O sol também se levanta - quando eu abro a janela.
E, isso, porque é assim. E porque é ela, esta menina, que sou eu. E, aquilo, porque me sou. E, quando sinto, já me fui. E, se estou sentido, olho para o lado rapidamente. Quero desviar minha atenção. Quero só ser sem ser. Quero desenhar em uma folha de papel tudo borrado.
E então o sol se levanta!, e venho caminhando pela rua. E troco o abraço, deixo que vejam meus olhos, não me escondo apenas para mim, sendo-me todinha, e ainda abro o meu sorriso. Pois o sol também se levanta quando o céu está azul escuro e parece que vai chover - ah, sim, isto é quando o sol mais se levanta, posso contar nos dedos!
Uma vez eu escrevi em um caderno e o guardei bem guardado que até o perdi. Mas tudo o que foi escrito é.
O sol também se levanta quando ando com meus pés tão leves. Quando observo minhas pequenas mãos. Quando me permito falar sem dizer nada. Quando só respiro sem sentir o cheiro.
E todas as portas se batem, mas é tudo tão raso que destoa e parece que vai apagar mas fica marcado. Deixa-se ir. Volta a ser quem se é. Perde-se um dia inteiro em um livro. Agradece aos pés. Cria uma coragem absurdamente brava e repica o cabelo de modo que ele fica sob os ombros. E dá de ombros, e então deixa para lá.
Sabe, outra vez eu peguei um espelho e vi tudo o que é. Não era o que estava, não era o que seria e não era o que foi. Era apenas o que se é. Eu senti um sentimento tão profundo e grande que ele parecia pesado, como um oceano muito azul escuro, e então eu notei que quando o sol se levanta o mundo é todo azul e que eu escrevo muito esta palavra porque ela é o que sou. E, assim, perdida nas palavras e folhas e letras e palavras de novo vou me sendo e sou-me e sou eu.
Afinal, o sol também se levanta!
28 de mar. de 2016
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