Meu encontro com Oscar Wilde sempre esteve previsto a acontecer, como diria Mark Twain sobre o cometa Halley. Muito antes de anoitecer, muito antes de nascer, mesmo antes de acontecer.
Em um encontro com Oscar Wilde, deixo-o ser quem ele é, pois ele muito me interessa. Aceito suas sugestões. Presto atenção em suas conversas, que para mim mais parecem palestras, com o olhar fixo no horizonte, enquanto imagino coisas e vou criando vida.
Meu encontro com Oscar Wilde teve sim sua capa preta. Seu cabelo comprido, seu queixo esticado e seu olhar distante. E todo o luxo bobo da sociedade - porque este, este deixamos para trás. Falou-me das aparências, das influências e das más influências. Falou-me dos pais. A sociedade e sua hipocrisia. Estamos aqui, com nossa ironia. E, assim, o mundo vai.
E vem o dia chuvoso, toda a neblina que foi pintada no céu. Molho meus pés sem querer, reclamo e sinto-me viva por dentro, porque como são prazerosos os dias de chuva, criação e poesia!
Meu encontro com Oscar Wilde vai chegando ao fim. Sobram os livros, as escrituras, as folhas soltas, a minha caligrafia, as aulas fascinantes, tudo o que aprendi, as coisas que esqueci e o meu olhar. Tudo colocado em um quadro negro, que ganha vida ao habitar meu coração.
Meu encontro com Oscar Wilde lembrou-me minha rebeldia. Reforçou-me alguns conceitos. Deixou mais leves algumas crenças. Preencheu minha alma que sequer sei se existira para sempre - sei que ha, neste momento agora.
E isso tudo aconteceu na esquina de uma universidade, sim, em um dia de chuva, alias muitos dias de chuva, e frio, e vento, e a capa de veludo preta de Wilde, e meus livros que caem no chão e o teatro, na esquina.
O teatro. Na esquina.
Oscar Wilde gostava de teatros. E eu e você também.
5 de dez. de 2013
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