a porta e subo a escada correndo, porque nem quero olhar para trás. Eu vejo a cidade de noite e de longe. Eu crio um caderno de recortes que um dia contarão uma história vivida.
É de manhã e por isso estou com fome. Tudo está em seu devido lugar. As coisas são elas mesmas e as cores são do jeito que os nossos olhos as verem. Está tudo tão intuitivo e sei que é isso porque é de manhã. E eu, desse jeito meu, vou sendo eu mesma até o fundo do meu coração porque é de manhã e o relógio parece passar vagarosamente. Eu vi aquela janela sendo fechada, eu desenhei então o parapeito de um prédio, eu corri e abri a porta novamente.
E assim, no instante em que é de manhã, o mundo todo se alinha ao seu contorno e tudo gira ao seu redor. O começo é o mesmo do fim e o pálido é apenas ausência da cor. O que os olhos viram é porque foi vivido e o que os braços não conseguem segurar mora no coração.
É de manhã e estou vivo. Sigamos contentes.
12 de abr. de 2016
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